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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

IMPOTENCIA

Por entre as raizes, segue imberbe a impotencia.  De não podermos calar nossas vozes sendo, ao mesmo tempo, enforcados pelas cordas de um destino que insiste em nos subjugar.
Não nos calemos, arrefecendo no contraditorio mundo de mentiras e desigualdades.  O momento, preciso e certeiro, é de revelar toda nossa dor indignada.
É o pão do pobre e a fartura dos ricos, a sede de poder e exterminio.  São cérebros flutuantes num oceano de ganancia e injustiça, mentes dormentes para com a existencia de sua propria especie.
Crianças nos becos, tiros perdidos, e a favela que desce seu morro, num samba de horror.  São os milhares de assassinatos que pedem clemencia.  E minha solidão que chora desesperada, na impotencia de se saber pequena.
Ouçam-se as vozes, martirio do destino.  Enforquem-se os traidores lesa patrias dos sonhos.  Tudo será como uma nuvem, vista à distancia, a sobrevoar o planeta Terra.  No mais distante o errante navagante, quem jamais te esqueceria.
Desçam-me lágrimas, tão doidas como a insurreição de meus sentidos, não dormentes face a tanta crueldade.
Espalhem-se sementes, brotem flores do compromisso com o amanhã.
Povo desgastado, rota sem rumo, esperemos a insurreição.  Reinvidiquemos nossos direitos perdidos.  Choraremos a casta dos lamurios que se perderam, num tempo incontavel.  Somos apenas humanos.
E por tal, a identidade não se manifesta. A morte não é pano de fundo para com o livre pensamento.  A ganancia toma seu aspecto mais assustador e virulento, do qual tenhamos noção, em nossa sensibilidade.
Gritemos o coro da rebelião manifesta, e os pedidos de censura. Voltemo-nos às mesas servidas com pão, e regadas com agua limpa. Concedemo-nos o privilegio de construir um pais rico em cidadãos, não parte da usuaria do abjeto incompreensivel.
No alimento que falta, na saude que se nos esmigalha a olhos votos, e na vontade de não recusar os gritos incontidos, peço.  Levantem-se a moral e a dignidade aos olhos de, aquem, as mereça.
Num grito de dor, e a consciencia que derrama lágrimas.  Numa bala, um adolescente que jorra sangue.
Na minha vontade, o acordar do pesadelo em viver.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

VIDAS CEIFADAS ( REPUDIO À TOGA DOS GRANDES MALDITOS )

Inexplicavelmente me deparo com afetos reproduzidos à sequencia dos dias.
Pois se, do ventre de mulheres já rasgado, surja um alento de esperança, que sucumba à atrocidade de seu algoz.
Mortos fetos que se entregaram à ganancia de um desejo doentio de um artista vil, dominado pelas doenças de suas próprias entranhas.
A ele o merecido caminho do cárcere perpétuo, e escuridão de seus dias contados.
Surpresa estarrecida aos olhos dos que a ouvem, abre-se a luz do dia a mais um assassino.  Decreta-se a liberdade a quem matou sonhos, e sorriu o desafeto de seus proprios desejos.
Medonha a mão que ceifa a justiça, no seu eterno clamor por ganancia e impunidade.
A toga clama o direito dos opressores, e tece suas armas contra o bem maior, a criação.
Onipotente em sua crueldade, na figura de um magistrado, não menos criminoso do que um assassino que decorou velhas lições ministradas pelos maiores delirios contra a raça humana.
Conluio de poder, equação simplificada de métodos de barganha, onde a desonestidade é o polo maior, e a empatia a vida um velho jogo de cartas marcadas.
Toga conhecida por seus inúmeros e diversos arbitrios, eu a calo.  Pela sua pequeneza, e vontade de que seu argurio seja, infinitamente, mais doido.  Na esperança de que sua propria carne lhe devolva as chagas que só o arrependimento tardio possa proporcionar.
Do seu escarnio, extraio o opio da indiferença à sua postura magnânima, facetada na personalidade do abjeto e incompreensivel.
Criminoso em negro, desejo-lhe a sucessão de dias malditos.  Na falta de pão e leite em sua alma, e pelas vidas que seu espírito cúmplice ajudou a tirar.
Da justiça, revelo meu sonho.  Sua eterna absolvição a corte dos que o já o condenaram.
Chaga, espalhe seu câncer somente sobre seu corpo, reles, indolente, factivel de compreensão e respeito.
Expurgo-lhe do mundo dos homens, do qual houvera voce participado.  Morra sua alma, sem flores.  Calem-se suas células de horror.
Haverá o momento do ajuste de contas, doido e esperado, nao reles em sua concepção.
Para voce, já não mais vida, meu desapreco para com sua morte.  Minha indiferenca pela sua loucura.
Minha negação ao seu pertencimento ao mundo dos homens, escoria de carcaça viva.
Sorrio, no meu mundo onde as flores presenteiam as mulheres.  Novamente, clamo pela justiça que chegará, e tento acalmar meu coração em desalinho.
Você já morreu e, nem ao menos, lhe matei. Esvaiu-se em sua própria vida, à procura de um sentido.
Pelos úteros sangrados, à força de seu despotismo, às trevas lhe condeno, sem ida ou volta.
Minha escrita abafa, de um pouco, meu grito.  Mas não respondo por muitos gemidos que, ainda, ai estão.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

ABNEGAÇÃO ( DEDICADO AO REITOR CHANCELLIER )

Sinais se aproximam da consolidação da ditadura.  Estão nos ventres malditos, dos que não expurgam o pus do odio.
Pela lembrança de corpos que ardam em chamas, nosso grito é maior.  Não sufocado nas entranhas de nosso espírito, galgando forte, por entre a força da impotencia não contida.
Levantem-se, homens, e saudem o retrocesso ao poder, migalhas atiradas pela tirania dos fracos.  Aqueles que se venderam a um passado de contas justas com os espíritos do mal.
Não calaremos nossa voz forte.  Se a vida carece de um bêbado que se entorpeça num momento de desvario, nosso sangue se equilibrará as mazelas do que não foi dito.
Cantem, sempre e mais, para que não nos esqueçamos da vida que não passou, em seu desalinho com o presente.
Sentenciem-se mortes, e nossa força será maior.  Em empunhar as armas que derrubem o poder, flagelo dos que só sabem oprimir.
Juntemo-nos todos num coro de coragem, metaforizando a luta diaria do que é a miseria, que se abate sobre os corpos.  Negados o leite, subvertamos a consciencia do oprimido.
Um corpo jaz após sua queda. Conta-nos a estoria de uma vida que se foi, velada.  Um destino ceifado a foice por ávaros.  Pronto a abrir mão de seus momentos futuros, a existencia não vale o sofrimento.
Mas, em não me morrendo, celebro meu hino.  E é o show de todo artista que deve continuar.  Pois se, tanto da morte em vida, a lição e a mesma.  Justiça e dignidade, a todos, sem exceção.
Embora palavras e seu sentido utópico, a esperança é verdadeira.  Vá-se o mundo dos homens, pelo qual tenho uma esperança, minimizada pela força do sabor de meus dias reais.
Apoiem-se em mim, crianças, e sigamos num mundo lúdico, cantigas e orações.  Esqueçamo-nos do não vivido, num momento de deliciosa ternura.  Valores e prepotencias, juizos e escarnio, a nos não impostos.
Dias de alvorecer, sem pena.  Relvas que frutifiquem.  Distancias mais próximas a corações anuviados.
À voce que dedicou a sua vida a sua propria estoria, obrigada por sua abnegação.  Que as sombras do futuro ardam em nossa memoria.

sábado, 2 de dezembro de 2017

FIM NÃO MENOS COMEÇO ( ENCERRA- SE 2017 )

Tateando as vozes do escuro, se preciso fosse, somente uma respostra encontraria.
Não sei do que sou eu, sem meus fantasmas e fantasias, e lúdicos sonhos do que o, supostamente, não o é.
Remetendo-me a figuras, seu rosto me aparece, em perguntas.  Pelo simples desejo do não apego, opto em olvída-las.  Na sensação de um tempo que se passou, dividindo-se nas metáforas da existencia.
Ano que naufraga, caudoloso em seu rio, do qual extraio as reminiscencias do ardor vivido, e da realidade desencontrada.
Símbolos de fuga, não mesmo dentro de mim mesma, correndo pelos espaços da procura de um abrigo entre as sombras das dúvidas que virão, e meu eterno porvir, pelos acalantos que ja não mais existiram.
Fecho-me ao meu redor, e indago da vida somente o posto, sem desalinho.  À mercê de um futuro que grita, em lágrimas que não me consumam.  Deixem-me viver os momentos como se fôssem derradeiros, ainda que predestinados.  Subir aos montes, e de lá ver uma grande paisagem que se oferte, segura e calma, sem ecos de resposta.
Apenas viver, no somente o óbvio, sem grandes sementes de tristeza, ou ventos fortes de alegria.  Numa nau balenceada à procura do horizonte, sem apego aos humanos, ou a nada que se me desfaça.
Como mulher, mãe e ser humano, única, presente nas viagens inconscientes, nas quais à deriva não ouse abarcar.  Tendo sido, e sempre possa, um poema de menina.  Para cantar o belo, que insista em se disfarçar em breve lamento, ja não sem medo.
Mais um ano que se termine, em sendo inteira, bússola que desafie minha razão de ser.  Estendam-se as mãos de fora do pensamento e da utopia realizada, e continuarei meus passos, vagos, por ora, ou certos na sua posse.
Finde-se ano, e louvarei a mão do destino a me trazer força em construir meu arado.  Saudarei aos velhos anciãos, ja dormindo em suas covas, e nao me esquecerei do trajeto intransponivel que me levará à morte.
Assim, e sendo, nada mais faço a contemplar minhas palavras doces, das quais extraio um infindável senso estético, que me perpassa.
Do muito que olvidei, me calo.  Das tristezas acometidas e o peso da existencia, me faço leve e fluida, como uma pluma que se desloque, indefinidamente por seu redor.
Morri nas vezes em que nasci, mas ainda escrevo e perjuro lágrimas.  Foram-se muitos, e o mundo se acovardou.  Eu sobrevivi ao opio de uma geração estarrecida, mas cheia de sonhos.  Ao mal que a mão do homem projeta em seu semelhante.  Aos cursos infindos de maldade e destruição.
Dancei uma valsa, e bebi o fel dos velhos.  Apostei na corrida dos tempos, que reproduzem minutos, velozes.
Estarrecida, contemplo a vida que segue.  Farta em minha mesa, não a sendo mundo afora. Feliz pelas flores que vejo, à minha frente.  Sempre em contradição com meus sentidos que mentem, e a covardia do valor em ser humano.
Devo concluir, assim  como se encerre esse mais ano, sem derramar palavras de alento pelo papel.  Clamando amor e justiça, eu, que sei tao pouco.
A ouvir as vozes do silencio, a mim e, tão somente, me bastar.

