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sexta-feira, 29 de junho de 2018

DELIRIO

Cinco homens e um desejo, personificado em minha pessoa.
So voce me acarinha, no seu ciume disfarcado em promessa.  Correspondo, porque sei que que quero seu corpo, meu dominio, e sua vontade.
Leve-me, e serei sua.  Mas antes gozarei os olhares, e as perguntas contidas, mutuas em cada um dos rostos que observam, furtivos, as linhas do meu corpo, fantasiando um gozo proibido, ou nao, em sua imaginacao.  Diferentes, cinco homens, e eu, uma so mulher, a espreita, coincidindo-me em cada atimo do furtivo, um pouco de mim a cada um.
Brinco na minha feminilidade, na audacia do espontaneo, no jogo de palavras minimo, que sugere o porque de respostas.  Imaginem-me como puderem, despida a noite, jeans ao dia, esvoacando meus cabelos, namorada de um amigo.  Quem seria eu, se uma fila fizesse, e a todos beijasse com o prazer do gozo ?  Sem pensar em quem, apenas me entregando, sem relutar.  Porque sou mulher, e a mim basta e pertence.  Rodeem-me com agrados, e palavras simples e flores, pois quero cada um de voces, a seu tempo.  Os cabelos cacheados, o bigode moreno, a masculinidade, e o alcoolatra.  Enriquecem meu poder de cobica e entrega, e minha vontade de ser femea, transformada em delirio.
Meu amor nao nego, o esta com voce, e nem ao menos o pergunto, meu paradeiro.  Preciso do seu silencio e desafio, posse e sentidos.  De sua mao, que me envolva nos momentos certos, ainda que raros, mesmo que eu os faca lembrar.  Que lhe arranque os gemidos, aos prantos, e o sorriso, ao largo, eu que so quero que voce me abrace.  Junte-se a eles, no que de voce e unico, seu cheiro que nao conheco, mundo paralelo que vou cruzar ao meu, colidindo minha vida a sua.  Porque lhe quero referencia dos meus desejos, homem que me abrace, me faca sentir dono, na mais completa contradicao do ser.  Na sua incerteza e inseguranca, penetre na paixao e dela nao se desvie, me querendo nas noites de chuva e dias de Sol, somente eu, presenca e sina.  Enlace-me sem porens e decreto, porque vou estar la para me deixar levar.
Deixe-me pedir que gozemos juntos, varias, inumeras vezes, por nos dois. Cavalgar no meu ritmo numa viagem desenfreada, com voce como companheiro.  Nao me pergunte onde chegarei, de dentro de suas certezas.
Saiba que venceremos o tedio, a mesquinhez.  Que nao sonharei com voce, que estara presente, na realidade do dia a dia.  Seus cabelos me acarinharao, e seus pensamentos fluirao para meu ser.
Amor ou paixao, nao sei.  Eram cinco homens.  Adorei de que me desejassem.  Mas foi a voce que escolhi.  Assim, nua, me entrego, e e seu semen que correra por dentro de mim, desafiando meus sentidos.

sábado, 2 de junho de 2018

ÁGUA ( DE TEL AVIV À CELA DE LULA )

Talvez se eu tivesse a pena certeira de Fernando Pessoa, o que, seguramente, não tenho.  Ou o verso irônico de Manuel Bandeira.  O estilo decorativo de Olavo Bilac, ou passasse por alguma depressiva nuvem pelos céus de meus pensamentos, como Álvares de Azevedo.
Ou talvez fosse eu mesma, me recusando, ou não, a admitir de que a inspiração se me falha a vir à consciencia.  Ou se me venha a trazer perguntas existenciais e metafísicas, que me atordoarão o espírito, espantando meus leitores.
Por isso, queria regar um jardim, em vez de pensar nas bombas na Síria.  Mas os gritos das crianças sempre ecoam em meus ouvidos, enquanto a água ainda abunde no planeta.  Hipóteses darwinianas à parte, não sabe a causa do inferno em vida.
A Palestina bate à minha porta, sussura na  consciencia de todos os algozes que nela habitam.  Que não se iludam, não são só judeus.  O sangue de mortos é regozijo e prato de comida para muitas guerras, algumas menos expostas, na vida que segue um jogo.  Mas ainda rego minhas plantas, porque esse é meu destino, e dele não posso fugir.
Meu berço, pais, em frangalhos, destituído, pedindo a guerra no seu solo e ventre.  A quem a coragem, o amor ?  De onde as armas e para onde jorre o sangue, pois esse será o rio do desespero futuro, ja que nada sera devolvido sem luta.  O Brasil esta devendo ao Brasil, como ela, um dia, profeciou, e como ele o sabe, na sua diaria cela de cadeia.
O planeta passando por uma revolta ciclica, mais um começo de seculo aterrador e instavel, com ameacas de guerras mundiais, no meu jardim que quer água.  Naquela crianca que quer descer o morro para estudar, no homem que quer cruzar a fronteira para trabalhar, e no velhinho que quer tomar sua vacina.
Somos uma ridicula porcao de humanidade incredula, que teve seus bracos e pernas amputados, e seus sentidos dilacerados.  Por querermos o óbvio, que seria, simplesmente, o viver, e não mais.  Sem cobiça, mas com alento.
Quero sentir um ritmo desesperado de convulsao e desespero, me revoltar e gritar em desprezo a tudo que sufoca.
Conseguir identificar uma peça importante, num tabuleiro que se volte para um objetivo final, mais conclusivo e revolucionário, vindo da dor da entrega, e da constatacao da subserviencia.  Pois nao ha sentido a vida num mundo de seres humanos infimos.
Afetos que tentam, de alguma forma, abarcar a dor do que se ai esta.
Pensamentos que voam, dedicados, no Brasil, a figura de um grande homem, encarcerado por sua grandiosidade.
Uma inquietaçao profunda, num final de noite, como se dela Fernando Pessoa soubesse tudo, e eu nada.  Provavelmente, ambos soubessemos pouco, e ele so fosse menos angustiado do que eu.  Muito menos, pois, segundo ele, um dos problemas humanos estaria em nossa eterna procura por empatia.
Liberdade.  Nao apego.  Sofrimento.  Agua.