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domingo, 15 de janeiro de 2017

MISTERIOSO LUGAR ( AO QUE CHAMO VIDA )

Passei varias horas ouvindo Clóvis de Barros, e sua filosofia sobre os mitos.  Desde Homero e a Odisseia, passando por Prometeu, que a Terra criou, até, e sempre Platao, com seu eterno desejo não consumado.
Depois, adentrei pelo mal que existe na filosofia, e enfrentei, de novo, os gregos que existem em nosso presente, com sua utópica visão harmônica do cosmos, e Kant estabelecendo condutas morais, para todas as virtudes encontradas no comportamento humano.
Não preciso ir muito mais além, para entender o eufemismo das atitudes do homem.  Sua eterna carencia e procura, desejo pelo não alcançado, e necessidade de estabelecer metas, que lhe dêem um sentido à vida, desprovida ou não de valor.
Sinto-me pequena frente a todos os aspectos de pensamentos que devam orientar, com certeza, minhas linhas de conduta.  A filosofia existe para nos ajudar a reconhecermos nossas proprias contradições mas, absolutamente, tudo faz sentido.
Num desenho perfeccionista do universo, ele se faz infinito.  E, nele, seres humanos são fabricados às imagens de deuses, criadores da raça humana, que também é por eles escolhida para seguir a procriação.  Caos, Gaya, Zeus, donos dos subterranêos, força e Terra, ainda assim presentes na nossa constelação, mortais.
A atração pelos corpos é vivida em toda a sequencia dessa narrativa, criada, desejada, verdadeira imagem de nossos sonhos e compreensões.  Humanos criados, tampouco para serem os que se apagarão um dia, nao mais.
Conhecemos todas as verdades e labirintos desses meandros filosóficos que nos lembram, em varios momentos, a tragedia de Hamlet.  Ser, ou não ser, derradeiro questionamento do eu humano.
Começo uma nova semana, e o dia se abre.  Frente a pequenas vicissitudes da vida, a pergunta se torna desnecessaria, infinita.
Numa dimensão mais existencial, aqui estou, e me percebo.  Onde estou, e qual o meu caminho para lidar com a dor.  Ao prazer, respostas são dadas.  Tentá-lo não fugir de si, enquanto existi-lo.
A dor é mais sorrateira.  A ela não nome, e uma identidade que perpasse os subterfugios do consciente.  Em não a escrevendo, maior.  No papel, mais solidaria, sempre o mesmo vacuo.
Há anos, lhe procuro antídoto, e vago sem respostas.  Face a minha incapacidade de atingir um pragmatismo inerente a processos, de mim não dependentes. Minha empatia, como de vezes sinto, não se volta ao homem da Tabacaria, muito embora meu pranto o convença de que ali estou por ele.
Deixo-me enganá-lo, pois minhas palavras não devam mudar o destino.  Estou irremediavelmente so, correndo por um rio de águas turbulentas, ora calmas, paradeiro em lugar nenhum.
Espero os minutos para me fazer coerencia no papel.  Como talvez acontecesse com Pessoa, que ainda carregava seus heterônimos.  Sei que a comparação é grandiosa, pois sou átimo frente à grandeza do poeta.
Mas me vejo a ele como ser, coração pulsante, materia que deriva a vida, encontrando, aqui e ali, um momento de sustentação.
Não fora Pessoa, e estaria muito mais só.  E seu eterno grito de liberdade que me faz companhia, desde a adolescencia.  De crédito a efemeridade, e a certeza de que a solidão humana é prerrogativa para existirmos.
E o poeta, visionario, já tinha, na escrita, seu pulso firme, e o imagino, como Van Gogh, a procurar motivos, fontes de sua inspiração.
Todos os genios devam ter sidos muito sós.  Irremediavel e completamente.  Ao ponto de declamarem para sua única plateia, ou de pintarem cores em um frenesi, que só a eles lhe diria algo.
Então, porque escrever ?   Porque a coerencia deixa de ser um pressuposto.  A vida, um fio tenue entre a insanidade e o que. As palavras, simples deleite do que sobreviverá ao processo estético.
O tempo, ao passar, e a incerteza do que valeu.
Meu amor.  Hoje começa uma semana. Que seja linda, em toda a sua dor.  Que não venceremos, pois que dela não agentes, apenas remediadores.
Mas ainda assim, o Sol, pálido, aqui está.  E me lembro de você.
Para lhe dizer que tudo teve importancia, ou não.  De que, absolutamente, o que é por nos valorizado não e tão vital, pois se segue junto à vida.
O homem da Tabacaria, talvez, lhe desse um abraço, em total estado de carencia.  Eu também lhe dou, em congruencia a ele.
Sete dias de descoberta, e sigamos juntos.  Para onde so se levam incógnitas, lugar misterioso, onde chamamos vida.


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