sábado, 4 de novembro de 2017

PROJETO EM VIDA

Tateando sobre as lembranças, me sigo acordada aos momentos em que vi.
Verbos do sentimento, o gostar não é espaço fluido, mas resultante de um passado que se foi, em minutos não contados.  Esvazia-se no ardor de átimos surpreendidos, e ousa se perguntar o futuro.
De quem possa, a quem sirva a certeza.  Nada do que acontece nos predestina à continuidade.  Somos finitos, em ação e pensamento.
Aproxima-se uma data, tão somente, festejo de um acaso, rápido, não menos cristalino.  Um ano se passando, veloz ou lento, no que se foi.
Filme à parte, lhe diria adeus no momento certo, acabado o enlevo, na volta à realidade.  E, assim sendo, não consumiria a paixão do desencontro, eco sem respostas de meu proprio transtorno.  Tão mais facil seria simplesmente me desligar, no cultivo ao desapego, e enfrentar, lindamente, a magia do desenlace, tão forte e sentida como dois corpos que se tocaram.
Vivendo sigo a contar os minutos do relogio que me separa da eternidade, agora já com menos medo.  Dos minutos que não acontecerão sobre as rugas de meu rosto, sofrido e adolescente.  Na presença tenue de uma esperança constatada, apenas na fertilidade do que chamo vida.
Cultivando a paixão do que é belo, me curvo ao silencio das emoções perdidas, e do choro incontido, que regou lágrimas de carencia.  Fruto total, o verde da grama e forte aos meus pés.
Um rio que segue, menos caudaloso, mas completo em sua essencia, agua que banha, e sentimentos que não se perdem.
Galgando não chego aonde poderia, porque as estradas continuam em suas vertentes, desafiando minha lógica e querer.  A escrita, mais esparsa, ainda acena seus braços às minhas contingencias, e me sinto louvada.
Tal fora eu, nesses momentos em que as palavras traduzem muito mais do que meros afetos.  Jogam uma luz de sapiencia na vontade de meu viver, e me revelam segredos escondidos no mais fundo de meu ser.  Entao me dispo e encontro, a mim que não conheço, somente nesses vãos redutos de troca com meu interior.
Torne-me plena a mim mesma, porto seguro.  Venham as lembranças como cálices, onde estarei aberta.  Revelem-se, em mim, segredos do que eu não sabia, talvez por minha propria pequenez.
Continuarei junto a uma procura infinda de desafios, muitos deles intermináveis, para que me sinta o aqui e agora.
Respire, dentro em mim, o direito à fuga do tempo e espaço, para que me sinta livre.  Sem medos do que virá, apenas pulsando.
Menos só do que estivesse, separada não menos do que meu projeto, em vida.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

YOM KIPPUR ( DIA DO PERDÃO )

Yom Kippur, dia do calar, sussuramente me vejo.
Entrego-me ao perdão dos dias não contados, nas vicissitudes da vida.
Do que almejei, ou não, entre tantos caminhos, os que desembocam.  No terno a procura, indisfarçadamente minha essencia.
Num ano que se passou, lépido e, ao mesmo tempo, vagaroso.  Nas perguntas sem respostas que enfrentei, no meu caminho aos dias.
Vivi a retomada da escrita, meu bem materno, loco de construção, fé inabalada.
Voltei-me às circunstancias do que é fato, em sua inteira responsabilidade.  Não me calei, nem poderia.  Segue a vida em seu compasso, e me faço parte dela, que me venha em seu melhor.
Na busca de novas descobertas, poderia eu ser outra.  Cravo, em minhas imagens, a sombra de meu proprio destino.  Que seja límpido, na lembrança de um eu verdadeiro.
Tantos percalços quantas as alegrias, em tudo dependendo do prisma adotado.  A vida, por si sò, um ganho, nada a esconder, somente o desejo de que se estenda, o quanto possivel se melhor.
Calo, pois as palavram esgotam minha procura.  Pouco sei, nessa nau que me impele adiante.  Sou o produto de um passado obscuro, e um presente que sabe a vida.  Densa e tenue, calorosa e arredia, a encher-me os olhos com a ternura de uma menina, e a sapiencia de uma anciã.
Duvido dos momentos de volupia, inconstantes.  Anseio a busca por margens plácidas e devaneio, tão somente.  Sem a dor no desejo, e a ferida do inconsequente.
Sussuros de prazer me tomem.  Auroras do porvir me embeveçam.  Claridade e luz, onde so há sombras.  Um derradeiro encontro ao fatídico, que se sobrepõe à beira dos anos.
Exista o perdão para cada ato dissimulado e sofrimento causados.  Foram pela ignorancia de saber o meu ser.
Calem-se em mim as disputas por minha essencia, onde o belo, tantas vezes, se resguarde ao momento de entrega.
Vista-me a vida de cores, e me saboreie.  Entrego-me como quem ja não mais perdera.
Dê-me a serenidade das naus em sua calmaria, e das tempestades, em sua grandeza o término.
Mais um Yom Kippur, nas promessas sem nome, evangelhos da escrita, nas leituras dos oráculos bíblicos.
Sobrevivi, e me vesti de esperança pois, não outra, a opcão, em seguindo viva.
Abrace-me o correr dos dias em minha sorte, rosas que se abram a seu tempo.
Num doce murmurio, exalo o perfume de meus pecados, em me continuando inteira.  Parte que é vida, tão somente, ao perdão do que já se foi.
Mais um ano a se abrir, na morte que chega, e nos dias que se espraiam.
Vivi, em sendo feliz.  Chorei, em sentindo a falta.  Perdoo-me pelo não saber, função predestinada ao mundo dos homens.
Entrego-me ao vulto do silencio que há lá fora.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

UM CORPO DE MULHER ( DESEJO QUE NÃO CALA )

Foi quando me vi olhando para o perfil do corpo daquela mulher, que se movimentava à minha frente.
Saboreei suas curvas e cintura fina emoldurada por um training preto, que a vazão da performance não escondia.
E sorri, acompanhando as nuances de um corpo fresco, trajes negros, a se movimentar.
Sua escultura me serviu de deleite a prescrutar, em minha imaginação, quais olhos serviriam à majestade daquele corpo esguio.  E não lhes imaginei, até o momento em que os cruzei, ziguezazeando-nos pelos desfiladeiros de um supermercado.
Pego-me, ainda, relembrando minha busca por um corpo feminino, pernas, deslize no andar, e minha descoberta, ainda que tardia, do aflorescer de um desejo inconteste.
Clausulo em fantasia, abro-me à medida em que meus sentidos não traiam, e meus afetos sejam, apenas, o desfrutar do prazer, sem enganos.
Minhas definições esbarram no medo da entrega, não menos a caricia do que poderá o contumaz trazer.  Um receio doce, por vezes aflitivo, em me descobrir meio ao avassalador que virá, ou não, trazendo o terno enlevo dos afetos cometidos.
Não mais pretendo desvendar o óbvio, fruto do desejo.  Mulheres são fonte de prazer e, nisso, sendo seu preço.
Ela resvala, límpida, no seu andar descompromissado ao que a cerca.   Eu a devoro em suas curvas, sem um rosto que me defina, mais ou menos, a atração.
Olho um corpo que se me destaca, e ele me sussura prazer.  Dele exalo, e me completo, assim sendo, desejando, em todo, uma mulher.  Aberta a essa confissão, destino do que, talvez, me aguarde.
Entrego-me ao fortuito de minha descoberta, sem mais pensar, acatando-me à realidade do que me pulse, nova descoberta.
Na verdade que existe em mim, extraio um casulo de esperança.  Quem sabe conhecerei o amor, ou o deliciar de momentos de enlevo.
Perguntas sem respostas, num principio em que não ha cartas marcadas.  O proprio desenrolar da vida dando sequencia a estorias, talvez acabadas, ou não.  Força em que se acredita, e sabe o melhor.
Vou rumando em meus dias, cultivando a sapiencia da esperança.  Do cultivar, em sonhos que voem a terra plana, não distantes do seu prumo.
No equilibrio entre a volupia e o terno, na busca da serenidade, onde há paixão.  No desejo mudo, em vida.  Sabe-se lá a que caminhos me levarão.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

ABORTO

Abarque meu corpo, e se junte a células que se fixarão em meu útero.
Somos dois, até o momento de minha derradeira escolha.  Não é o momento nem, tampouco, a vontade.  Se, de mim, o não poder, optarei por minha chance.
Não significa o presente da dor, nem a dadiva dos escolhidos.  Simplesmente um destino que se cumpre, árido em sua proposição real, ainda que certo.
Sonhos não existirão, muito embora a essencia do ser me pulse, ainda que inteira.
Tomo, por mim, a decisão que não ferirá minha propria ética, nos contornos de minha vida que seguirá, na espera do átimo certo, em que me julgarei plena.
Meu corpo reclama a ausencia do que não será, pois se moldou às contingencias de um futuro incerto, predeterminado pelo pragmatismo do aqui e agora, que deva ser respeitado.
Sim, somos dois, pelo espaço de tempo que nos seja concedido.  Curto ou mais longo, numa simbiose que se misturará ao meu sangue, sobre o foice que arrabata a existencia contida.
A vida nos traz referencias lógicas, e clama a justiça da sobrevivencia.  Por ela, e não mais, somos o fato real, células vivas que se perpetuaram pelo tempo, não prontas à vida que virá.
Sinto a mim, por ter a possibilidade da opção.  Doida, ao se pensar no que não foi.  Espiritual e moralmente certa em sua não ambiguidade.  Forte e corajosa, sem olhar para trás.  Apenas bela, imersa em sua propria dor.
Caminhos são distintos, em rotas separadas.  Existem em seu momento de contemplação do real, e se fazem válidos à revelia de seu proprio impulso.  Nada há que criticá-los, esboço miúdo da vontade não perene do acontecido.
Assim somos, refletidamente, procurando respostas em vazios de tempos que já se sucederam.
O momento que existiu é vago em sua intensidade, não menos real ou condizente com o que há.
E, de novo, e meu corpo pulsando por dois, na trajetoria de um infinito que não acontecerá.  Na busca de uma resposta já dada a priori.  A vida é o que o corpo de uma mulher decidirá, não mais.  Por ela, e para ela, antes de tudo.
Somente vago, sabendo o preço da dor.  Que, seguramente, existiu, nas vontades não cumpridas das entranhas do meu ser.
Respeito o poder de minhas decisões sem, por isso, me isentar do desconforto de vozes que se calaram dentro de mim.
Pois, se não o fosse, estaria eu aqui a pensar, simplesmente, na ternura que envolva a supremacia da especie.  Contaminada pelas circunstancias, abalada em seus pressagios, carente das vidas que não obterão forma.
Não me penitencio, sem esquecer o obvio do que é sentir para não chorar.  Chorar, para continuar vivendo.  E viver, para propagar meu destino.
A vida, o acalanto dos que o merecem, muitas vezes furtivo, sem palavras.  Doce e esguio, como uma promessa a não se sentir, posto que não é vida.

