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terça-feira, 29 de setembro de 2020

MINHAS MÃOS

 A arte da sobrevivencia se espalha pelas minhas mãos

Jorra por sob meus olhos, e se encontra em minha face

Tento dela extrair os limites que conduzam a nau de mim mesma

Deixar que meus horizontes delimitem um paradeiro

Como as estrelas que vejo, afora, fixas, um referencial adotado

Brancas e pequenas são minhas mãos, suaves, capazes

Choram, afagam, e se apiedam,  tentando calar a dor, 

Sabem colher os frutos das alegrias dos tormentos termináveis

Bosques verdes onde frutos foram inspiração do desejo do fim

Vida, prece, que as mãos nem sempre têm escolha

Pelos martirios infinitos das dores carregadas ao léu pela humanidade

O que poderiam elas fazer ? Abrigar, orar, tecer, lavar

Para que eu tivesse mais respostas do que as tenho agora

Talvez alcancem o horizonte, não sei

A estrada é longa, mas me tenho a Eternidade, e parece pouco

Por ora o céu a contemplar desanuviou um pouco a minha dor.


quarta-feira, 23 de setembro de 2020

SILENCIO

Exploda-te em meu corpo em pedacos, peço-te

Arranca-me das entranhas o sentimento retido

A ansia acumulada, a frustração reprimida

O gozo contido, a lágrima que não brotou

A fala que não soube dizer porque as palavras

Não se bastaram, alcançaram seu propósito

Arranca-te a vida que habita meu ser

E se transforma em dor a cada eco

Aos murmurios do Sol que bate

Nos prenuncios de uma nova estação que chega

Em rompantes do fulgor de um novo tempo

Que me atravessa, consome e pede

Para ficar em mim, que da vida ensaio

Os sopros de virtude, no meu corpo cansado

Na minha alma que chora, num reduto 

Longíquo, na minha procura, que se faça silencio.


terça-feira, 22 de setembro de 2020

AINDA ASSIM SOU ALGUÉM ( PARA FERNANDO PESSOA )

Um eco surdo retomba em meu peito e retorna como uma onda

Sons que se criam, destemidamente, fortes, potentes, e se esvaem

Como num suceder de tambores, tão e mais potentes

Desafiando o Sol, o canto tímido dos pássaros cá afugentados,  

Sabendo sua melodia, sem mais.  Sentar-me desse lado

Vivendo essa dicotomia, da cidade, o asfato grosso e imperdoável

Palpável na sua incongruencia, alheio à solitude dos cantos

Preso à pressa, atirado no lodo, desvirtuado de valor

Os pássaros ensaiam qualquer melodia, permutando sua existencia

Lânguida e sem temores, viva e cheia.  Correta, haveria de ser

Nela me preencho, pois meu instante de dúvidas pertence à sua música

Do que me sobrou, um suspiro do que ao exista nome, o singelo

Mais do que a natureza, um encontro vivo, sem pensar

Apenas sentir, sem medo, ou desafios, ou querer, sendo eu mesma.

domingo, 20 de setembro de 2020

AOS PÁSSAROS ( PARA FERNANDO PESSOA )

Saboreio a brisa que, carinhosamente, me entrega o vento à face 

Pássaros intercalam murmurios modestos, sonoros em sua presença

Serão eles sabedores de muitas falas ou, simplesmente, no seu cantar

O belo o é incomensurável na sua existencia, sem perguntas

Panteisticamente reverenciado e vivido, único som que se choque

Ao grito dos homens que correm sem paradeiro distinto

Com suas máquinas velozes, fuzis desgarrados, canhões de guerra

Os pássaros aqui estão, lânguidos, perenes em movimento

Com os Sóis às suas cabeças e vidas cobrindo seus destinos

Dedilhando a sapiencia do seu canto, sem pressa ou prece

Com astucia e coragem de quem preserva os sentidos

Por isso se lhes dedico um poema ao louvor, à sua voz de canela

Jeito meigo de ser, como se eu estivesse na roça, numa tarde perdida 

De um momento qualquer, fôra esse, presenteado com tais melodias

De tamanha soberba sonoridade, celestial ato do simplesmente ser.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

SOFRIMENTO

                                               calada                                  

                                                                         minha

                                 garganta

                                                    explodida

                                      em

                                                                     prantos

sábado, 5 de setembro de 2020

DESAPEGO ( PARA TALI )

                                       

                                           abraço

                                                    o

                                                 desapego

                                                         da

                                                         sua

                                                              ausencia