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sexta-feira, 13 de novembro de 2020

CADAFALSO

 Na solidão de um gemido que corta o silencio

Emudecido na garganta, um grito agonizante

Que se cala por rendição a impotencia

As células do corpo tremem como se lhes fôsse dado

O derradeiro destino cruel, longo e fatídico

A abdicação ao seu proprio eu.

Não existe calmaria para as dores acumuladas

Nem perdão para os sofrimentos escondidos

A vida repassa as calmarias e as tempestades

E retribui um solo árido de incertezas e cicatrizes

E a vontade de pairar, por sobre os montes

E calar a não voz do que já não aconteceu.

Mas a vida é meu destino, nas palavras um selo

Numa dor grande por seguir o amanhã

Facam como eu, diria o poeta, quem sabe do amanhã?

Que sei eu dele mais do que ele de mim ?

Que também sei cantar tão belamente em palavras

Oficio escolhido para se viver só, e sempre assim se estar

Pois se a solidão é o único jazigo das lembranças

E o derradeiro sitio onde não mais há alguém 

Que bá terras de pântanos sombrios

Porque hei eu de esperar misericórdia

Se a verdadeira faca está em minhas mãos

Grito a liberdade que me circunda, mas a vida me toma

Cede e cansa.  Eu sou o verdadeiro cadafalso

De meu precipicio, e a dor aniquilará meu pensamento

Romperá as fronteiras de minha dignidade.