domingo, 10 de setembro de 2017

SIGO INTEIRA

Procuro um lugar onde se esconda a ansiedade, em meu caminho tortuoso.
Vislumbro-o e a sede se faz completa, no terreno fértil em que minha vontade pulsa presente.
Mas não é única, talvez nem mesmo plausivel.  Meu medo chora, clamando pelo não trivial, em trilhas que sejam somente o destino.
Gostaria de bastar-me, sem dó ou piedade, numa certa bravura de contingencias não esquecidas, no limbo onde me equilibro, desejo próximo de todas e quaisquer aventuras.
O ideal surge como meta à priori, desvanecida pelas cores do cotidiano, que segue, ereto, não ao menos justo.
Pois, se de fato, me apraz,  seguiria eu os trilhos da bonança do estar em loco, ao mais sincero comigo mesma.  Mas o tempo resvala nas vicissitudes de uma espera que já não é mais o que sou.  Revelo-me com o medo de um futuro que me abarca, e dele não me sobre ainda que esperança do estar completa.  Flores que se despetelem pelo caminho, o importante é, um dia, terem estado presentes.  Para que, delas, não me olvide, e julgue o certo como predestinado.
Aumentam, dentro de mim, as forças do obvio que se obstina, quisera eu somente o lúdico, parassem os compassos do relogio que me atormenta.
Dê-me fé, da qual dela me nutro, e anseios, não menos justificáveis.  A água que envolva meu corpo, e o crédito de minha boca embargada.  Rezo por um sorriso, já não me importa daonde sua procedencia.
Deixe-me ficar ao esmo, olhando, por entre as frestas, a alegoria do ser.  Sentindo certa ternura, e embalando minhas virtudes.  Na segurança fragil de que as opções se completam, no desafio dos dias que correm.
Vá-se medo, posto que é finito.  Aguce a chama do pranto incontido pelo não saber.
Faça-se criança a cada desejo dado, e contemple-se o jardim de possibilidades infinitas.
Pois se, assim o sou, o Sol surja pelo cimo de um horizonte de montes calmos, e nem mesmo a memoria se faça complascente, embora finita.
Galgando vou, pelos degraus da incerteza, destino fertil a permear o compasso de meus sonhos.
Aqueça meu coração a alma dos divagadores, num murmurio cálido de paciencia que se baste.
Aos céus os montes, a mim a vida, que segue miúda, em toda a sua intransigencia e deleite.
A saudade do novo me compõe, e me penso inteira na contradição do que houver.
Angario forças, e não mais escuto meu lamento.  Sigo-me inteira, por decidir meu destino.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

MEDO DO PRAZER

Parada e estática, aguardo o rumo dos acontecimentos.
De um lado um rosto lindo, e a aparencia de um corpo jovem, a esperar meu contato.
De outro, o meu simples medo da entrega, mesmo fortuita, calculada, não menos doce.
Dois mundos a me separar, o mesmo transtorno.  Que potencializa as emoções, levando-as ao cume da insanidade.  Não mais as quero que parte de mim, sôfrega ao sabor dos ventos.
Aguarde-me, tão somente, a calmaria e a boa venturança dos que se sabem contidos em sua razão, tão pouco não abandonados.  No que a espera seja somente uma contribuição ao prazer, doce.
Rendam-se, dentro de mim, as forças que exponenciam as paixões de encontros multifacetados, e dominados pela emoção.
Já não mais parte de mim, onde respiro.  As vozes quase se foram, e meus diálogos existem no encontro a mim, sem subterfugios.
Não quero mais a ganancia da procura de corpos, em frenesi.  A não necessidade de palavras que substituam o óbvio.  Estou eu, concisa, arrancada de onde os afetos me joguem, aos braços de uma total irrealidade.
Paro e contemplo um rosto.  Lindo em sua forma, ousado no seu olhar penetrante e boca macia, doce enlevo de um beijo.
Pergunto-me o quanto a quero sem, absolutamente, vivenciar uma resposta.  Seus seios são pequenos, cabelos longos, e minha procura é cobiça.  Do que é não fácil, e se rende em mim.  Vontade inconteste de ser penetrada por meus sonhos, no medo arduo ao segui-los.
O silencio traz lacunas e, nelas, as interrogações da incerteza.  Prefiro-o assim, espreitando minhas dúvidas, saboreando meus sentidos, e me tornando mais verdadeira.
Banhe-me de ternura e volupia, e assim me entregarei.  Na certeza única de que não caminho só, nos labirintos de mim mesma.  Beije-me aonde lhe pedir, e ajude a descobrir um vocabulario somente feito de desejos incontidos.
Apaixone-me na medida certa, sem preconceitos ou perdão.  Deixe-me viver a fantasia do junto e agora, contada em minutos intransponiveis.
E, por fim, goze comigo a verdadeira sede, da entrega à sabedoria do não mais, em sendo agora.
Fecunde-me o sonho da não exigencia da possessão, em seu limite lindo do alcançado.
Sejamos, juntas, uma só, num orgasmo que se abra em uma rosa, que se despetale no momento presente. Vivamos a ternura e ganancia do saborear os sentidos, em nos galgarmos a existencia do ser.
No meu medo, suave, refreado, meu corpo que pulsa, em sua sede.  Faça-me vida, ate não mais poder. Dali, a poucos passos, o limite incontestável da certeza.

sábado, 29 de julho de 2017

ESPERANÇA

Pudera eu transferir os sentimentos de que sou possuida vida afora, o faria.
Provavelmente contaria da nau sem destino dos homens, e da bravura e essencia em nos fecharmos em nossos casulos.
Diria sobre a admiração que o é a aceitação do que somos, primeiramente para com a nossa propria existencia.
Avançaria mundo afora, perdida em reminiscências, na vontade de notivagar imagens de um passado, já transposto em minha memória.
Galgando rotas desconhecidas, na procura do meu eu, verdade suprema ao que se dedique.
Deixaria ao lúdico o lugar de amigos, inconstancia na sua natureza, verdades tão simbolicamente mal engendradas.  Somos complexos, ainda que humanos, e decepções resultam que parte do processo vital, no encontro com o outro.
Afagaria com minhas palavras, se lhe soubesse um antídoto para com a dor.  Promessas, ainda duvidosas o fôssem em sua execução, na minha falta de controle das variaveis à minha volta.
Nada mais seria do que o viver, enfrentando os percalços de cada descoberta, rosas com espinhos.  Onde a simples presença do amanhecer já se faz momento constante de não indagações, apenas deleite.
Não posso me ser outra, que voz subjacente, ainda que ecoe.  Razão dividida, em que pesem diferentes legados e experiencias.  Vontade suprema no ser mãe, tentando alcanaar uma voz, ainda que no escuro.
Briguem-me as certezas pois, dentro de mim, sou, tão somente, impotência.  Muito embora arrimo, o desafio se faz cumulativo, ao longo dos anos.  Minha força de perdão inabalável, embora não expressão da força de que gostaria.
Deixo-me.  O gigante que vive à boca da noite me traga e, dele, esperarei os raios de Sol ao nascer do dia, correndo como um rio que às suas aguas desaba.
Pois nada existe de mais caro do que a sutileza do amor de uma mãe pelo seu filho, e a vontade imponderável de que, na rendiçao, fronteiras não existam.  Há um continuo simbiótico do ser, onde todas as feridas se mesclam no mesmo sangue, e exalam a mesma dor.
Deixe-me ir, fardo, e nos alegre o coração com ternura.  Serei eu a mesma a esperar os bons ventos com afeto, ansiedades diluidas em languidez.
Talvez, deduza você, que caibamm as incógnitas se fazerem parte da vida, na sequencia natural de descobrimentos a que essa estrada nos propõe.
Apoie-se em meu não abandono, e sigamos para as nuvens que diluirão a tristeza de seus olhos.  Brinque com elas, pelo caminho, no oficio de sentir a leveza, onde não há passos a marcarem o chão.

sábado, 22 de julho de 2017

FELIZ ANIVERSARIO ( 20 DE JULHO DE 2017 )

