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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O CANTO DOS PÁSSAROS

Tristeza que vai e a poesia que vem, como numa gangorra

Altos e baixos da vida, no Sol que se permeia lá fora

Entre as nuvens da escuridão do pensamento que segue sombrio

E traz a dor à baila, e perpassa a escuridão dos desesperos

Que ouvem a não presença dos pássaros e a choram

Mas sabe um cantarolar tímido que ainda cubra um sopro 

E é o homem agressor, mais uma vez belicoso e atormentado

Ferindo a terra, expondo as vísceras, e tomando de mim

Que me choca à languidez da inercia do que está e volta

Aos meus ouvidos como uma benção, a me lembrar

De que hoje os pássaros cantaram, e ninguém calou sua voz.


quarta-feira, 7 de outubro de 2020

AS LÁGRIMAS

A dor no peito lança chamas.  Eclode num pranto de uma recordação aguda, intensa, fotografia do passado.  Lamento que dura alguns minutos, não suficiente para estancar as raizes do sofrimento.  Como se pudéssemos removê-lo.  Ele é árvore fincada, que produziu frutos de amargor vida afora, com seus retratos do momento, outrora fosse hoje, inacreditavelmente concebido.
Porque choro ?  A inutilidade das relações desgastadas e mortas, completamente adoecidas.  A proximidade da loucura que me conduziu a um ato não menos, inacreditavelmente, despojado.  Há momentos em que decisões são tomadas sob o fio da navalha, parcos vestigios temos de nossas existencias.
Os prantos têm a propriedade de acariciar nosso coração e nos conceder um indulto. Resgatam-nos nossa fragilidade e pureza, e regam as flores carentes que se perderam, em nosso caminho.  Fazem companhia à nossa solidao, e se bastam.  Sao belos.
Almejaria eu chorar muito. Uma fonte de lágrimas, talvez muitas horas.  Expurgar as areias movediças que enterram sentimentos acumulados, e trazê-los à baila.  Deixar vívido o momento do corte feito à carne, eternamente vivido com magoa e surpresa dos sentidos, e com o remorso acumulado da consciecia pendente.
Os prantos são escassos.  A dor que se esvai, incontida em soluços, acontece parca, embora redentora.  Vem como um jorro de absolvição, e é bálsamo, sentido em meu corpo.  Ousaria eu querer mais, sempre.  Lágrimas, caindo, escorrendo, por mim.  Que não me deixassem.  
Eu seria livre com a tristeza das lágrimas.  Elas são parte do meu corpo.

 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

O VAZIO DO ESTAR

Existem tormentos que não possam ser compartilhados

Vozes do ventre que ficaram dispersas num passado perdido

Lembranças equivocadas de uma infancia lúdica

Os dias eram doces, e o sorriso fácil resplandescia

Hoje, por entre as faces, o escarnio toma conta

Como um lamento desfigurado, um ciúme descontrolado

Mais uma cena, um engôdo desapercebido pelos sentidos

Quisera eu tudo fosse mais mais límpido e puro

Simples e sem artimanhas, tão menos sofrido

Mas não tenho a dor que perpasse a culpa por não saber

Subjugue a fraqueza da vontade, maior do silencio

Do que resta, tão maior do que qualquer vazio.