Foi assim que me vesti em sedução, e procurei um. ângulo.  Que me desse a proporção de minha boca carnal, meus olhos indagativos, e meu pedido em forma de cor.
Desfilando minha lingerie, busquei por pontos onde meus seios se ressaltavam, meu cabelo formava um desalinho, e meu eu fôsse tao somente convite.
Feliz aniversario, mais um ano de vida.
Para onde o desejo me levar, que fique comigo e goze.  Que instigue, e sussurre uma promessa de deleite.
Buscando por mim mesma, nuances descobri.  De como a idade faz efeito, não se somando ao efêmero do capricho insinuado.  A maturidade sussurra um enlevo exposto, que a coragem revela mundo afora.  A peça íntima me faz desnuda aos olhos dos que a querem ver além.
Declamando um poema de Pessoa, digo graças à vida, que me dá a força de viver um erotismo adulto, na sofreguidão das paredes de minha solião incontida, querendo o coito, não mais antes reprimido.
Façam-se lábios que beijem e lambam, na predestinada cor de minha fantasia.  Liberte-se minha lingerie aos olhos de quem me saiba apreciar.  E estarei nua como sempre o quis, emponderada pela coragem.
Um passo dado, e meu rosto e único.  Sereno, consciente, docil e entregue, num perfil que atravesse mares de desejos, em só ousadia.  Dispa-me aquele que encontrar minhas vozes, no labirinto de perguntas sem respostas, eu que sou a clamar pelo meu ardor.
Faça-me sua, sem recatos ou maldades, ciencia ou percepcão, pois a verdadeira entrega dos corpo não tem nome ou identidade.  Saboreia-se ao fluir dos momentos, e se entrega ao alcance da ternura ou paixão.
Sou eu, make up e minhas curvaturas, do meu seio que pede carinho e prazer, sendo assim o exponho.  Para que me ressaltem a vontade, doce arcabouço de duas linhas definidas pedindo a mão do afago.
Não se olvide de mim, pois minha boca o pede.  Encha-a de beijos e linguas, para eu me esquecer nesse relento.  Saboreie a ternura de minha carne, e os sussurros que pronunciarei ao lhe encontrar.
Minhas mãos la estarão, para segurar meu desejo.  Apertar-me inteira a vocë, a pedir que nã se vá, pois é e sempre será cedo, nos relogios que não conduzem a nada que o inevitável.
Sinta em mim o por nós.  Toque meu cabelo molhado, e o seque com sua respiraçäo ofegante.  Aqui estou, somente para ser seu prazer.
Domine-me como e onde for, sem tristeza ou covardia, num baile de danças a rigor, ou em um bar, cenarios incrédulos de imaginações descontextualizadas.   Trouxemo-nos a vida pagando, com ela, a vertigem do prazer.
Peçó-me muito e mais, pois só sua serei.  No meu ardor e ganancia, átimo de primavera e luz.  Escondo-me no desejo incontido, e respiro você.
Meu peito aberto, esperando suas mãos.  Minha vagina, sua penetração.  Incógnitas, um registro de volupia sem nome.
Sigo.  À procura vem de encontro a mim sem, absolutamente, esboçar uma palavra.
Deixo-me à voce. A quem queira me entrego.  E do prazer vivo folhas e remeniscências plantadas no gosto doce do amanhâ, surgido a galope.

sábado, 8 de julho de 2017

UM PORTO SEGURO ( DESEJO PELO REAL )

Quando seus olhos encontraram os meus, calei.  Por opção, diante das imagens que as via, crescendo.
Eles me sorriam, de um modo tão inebriante, que só soube ficar quieta.  E, é no sentido dessa invasão, que me guardo.
Quando as palavram nos tomam, soltas, o melhor armisticio é o olhar.  Profundo e desejoso da busca, volupia, por si só, e carinho.
Seu sorriso os acompanhou, e me desfiz em deleite.  Na sua presença desejada, no ardor que meus sentidos insistiam em ocultar, na vontade de um novo encontro, recomeçado.
A conversa nos levou a dilemas e rechaçou, de nós, o desejo.  Preso em mim por você, eu, estagnada, vivendo sob o céu das lembranças.
Do grande momento passado, em que os sentimentos se fizeram fluir, saudade do que ja não é mais.  Vontade de romper barreiras e gritar.  Que me voltem a ternura e a busca, onde não se sabe mais o paradeiro.  Escondido sobre as névoas de duas consciencias com medo e, de lá, que somente covardia brotou.
Triste, quanto lindo, é o encontro dos que sabem merecer.  Vivendo uma paixão não agonizante, tornada em resquicios de sua propria sede de amar.
Aqui estou eu, mais uma vez, só em minhas lembranças, acalanto da escrita, verbe por onde jorra o silencio do meu amor predestinado.  Pois se, de nada sei, como dar nome a sentimentos que ainda vagam, pedindo a licença de existir, como um presente em sua lápide, ou algo que jamais foi.
De um nome à lembrança, lindos olhos, prescrutando o sereno, falando por si só.  Antes tivera eu neles confiado, e nossos diálogos seriam mais doces.  Que a força das palavras cortou como uma faca qualquer possibilidade de afago.  Num sorriso lindo, um rosto dicepado pela agonia do conflito premente.
Lembro-me dos olhos, negros, nítidos, tristes por ora, calculistas, se tanto.  Refletiam minha paixão, como um semblante mirado em águas limpas.  Em sintonia com seu sorriso, e a vontade grande de eu me perder em você.
Escrevo, almejando o mundo da não mais aventura.  So conforto e estabilidade, e alguém que, de mim, tome conta.  Um ombro, mãos e labios que me seduzam na poesia da aventurança.  Acreditando nas novas chances a que as estradas da vida possam conduzir.  Apostando na intuição de meus valores, e na sublimação dos meus afetos.
O passado toma conta, premente, do meu longo aceno de despedida.  E se faz cálido, ave soturna, a me desejar felicidades de encontros.  Nos momentos regados por mim mesma, daonde fui, e para com o destino que tomarei.
Deixo-me levar à poesia do conceito incerto de um futuro, a quem minhas mãos não sabem a doação, tão somente a vontade de um abrigo seguro.
Pois as naus de tempestade me tomam, deixando seu registro de calmaria, ao qual me entrego.  Na minha sanidade ao escrever a vida, e vivê-la tão somente possa
E é o relembrar do sorriso e o olhar que celebram a saudade da nostalgia, já transformada em tempo de espera.
A vida segue seu rumo e, com ele, me vou.  Deixo-me sentir ao calor dos ventos, e ao Sol que abunda seus raios.  Fazer as preces de meu contentamento, e celebrar minhas vitorias no mundo dos homens.
Só, muitas vezes so, como agora.  Novos alentos virão e, quem sabe, outro belo sorriso e olhar a serem contemplados.
Esperarei pelo que, quem sabe, virá.  E me fortalecerei de um passado que, ao futuro, não nega seu abraço.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

A DOR DE UM PAIS ( COMO SEGUIR )

Excluir um presidente do cenario.  Resposta vaga.  Quem dita as leis que operam a dominação do poder ?
Por um fio suspenso, o pais paira.  Nutre-se da vontade ambigua de eleger, como se num vacuo escuro, abismo que se abra, solução a galope.  A ocupação de um cargo simboliza a retomada de funções coniventes, sem que esse pragmatismo seja orientado numa direção que, realmente, convença.
O que está em jogo é mais do que uma simples fórmula.  É a possibilidade de se cortar o status quo pela raiz, e fazer do processo político a verdadeira representação do anseio de uma patria.
E a pergunta se faz.  Quem é o povo que elege seus condutores.  O trabalhador explorado, já minguado em seus direitos desde sempre.  A classe media conservadora, ávida por personificar seus direitos.  Nos dera a elite usurpadora, expressiva em sua minoria, algoz e leviana.
Realidades múltiplas de um pais de proporções continentais, que não avalia a dimensão de suas grandezas.  Não conhece as vertentes de suas culturas, e se auto discrimina a cada ação praticada.
Roubemos o pão da boca dos menos favorecidos, pois morrer é tarefa facil.  Estimulemos dogmas religiosos que segreguem os homens, colocando-os no cárcere de sua propria mediocridade.  Deixemo-los ir aqueles que tiverem chagas, pois o inescrupuloso é o que segura o foice que estanca todas as gargantas.
Assim se faz um pais sórdido.  Onde a esperança de muitos é carta marcada para aqueles que visam o lucro.  Como gado esmagado, pele queimada, uivos de dor.  Caminha meu pais com a sensação compartilhada de que a morte não seja mais artigo de consumo.  Esta à solta e espreita, ceifando inocentes, minorias, cores, e varios outros matizes.  Só por estar.  Porque morrer vale a não dignidade do que nao é, minimamente, cuidado.
Meu pais abre os olhos, mas o grito ainda é abafado.  Seu coro merece vozes e determinação.
Para.  De vez enfrente a luta, porque a não produtividade é o martelo que espancará o rosto dos donos do poder.
Medo, pelo quê ?  Honra usurpada, fome nas bocas, prostituição a cada consentimento dado para que o caos permaneça.
Houvera sentido em falecer porque uma bala atingiu o inocente, carecesse perdão aqueles que não respeitam a carne, valesse a perjuria de promessas esfaceladas pelo caminho, seríamos todos um só.
Mas se lhes falta o leite, uma criança se vai, ou um trabalhador não é respeitado, no seu minimo direito de tentar ganhar a vida, as perguntas ficam sem resposta.
Por onde se exale, a dor existe, crédula, móvel e carente.  A desafiar o mundo dos homens com sua força e intensidade.
O caminho haverá, e será de luta.  Por uma dignidade perdida, e conscientização arrancada pelas vertentes do sofrimento.
Quando cada um se outorgue o direito de fazer valer sua voz, em proveito de uma vida digna.  Sons que não se calem, nem ao sopro de uma vela.
Ideais que, absolutamente, seguirão para ficar.  E honrar seu direito para com a propria vida.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

ESCREVER UM GANHO ( PARA FERNANDO PESSOA )

Escrever a vida é como ganhar a dor.
Ela, que se esconde por entre as palavras e sai, miúda, querendo cantar.  Porque os acordes do sofrimento fazem um uníssono com meu coração, que não bate tranquilo.
A vida se passa, nos momentos que vão.  E o pranto recebido não mais se traveste em saudade.
É bloco maciço, cimento do esquecer, loco do aprendizado.  E, por entre os rios que correm, vai levando o legado caudaloso de uma só experiencia.  O sofrer, que se faz continuo, porém, não inesperado.
Nos seus momentos de ternura, o mundo dos homens parece perfeitamente concebivel.  Das névoas, vêm as perguntas, e o cansaço dos desencontros.
Mas a vida é como procurar chaves.  Não há que se decretá-las perdidas, até que nos convençamos de que tudo fizemos para encontrá-las.  Sem dó ou piedade, no caminho, certo ou não, de nós mesmos.
Por isso, hoje sorrio ao homem da tabacaria.  Muito embora não tenhamos as mesmas perguntas, nossa emoção é a mesma, por questionarmos o desconhecido.  Por nossos olhares se encontrarem, de um átimo.  E, de como o mundo dos homens, sorrateiramente, nos pregue as mais variadas falsetas.
Hoje é dia de brinde, muito embora não haja um porquê.  Dia de lágrimas, a tudo que se veja na concepção humana como realidade.
Minha alma transborda a compaixão dos que se sentem predestinados.  E tenta alcançar um bom motivo que a sustente ao chão, nível das adversidades sempre presentes, nunca olvidadas.
Não chora, nem ri.  Está limpa de vestigios e, para onde caminha, o azul é doce e cristalino.  O branco do fim dos sentidos já deixou sua marca de morte.
Assim caminhamos, obtendo do pão da vida agrurios de bons ventos e naus de tempestades. O homem da tabacaria novamente me acena, num sorriso cúmplice de compaixão, e não mais pranteio.
Somos humanos à deriva, egoisticamente formados à semelhança de nós mesmos.  A morte nos confere a dubeidade dos sentidos, com a dignidade dos deuses, presentes em nossas formas de criação.
Escrever é, da vida, um ganho, em que o jogo seja simplesmente existir, unicamente a nós, fruto do incerto, caminho das naus, essencia do porvir.
Ao ser humano, o enlevo de sonhos, e o acordar da finitude, sem mais.  Aos dias que se passam, uma única certeza.  A mais correta possivel, daonde nada sabemos, agente transformador de tudo que aí está.
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quinta-feira, 22 de junho de 2017

HOMENS DE MIM ( VIVENDO A ENTREGA )

Quem sabe isso quer dizer amor.  Eu não sei, e me diga quem o saiba.
Naquela noite, em que encontrei seu rosto, e procuramos nosso lugar para nos darmos.  Na magia do acontecer, um encontro breve, onde a paixão resplandesceu tão rápida, como a fuga.  Assim lhe amei.
Nos meses prolongados em que passamos juntos, eu, repleta na vontade de ser sua, bloqueada  por meu corpo, que recusava a entrega, me surprendi sendo eu mesma.  E do momento recordo, naquele abraço de satisfação plena.  À você, que me proporcionou o orgasmo fundo e nítido, sem que eu tivesse me dado conta do quanto eu o queria, meu momento é seu.  Na alegria de poder conservá-lo para mim mesma, mesmo quando você se foi.
Tantas recordações e átimos, breves, que se perdem na fusão de um tempo continuo, e na efemeridade dos que sabem o fim.  Pois a paixão nada mais o e do que o sonho do momento que foi, na perpetuação do que se sabe efêmero.
Como um troféu, pelo ganho de uma parcela de ternura, gozo e entrega.  Sem paradeiro, a paixão se refaz em si mesma.
Sem nomes, todos parte de um mesmo cenario.  Eu mesma, vendo rostos que perfilaram em minha vida, sem que eu soubesse, de antemão, as casualidades do meu destino.  Não fora o sofrer parte da volupia do se dar, e estar presente, corpo e espírito, buscando não estar só.
Homens de minha vida, eu possuida, não menos dos que os senti em mim, a todas as vezes em que houvera um encontro.
Eis-me aqui, como se estivesse me dedicando a um livro de reliquias.  Das mais tênues às mais cheias de volupia, os retratos do passado são remendos que amainam minha solidão no presente.  Incerteza no futuro, ao que meu corpo responderá.
Não tenho magoas, no limite de minhas reminiscencias  A constatação do fluir com meu livro de memorias, so, insistentemente, meu. Recortado em varios anagramas, pedaços em letras, suaves compensações.
Leiam-me ou não, sem mudança no correr dos fatos.  Estou inteira, a mercê de meus proprios jogos, entregando-me às conversas do meu eu, sempre leal.
Pois que, delas, retiro a suavidade da bonança, na claridade dos meus proprios sentidos, e vivo-as comigo, deixando ao real sobre sua propria dúvida.
E, de algum modo, preencho os vazios que me ficaram pelo caminho, nas intersecções de minha vida, tangenciada pela sombra de meus homens.
Minutos não contados, na relação da felicidade com o tempo, em que a espera não termina.
Deixem-me amar mais um pouco, ou não.  Fiquem dentro de mim, até que eu, propria, me renda.  Balbuciem meu nome na forma mais tenra e carnal, pois quero tudo isso, no mundo em que me transformo.
E serei eu a gozar o sempre, sem querer, ou com sentido.  Concordando ao que era antes, passado que me desdobra em lembranças, eu, que caminho para a morte.  Sem adeus, mas não triste.
Valeu viver.

domingo, 11 de junho de 2017

É LINDA ( ANAGRAMA DE UMA FOTO )

Sua fotografia era mais do que peça de cenario.  Figura marcante, encontrada ao léu, por entre as sombras de meus pertences.
Até que, um dia, o passional se transformou em momento de realidade, e me despi, lhe rasgando aos pedaços.  E, tal como julguei me desvencilhar de você, novamente procurei minhas amarras, naqueles residuos de papel que, a despeito, ainda conservavam sua imagem inocua.
E, assim, convivemos, um retrato em branco e preto, disfarçado em saudade.
Fale comigo, me abrace, se ainda aí está, e me olhe, prescrutando palavras que não sei, nas dores que senti.
Contentei-me em estar a sós, desnuda, para você, minha fotografia.  Amigo ausente, amante incompleto, homem menino, nada mais a desejar.  Tão inteiro num quatro por quatro, minúsculo no espaço de minha vida.
Poderia escrever muito mais, eu, que sublimo as emoções do que está por vir, e brinco sem medo, na retórica do meu pranto não contido.  Do corpo que expus, e da sensação estranha e fascinante, que é ter lhe possuido, dentro de mim.  Louco e efêmero, como só os momentos que não se traduzem, mágicos.  Aterradores, se trazidos ao convivio de expectativas que não se cumprirão.
A paixão torna os cegos à subjugação do querer.  Aos corpos à venda, ao sentimento à prostituição.  Tudo isso refletido nesse rosto que encaro, até não mais poder.
Rasgo-lhe, dilacero, o que de real restou.  Não mais você à minha cômoda, mesa, enchendo meus pulmões de ar que não respirarei.  Sou o momento novo, costas viradas aos átimos, presentes regalos do passado, em todas as suas vicissitudes, tão cheia de paixão na destruição como, quando o fora, na entrega.  Voce se foi em mim, e meus restos cremarei.
O tempo se reverencia, tanto quanto todos os minutos do relogio que, a frente, pulsa.  A vida toma seus contornos, e a rotina conta do enlevo que, um dia, só foi.
Outras procuras virão, outros papeis, demandas, e eis-me aqui, com outro retrato seu que achei.  A mesma foto, no mesmo documento, pedindo-me para ficar.  Eu, que não sei de amarras, que não o meu proprio desejo por sublimar a paixão.  Você, que me olha, ou não, mas ainda está, comigo, meu quarto, mundo, ainda parte dele.
Com fatalismo, recebo, novamente, sua presença. Conservo-a, desde que nunca se foi.  Pedindo-me o que minha fantasia não negue.  Subtraindo, quem sabe, sua ausencia real, no todo imaginario de um momento que aconteceu, perpetuado.
Sigo-a, até que me deixe.  Já não tem data, mas uma certa resignação.  Das paixões que ocorrem sem sentido, senão, talvez, não as seriam.  Da inspiração que marca linhas infindáveis, seu rosto presente, na ausencia do tempo.
Que pode tê-lo levado para muito longe, além dos caminhos indivisiveis da alma e do pensamento.
Restamo-nos, inertes.  Voce, não mais dentro de mim, e eu não mais sua.  Apesar de uma foto, que relembra, em si, uma historia tão absolutamente especial em sua trajetoria.
Se valeu sofrer, não sei.  Quem sabe, será sua foto, um dia, a me descobrir a verdade dos fatos que não se explicam.
Um anagrama, so ternura.  É linda.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

BULLYING NUNCA ( COMPETIÇÃO ENTRE COLÉGIOS )

As aulas de história são sempre deliciosas, porque me vejo num mundo que se abre, e traz a visão de novas realidades.
Sou pequena ainda para formular críticas em relação à história de meu povo, e por isso me contento em sabê-la pelas falas tradicionais de professores que obedecem, lânguidos em seu curso natural, a ordem dos fatos imposta pelo status quo que defende o poder.
Interesso-me por uma descrição que conceda opulencia aos invasores e, deliberadamente, esqueça os subjugados, e minha nota é a máxima na prova bimestral, sem que eu tenha me dado conta do valor dessa pretensa vitória.
Somos três alunas que viajam o topo, a derradeira nota dez.  E é a sorte que me consagra como a representante do primeiro ano ginasial, na competição entre colégios, que ocorrerá no programa de televisão.
A responsabilidade é grande, e não menor do que a tensão em ser representante da sabedoria incasta de uma torcida inteira, focalizada na minha tentativa de acerto.
Sou chamada pelo apresentador.  Vozes se calam, e o silencio atribui à minha condição um reles papel de vítima.  Das expectativas concentradas em mim, e do meu medo em fracassar.   Que se traduz em absoluta negativa em tentar buscar a resposta, em meu cérebro, à pergunta que me é feita.
Não sei, deixem-me voltar ao meu assento, e ser não mais do que eu mesma.  Uma adolescente insegura e passional.  Viver a não glória dos vencidos como possa.  Sem sequelas e arbitrariedades, pré julgamentos de quem enxerga, só na vitoria, a manifestação do correto e sadio.
Alunos me julgam, dedos são apontados, e meu peito urra de dor.  Eu nada pedi, apenas estudei o que me apreciara.  A competição toma de assalto uma alma ingênua, tentando galgar as vicissitudes da vida.
Regressar à sala de aula é mais uma provação a ser enfrentada.  Existe a punição, exercida por um professor decrépito, que não conhece as regras mínimas do bom convivio, e arrisca sua metodologia para humilhar o que não se prove como extensão de sua propria prepotência.  Submete-me a escrever o nome omisso de minha memoria, de quando a pergunta na TV.  Um livro de 400 páginas, 800 vezes o nome Lourenco da Veiga, ligado aos governadores gerais.
Meu caro professor de história, venho por bem declarar-lhe que eu, e outros milhões de adolescentes, mundo afora, nada temos que provar a ninguém.  Nossa curiosidade e instintos vem do genuino desejo de perseguir o saber, e não por uma ganancia ególatra de expô-lo.
Hoje, já bem mais velha, elaboraria outras críticas.  Desconfio de capitanias hereditárias, governadores gerais e bandeirantes.  Nossa história foi banhada em sangue dos que foram poupados nessa narrativa, que salientou, e ainda o faz, o nome dos donos do poder.
Para os estudantes que, ao invés de celebrarem minha tentativa, fizeram por bem rechaçarem e exponenciarem minha derrota, é inevitável que se use a palavra bullying, para se definir seu comportamento incidioso.
Dos que permeiam uma sociedade corrosiva, onde crianças e jovens são inseridos, desde cedo, num mundo de cobiça onde não fazem parte, meu repudio.
Ao modelo competitivo que tenta nos escravizar o modo de pensar, desde a tenra infância, o meu não contumaz.
A todas as formas de bullying que corroem nosso mundo, transvestidas de boas intenções e altos ideais.
Errei a resposta, mas ganhei a vida.

sábado, 27 de maio de 2017

ROTINA ( PASSOS NÃO DADOS PELO MUNDO DOS HOMENS )

Rotina.  Da procura dos pequenos momentos de prazer.  Do abraço longo que se esconde, por entre as imagens.
Livro, e sol lá fora, a tarde caindo, o dia num sorriso.  E eu, me procurando o momento, sem saber, ao menos, o direito de existir.
Vou me lembrando ao sabor do vento que evoca o barulho dos carros, e um relogio que bate, avançando seus momentos de encontro com a vida, eu, como ser único.
Que se me faça, em entendendo algo.  Seja um pensamento ou destino, minha leve procura, nas respostas do mundo dos homens.
Curvo-me frente ao casuismo dos encontros baratos, na minha dimensão de ser pensante.  E esqueço, vôo, até não mais ser.
Sentindo só em mim, pulsando o breve, vivendo a não presença.
Rotina.  Preenchida pelas cores de uma tela, nada mais se vê além de seu conteudo, inerte, à procura, mas meu.  Resultado de momento e entrega.  Num mundo em que se insiste olvidar, para a caricia não mais existir.  Em que as cores do alento não se distinguem na mesmice.  O pranto chorado o não desejo de paz.  As mentes o resultado de tamanho desencontro.
Do que gosto, a maré, a brisa, e o sabor do corpo, o tempo se esvaindo breve, correndo solto em sua sequencia.  O silencio do momento certo, e não da dor.  Felicidade contida num bouquet de flores, que se espalham às vistas de meus olhos, tantas vezes cansados.
Rotina.  Pelas lembranças que se esvaem sem um porém, nas recordações que ficam, e nos olhares que não se apagam.  Olhar-me ao espelho, e descobrir o segredo da juventude que la está, me desejando saudade, nem menos brisa do que outrora só.  Bate feliz e calma, outras horas arrebentando o peito, saudosa a nostalgia do momento que não se foi.
Entre meus braços calados e olhares sensiveis.  Uma solidão constante, entre os espaços de mim mesma.  O não entendimento dos jogos que correm à minha volta, no desejo eterno de somente ser criança.
Rotina de sons, luzes e cores, e o que me apequena ao mundo, num projeto de paz, num sentido mais amplo, ou somente encontrar.  O desencontro de linhas, quando ao lembrar Caieiro, vislumbro os contornos da minha morte, em apenas redenção, se na primavera eu me fosse.
Faria de mim um soneto para as crianças, sempre vivas, em minha memoria.  Aos jovens que não esqueço, no seu eterno desejo de mudar.  As músicas tocadas por todos os instrumentos, em uníssono com o barulho das flores.  Sentimento continuo do avanço dos passos, que nunca se perdem.
Momento derradeiro, leva de mim um sopro, sem me deixar, ou não, em vida.  Resistirei, do alto de meu mais profundo pranto.
Direi adeus, num murmurio.  Encontrarei consolo em minhas linhas, para me esquecer, ao certo, do mundo dos homens.

domingo, 21 de maio de 2017

FOTOGRAFIA DE UM SEMBLANTE

Perdi você, mas não a mim.  Num jogo de marionetes que insiste em reviver seu rosto, varios ângulos de um mesmo sentimento, talvez.  Que não se alinham, frente aos momentos de memoria.  Vejo sua seriedade, e não entendo, sobretudo, o tom da palavra amor.
Ser ela feita de desejo incontido e sede pela frustração, encontro ao não definido ? Não sei, mais do que ainda me aposse um sonho de palavras, mal articuladas, você.
Ainda que parte de um mesmo real imaginario, são fantasias que transbordam, à mercê dos meus sentidos.  Simplesmente estou e vibro, sabendo ser essa a não factual prova de realidade.
Mas seu rosto me acompanha, quando abro gavetas, e nem ao menos me sorri.  Presente está como se ocupasse um lugar cativo de recordação.  Com ele falo, dele me recordo, e sigo meu dia, mergulhado numa realidade fantástica entre a presença de uma fotografia inerte, tampouco viva, atestado do não esquecimento, cobradora, talvez, do recíproco que o tempo se encarrega de levar para longe.
Voe comigo a distancias não conhecidas, paradeiro dos que se encontram só em poesia.  Onde as diferenças regem a ternura da transformação, e o compromisso seja apenas o direito a viver, em si tanto.
Mas as distancias ocupam o lugar dos sonhos, e a melancolia toma vulto em rotina.  E traz sua fotografia para perto de mim, arrastada pelas marés e pela areia branca da praia que existiu, na sua voz que não ouvi.  Na certeza de que as paixões se extinguem como um flash tão rápido, fortuito o sorriso, seria sua expressão.
Nem triste ou alegre, vou contemporizando a ação do tempo, que vai deixando suas marcas à sequela de uma paixão não vingada, em seus momentos de ternura, irascivel em diferenças, pequena ou grande, ja não se importa.
Saboreio o reencontro a algum lugar de mim que pareça familiar, e obstinação ao seu desejo de realidade.  Menos sublimatorio, mas vazio no seu querer, recheado de verdades, para continuar seguindo.
Pois se o mundo o é o encontro de momentos, sejam eles um maior desafio, ou não.  Faça-mo-los inteiros e dignos de nossa propria coragem, do medo inerente apenas mais um obstáculo, da transgressão um rumo definido.
Perdi voce em me perdendo a mim.  Se nunca tive o que não poderia abdicar.  Tão doce, inseguro e incompleto.  Para mim, tão carente de todos os afetos.
E me sigo, pois não há que se parar a mola propulsora.
Mas abro as gavetas, e sua foto está lá, me lembrando de não esquecer, e tirando algo de indecifrável, a cada momento dessa contemplação.  Um pequeno pedaço de voce, que um absurdo passional transformou num minúsculo pedaço de papel.  Um semblante serio que indaga, e me traz, à tona, as perguntas que eu tiver.
Ou simplesmente me olha, através da distancia dos tempos, para que eu não me olvide de lembrar.
Como uma cerimonia, o faço, sagradamente, dia apos dia, sem que me abstenha.
Num pacto, como se me comprometera a ser luz.  Sua luz.  A luz de voce em mim.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

UlLTIMO CAPÍTULO

Mais uma despedida. De minha mãe, que se foi.  De você,  que abandona minha vida, e de mim mesma, que volto, a sentir meu prumo.
Nas mesmas linhas que aproximam o reencontro, me faço inteira, pedacos de mim mesma.  Para continuar seguindo, sem máculas.
Malas por fazer, me esperam o peso dos anos, e a vontade de me deixar levar ao amorfo, para onde o incógnito seja a única resposta.
Dei-me a vida, e dela me deixei, como um sopro.  Enterro minhas lágrimas em lugar onde o sofrimento e somente brandura, e a força o moto necessario.
Sou, por isso me pertenço.  Ao que meu choro de mim faça parte, e ajude a enterrar o silencio dos mortos.  Para onde a distancia voe, em meus projetos de futuro, e o presente somente um nó na garganta.
Da ferida estanco o sofrimento, de onde minha alma velada se faz coro.  Mas não grito aos infortunios, nem ao menos criança.  Somente mulher, no todo os resquicios de mim.
Encerro mais um capítulo, como quem usa uma pena que cai, num movimento parado no ar.
Amanha viajo, sobrevoando todos os oceanos.  A certeza incerta do resto dos meus dias se deitando sobre um jardim de flores, delicadas, presente de mim mesma.
Salve o brado de música aos meus ouvidos, lirismo que obedeço, no mundo em que não existe o perdão.  Carinho camuflado, e esperança contida, existo sem, ao menos, sentir a essencia do meu ser.  Para que tanto, se o todo é pequeno, e as palavras não atingem.  Se sou restia de Sol num continente assolado pela seca.  Dos corações, um último lampejo.
Tristeza que há em mim, habite meus dias contados.  O porvir nasce de um sonho, e me obrigarei a voar, sem medo.
Sem medo, simples, eterea, amorfa.  Como a morte de meus dias sofridos.
Como a esperança, a brilhar em seu jazigo.

PRANTO SUFOCADO

Indo embora, sobrem lágrimas.  Tão longas quanto meu sofrimento, ou pequenas para enfrentar a dor.
Deixem meu murmurio súbito enfrentar seu leito de morte, o gosto amargo do pranto, pela injustiça cometida contra os homens.  Sem chorar, o perdão é por mais uma lágrima deslavada, e seu murmurio incerto, num rosto que desaprendeu a chorar.
Tente, ao menos, num derradeiro instante de ternura, o quarto escuro, na penumbra do desconhecido, o amor que se foi ao longe, a insensatez dos que cobram o racional.  Nada a esperar, que não seja o murmurio das ondas, na empatia que só a natureza consentirá.
Sentindo seu cheiro, pensando em você e em todos os espelhos do mundo, refletidos em mim, sou fantoche.  Ando à espreita, procurando o nada que se faça conteúdo, o incerto que percorrerá minha vida até meu leito de morte, por cima uma aura que fira a brisa miuda dos momentos de emoções.
Viajo nos sonhos que tem encontro às lagrimas, e as pulso dentro de mim, na certeza e na coragem, e no pedido para ser.  Libertem-me, deixem-me chorar, pois não há pulso mais forte do que a não entrega dos sentimentos.
Nave mãe, perdoe-me se subestimo minha forca, mas só posso fazer guardar as lembranças em algum canto de memoria, para nunca mais voltar.
Resta-me farta ao saber, eu, que desapareço faço no horizonte, para voltar depois de jogadas as cinzas ao chão.  Um dia voariam, por sobre a espiral de um tempo que já corre, pedindo minha existencia viva.
Fica em seu sentido, deite-se sobre a eternidade, o momento é outro que não pedir adeus.
E a ternura, incomodada pelas mãos do destino, e um choro calado, esmiuçado pela covardia em não se expor, símbolo proprio do medo a solidão, átimo em si, só de grandeza.
Quero encerrar, sem o conseguir, travestindo a magoa, superando o desapontamento, vestindo a utopia de um azul indefinido.  Para nunca mais voltar, a todos os rostos que signifiquem realidade.
Um choro que não está, desaparecido nas entranhas do meu eu.  Faça-se vivo, forte essencia, e me torne sentidos.
Pranto deslavado, sufoque minha garganta oprimida, e serei apenas eu.
Sem não mais ter, sofrimento acabado do fim.  Adeus.

domingo, 30 de abril de 2017

IDA E VOLTA ( ESTROFES DE UM AMOR IMATURO )

Mais uma vez tenho o título, muito embora as palavras não engendradas.  E, dessa vez, voce não as lerá, presumivelmente.
Não nos atravessa um oceano de mares, tão somente o de emoções e realidade.  Mesmo assim, sonhei, me antagonizando as certezas de que a vida escolhe momentos, e não os substitui.  Sem a certeza de nada, que não fosse a ausencia de lhe reencontrar.  Num ato mínimo de coragem, e abertura ao novo.
E assim me olho em volta, e vejo malas a fazer, e a consistencia de um bilhete marcado.  Vou-me, tão quanto idas significam abandonos e locais de partida.
Como tantos sonhos efêmeros, esse é um retrato distoante.  Não olharei mais seu rosto, numa sensação longiqua de que tudo desaparece no horizonte, como seu sorriso, loucura, ou você dentro de mim.
Macio, o toque das recordações se assemelha a um pranto chorado leve, em que o valor da saudade é único, e muito mais veloz do que o tempo.  A significação da perda um maciço que se choca ao chão, adribuindo-lhe a sensação de morte, qual uma pequenina esperança de um contexto volátil. Tão quanto a breve união do meu corpo ao seu, do qual, meramente, conheco a geografia.
Tudo se perde numa espiral, e desce à terra, como o pó que se esvaiu.  Essa viagem significa morte, de vivos que não retornam mais em seu adeus, e eu, caminhando por sobre um jazigo tão indesejado, em minha memoria.
Mas você me acena, de muito longe, pedindo para que eu me vá, e não sofra.  Dificil, pois ainda sonho, no concreto das minhas aspirações, eu, tão menina, sonhadora, criança.
Para não mais ser, não ha culpados, nem, tão pouco, vítimas.
Resta-me arrumar as malas, e partir, como partido estêve meu coração, desde o momento em que lhe conheci.  Ou, pelo menos, nesse momento, em que enxergo a liberdade da solidão, sem medo.
De você, guardo um par de frases, lindas, emblemáticas, talvez dirigidas a mim, frutos de outro momento.  Em que voce era meu leitor diario, e eu me deleitava tanto ou mais, a me olvidar de mim mesma.
A mesma escrita que nos uniu, separou, porque eu não acreditava nas correntes das minhas linhas, e queria que esquecêssemos juntos as páginas que fizeram nossa estoria.  Para depois estar aqui, tão perto e longe, separada por um número telefônico, que não me ligou a você.
A proximidade torna a distancia ainda mais inverossimil.   E é assim que celebro a minha volta, sem esse contato que nem soube sonhar, como se fora diferente pelo breve caminho em que minha vida cruzou a sua.
A vida é dos que têm coragem.  Para viverem suas ilusões de peito aberto, e não mascararem a rotina dos fatos.  Dos que gritam contra a mediocridade, dentro de si mesmos, e não abrem mão de seus momentos de felicidade, tudo esmigalhadamente triturado, uma viagem só minha, com direito a passagem de ida e volta.
Vou-me, para onde meu lugar seja a incerteza do futuro, um pranto parado na garganta.  Sobra-lhe a vida a galgar por entre anos de juventude, do que realmente tenho ciumes.
Enterro, como farei, recordações do passado, sem perder o gosto pelo bom que ja se foi, e a dor do que houvera não sido, no não se permitir de cabeças veladas.
Faltou amor, paixão, o tudo. Faltei-me, sem mais, para nunca mais chorar.
Próxima partida.  Eu, que já me fui.

terça-feira, 25 de abril de 2017

SE EU QUISER FALAR COM DEUS

Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós.
A sós seguirei pelo meu caminho, que me trará ao começo da velhice.  Ao que não sei e me amedronta, e do qual não faço calar.
Ao mundo dos homens, às vezes tão absolutamente hostil, quanto terno, em oposicão, possa ser o sorriso de uma criança.  Sem mais, tantas antíteses em choque, no coração somente o belo.
Hoje andei pela praia, o que, há muito, não fazia.  E senti a areia sob meus pés, e o contato fresco da água a banhá-los.  Como se fôsse a catarse de dias sofridos, o mar recolheu minhas lembranças e dor, enquanto eu, só, simplesmente andava.  Apenas, sem mais, numa trégua ao desalinho, dando como ponto final a parada longíqua de um trem que se perdeu pelo caminho, seus vagões vazios, seu coração cheio, até não mais poder.
E é por isso que não me calo, em frente às minhas eternas linhas.  Peço contorno ao que não tenha, que meus sentidos arrefeçam, e que eu consiga voar, pairar por cima desse sentimento de não pertencimento que me invade tanto, ao qual só o pranto da solidão alivia.
Nem sei se insisto em fazer ouvida minha voz.  Do que me vale o eco do respaldo de perguntas sem respostas ?  Hoje queria o lugar nenhum, nenhuma concha que me abrigasse e, talvez, nenhum consolo a vista.
Hoje me cansei de continuar tentando, e decretei a impotencia em mim mesma.  Num Sol que, talvez, eu o veja diferente amanhã.  Resplandescendo o dia, tomando conta das marés, aquecendo os corações.
Hoje não.  Quero luto, abandono, tristeza, rendição.  Medos assumidos ou não, brincar de ser pequena em minha força.  Sem medo da derrota ao não conformismo, ou ser eu mesma, e pedir.  Ainda que soe estranho aos ouvidos que me ouçam.
Assim sinto os dias e as promessas não cumpridas, dentro de mim mesma.
Mas sigo.  De alguma forma, coerente com o que há de mim, buscando.  Quero o amor, que se me arrefece a cada experiencia que a vida me dá.  Somente amar, os pés descalços na areia sob o mar.  E um andar sem rumo definido, na tristeza e na dor.
E um abraço, reles, incontido, na presença do meu eu.

sábado, 22 de abril de 2017

EXISTIR SEM VOLTA ( PELAS CALÇADAS DO RIO )

Rio de Janeiro, fica brisa, pois talvez quem sabe.
Abrem-se as portas do incógnito, e ouço muitas melodias, mas não sei quem sou.  Simplesmente existo e pulso, me levando à emocao de um reencontro, do qual, nem ao menos, sei o paradeiro.
As ondas vão registrando seus passos doces na areia, e eu caminharei sem destino.  De que me vale sonhar, onde o acordar já é realidade, e ocupa todos os lugares dentro de mim.
Depois que a tarde nos trouxesse a lua, o inesperado faça uma surpresa, sempre na busca de alguém.
Morros e tuneis do Rio de Janeiro, aqui estou, e me mesclo à essa cidade de pedras e desejos.  Lembro-me de minha doce Tiradentes, e me atiro ao asfalto da metrópole.  Viajando, de lugar a nenhum, sempre à procura.
Bondes de Santa Teresa, dos quais me lembro tão bem, eu, aqui, Copacabana, capítulo num sonho, de onde estou ao barulho do mar.
De que vale o destino, quando a vontade é de não ficar, somente ser.  Para brincar de surpresas que a sorte reservar, ou não, sou uma menina a busca de um colo, tão somente, muito mais.
Rio de Janeiro, e seus quilômetros de areia, onde nada mais do que um banho de mar, numa espuma que quebre minhas reservas, num pranto que cesse, sem portas de entrega.  Lágrimas que escorram em seu gosto salgado, sem pedir permissão, me lembrando de que momentos significam o que há, nada mais.
Vou seguindo em minha intranquilidade do permitir, nos sonhos em que me acabo feliz, pois se desse o misterio que propulsiona.  Nada mais, num pranto que relativiza a essencia da vida.
Minha mãe, viva, em frente a mim, desafiando a senilidade ao correr dos tempos.  Depois, um caixão que baixa à terra, como todos os outros, e mais uma vida entregue ao pó.  Com todas as referencias de que eu possa ter tido, nada impede a onipotência da morte em seu crédito.  E é você, que vejo baixar,  me sentindo etérea no espaço, completamente orfã, para não mais poder.  Como se o destino me houvesse ceifado os pés ao chão, e eu existisse de uma forma completamente amorfa, ainda que viva, em corpo e espaço.
Rio de Janeiro, me abrigue, pois ainda tenho a chorar sob seu céu.  Um pranto misto, feito de poesia, redenção, totalmente voltado à esperança existencialista do ser eu mesma, saudades não sei bem do quê.
Se o amor chegasse, eu não resistiria.  Porque resistir ao amor, bem tão caro, que só pede a entrega.  Junto a brisa, não mais ser, total, sem medo.
Não sei o que de mim, nesse emaranhado de morros e tuneis, sempre Copacabana, mais um paradeiro.  De mim, que já não sei, por onde atravessar não faz falta, a vida sendo apenas um segredo.
Do qual não me olvidarei.  Presente completo, e ternura imensa.  O doce ato de existir, para nunca mais voltar.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

NAVE MÃE

Olhando o céu de Tiradentes, nave mãe, completo de estrelas.  O som da natureza se espaçando lá fora, e a imagem que fica é a de um caixão descendo a terra.
Como num sonho, a luz se esvai, e a noite vem.  E a areia cobre o que, em outrora, somente vida existiu.
Perpassa a minha alma o não contar dos dias, e tantas cenas que já de, suas partes, soam a recordação.
Pois foi assim que cresci.  Entendendo o nada e vivendo o presente, sem saber que o postergar é sinônimo intrínseco do caminho sem volta.
As imagens sobrevoam meu espírito e não aquietam.  Tornam-se mensagens vivas de um tempo que não se foi, e meiguice do que não se perdeu.  Fluem num compasso de espera, onde a sapiencia da presença da morte tomou vulto, forma e cor.
Doces luzes de minha meiga Tiradentes, que se me abriu os braços com tanta ternura e generosidade.  Daonde vejo o Cruzeiro do Sul a cintilar suas cores, como uma bandeira.
Nesse dia de Tiradentes, em que aqui estou, e reverencio a insurreiçáo dos oprimidos, dai-me força para continuar meu caminho.  Agora orfã, como se, de mais nada, existisse.  Uma parte da historia esquecida e tragada pela profundidade de um abismo.
Não estou alegre nem triste, embora muitas lágrimas habitem meus olhos.  O riso encha minha boca, sabendo eu que a efemeridade, mais do que nunca, mostre o caminho da verdadeira existencia.
Nesses dias em que aqui estive, compactuei com a natureza, ouvi música litúrgica, vi uma igreja revestida por ouro e, em todos os caminhos, a brevidade se fêz presente. Como se ninguém, ou nada, rumando ao incerto das emoções desconhecidas, habitadas pelo mundo dos homens.
Do que sobra esperar, a paisagem posta à janela, e um doce sorriso terno da velhice a me acompanhar.  Minha mãe, ja em seus últimos dias, sem muita dor ou sofrimento, se despedindo da morada dos seus semelhantes.  Para não mais voltar.  Apenas um caixão e uma lembrança, e um nome que já se foi.
Sobra-me o céu estrelado, na sua imensidão cristalina.   A bondade dos que me acolheram tão afetivamente, e a certeza incerta do eterno caminhar pela vida, fugindo às minhas mãos a cada momento passado, daonde, mais orfão sairei.
Céu tão lindo, doce silencio, dos quais em minhas lágrimas me redimo.  Cores que me perpetrem à Mata Atlantica, e eu, sozinha, determinando meu rumo.
Poesia de um abraço, esperança de ternura, eu, que do nada mais sei.
Somente desse céu fulgurante que, de mim se abriu, ao qual chamo Tiradentes, sem pedir perdão.
Leve chuva, a um dia os compassos do tempo e de todas as músicas.  Fique tristeza, como parte.
Adeus nave mãe, a leve, para longe dos espíritos, e perto dos céus.  Até um dia, nosso reencontro.

terça-feira, 28 de março de 2017

ATLÂNDIDA ( MEU REINO PERDIDO )

Atlâtida, no mundo dos que sonham, e tem na lenda a pura verdade.
Quero brincar de balanço, e me jogar ao vento, sem tempo.  E ir e vir, só me deixar levar.
Pesquisar o mundo da sombra dos meus conhecimentos, e me bastar aos meus sentidos.
Reino perdido, praia de águas cristalinas e areia límpida, floreios na minha imaginação.  Meu sonho prometido, do qual preciso o ninguém, me leve para longe.  Tesouro perdido que nunca encontrarei, nem tanto se faz a procura.
Atlântida, faz-me sua, de onde a redenção, eu só quero escrever, e preencher espaços fluidos, dona da minha existencia.  Que me bastem o sim ou não, apenas dentro do que me entendo, e o de fora não sucumba.
Faz-me inteira, digna e plena.  Reino perdido, onde corpos se alteiam, e o misterio se faz vibrante e cor.   Ao seu corpo, meu e de mais ninguém.  Eros, habite em mim.
Deixe-me estar, sem paradeiro, na verdade da lenda, ou nua e crua, tanto faz.  Encontrarei um sentido em minha existencia, para de onde o para lá sejam só estrelas, no prenuncio da vida, que se trasformará em morte, derradeiro encontro com a materia, saudando aos que se foram.
Ate lá o céu estará ao meu lado, e as constelações brilharão.  Sinto amor.  E saudades me tomam, sem que a elas eu não me despertença.
Mas tudo é fluido, um pequeno cubículo num gigante imenso, o cosmo.  Mesmo assim, me abrace, na minha solidão, enredo romântico de todas as associações possiveis.
Não roube meu coração, ja tão dado.  Não me deixo abater, mesmo em minha volubilidade, pois carrego junto todos os sentimentos do mundo.
Abrace-me, só para eu saber que o tempo parou.
Mutante, no fundo sempre sozinho, seguindo o meu caminho, bordeando palavras, e imaginando caricias.  Tudo etéreo, na vida feita de encontros inéditos, so esperar por vê-los surgir ao caminho.
Sou romântica, e assim seguirei.  Afinal, no enlevo que toma força, só falta se colocar lilás, para ser totalmente lindo.
Brindemos.  Ao encontro fugaz da música e dos sonhos, numa terra prometida de ninguém.  Onde a posse perde o nome, é o presente e a ausencia do tempo.  A felicidade, um átimo, que se toma as mãos, e se vai, voando como cinzas póstumas.  Derradeiro, enquanto breve, sublime.
Eu só quero me perder.  Para talvez não me achar em nenhuma letra, e experimentar a coragem de me estar viva.  Beber água com volupia, e matar minha sede.  E, depois, respirar, como se revivesse o nascer.
Meu reino perdido, onde todas as gangorras sobem aos ventos, eu sei de mim mesma, se tanto.  Mas continuo, ao sabor deles, e por sobre a meiguice da água.
Meu tesouro perdido.  O mundo é dos que sonham, e não estou só.

sábado, 25 de março de 2017

CORAGEM. ( PRESENTE EM SI )

Voce está me esperando, num gesto amoroso.
Depois da vista de paisagens bucólicas, so me querer andar à beira do mar.  Acompanhe-me, desfrutemos desse momento, a brisa exposta, o falar pouco, na companhia presente e esperada.
O contato com a areia faz bem, e a mudança de cenario encaixa seu rosto perfeitamente.  Como se, não menos, desejasse.  Fiquemos assim, quietos, saboreando o silencio da não mais solidão, no contato tenue entre nossos corpos, despertos.
Caminhemos de volta, meio ebrios, na leveza do não saber o que se é, expectativa do que virá a ser.
Acompanhe-me ao meu hotel, e suba a meu quarto, sem pedir.  Tomemos a última, quem sabe não derradeira, cerveja.
Beijemo-nos de um jeito só nosso, que perca distancias, único. Longe do mundo lá fora, no enredo de uma estoria de amor a dois.
Dispa-me tão devagar, quanto grande sua volupia. Narre-me uma estoria que só saia de sua boca, e me peça para ficar.   Toquemos nossos corpos num abraço, em que beijos febris so festejem.  Para fazer poesia, basta a vontade.
Gostaria tanto de que voce me fizesse uma massagem, branda, tenue, delicada. Sentiria a caricia de suas maos, e me entregaria inteira, não importa para onde.
 Acontece quando o prazer se alia à vontade de carinho.  Quando remexer seus cabelos é tão doce, quanto sentir você dentro de mim.  Chorar e pelo todo, desde os menores gestos.  Olhos  que revelem a alma, e deles não mais se esqueça.  E uma boca que sussurre um nome, ainda que em silencio total.
Amemo-nos por um prazo não estipulado, digno de nossa memoria.  Brindemos a despedida a cada abraço encontrado, e todo o beijo que perturbe nossos labios.  Sendo em ser, somente o momento de tanta grandiosidade, para depois o fim, tanto faz.
Fiquemos assim, sem arrependimento, tão apenas o que possa ser.
A cada destino, um futuro e desafio.  A nós, o presente em sua verdade.

sexta-feira, 24 de março de 2017

CERIMONIA DE DIVORCIO ( NOVEMBRO, 1996 )

Era uma segunda feira de verão, um calor insuportável.
A data para a cerimonia de meu divorcio havia sido marcada com varios meses de antecedência, o que me gerou muito mais ansiedade.
Viviamos numa cidade perto de Tel Aviv, quando nos separamos, mas como haviamos nos casado no Rabinato de Jerusalém, foi para la que a audiência foi marcada.
Depois de viajar por algumas horas, adentrei ao Rabinato, cansada e nervosa.
Apesar do horário estipulado, tivemos que esperar por, pelo menos, mais uma hora e meia.  Isso depois de termos sido atendidos por um funcionário, que mal sabia nos orientar para onde seriamos encaminhados.
Foi com uma sensação de temor que adentrei à sala, onde vi varios rabinos.  Obviamente, meu ex marido entrou comigo mas, para minha surpresa, foi pedido a ele que se mantivesse ao fundo da sala.
A partir desse momento, teve inicio o martirio.
Três rabinos comecaram, alternadamente, a falar trechos em hebraico, interrompidos sempre pela palavra megureshet, cujo significado, em hebraico, é banida.  Falavam algo, interrompiam, gritavam banida, em coro, voltavam aos seus trechos, quiçá bíblicos, numa avalanche que soava, aos meus ouvidos, como uma torrente sem fim de impropérios.
Essa agonia durou o tempo suficiente para eu me sentir totalmente humilhada e enfraquecida, enquanto meu ex marido, calmamente, assistia à cena de camarote.
Meu divorcio aconteceu há 20 anos atrás, e nunca mais me esqueci da sensação de abuso psicológico a que fui submetida.  Ao julgamento feito pelos rabinos de que a mulher que procura sua liberdade, nessa situação, não deva ser respeitada.
No mundo moderno, em que as mulheres dividem as mesmas responsabilidades com os homens, sendo economicamente independentes e, portanto, não se sujeitando à farsa de um casamento mal consumado, rabinos retrógrados e misóginos as condenam, no seu desejo de começar uma nova vida.
Se pensarmos de que uma criança é considerada judia pois assim o é sua mãe, esse paradigma é ainda mais assustador.
Aflige-me pensar que há mulheres que chegam ao processo de divorcio muito mais fragilizadas do que eu.  Não têm uma carreira definida, e dependerão economicamente da pensão de seus ex maridos que, em muitos casos, será obtida litigiosamente.  Esse náo era meu caso, o que não me libertou de, naquele momento, experimentar um sentimento extremamente doloroso, com um repudio imenso à atuação daqueles ditos homens de fé.
Como se fosse função da mulher se prender a algemas não desejadas.  Como se, ao homem, fôsse dado o papel de mero consentidor.
Nao me casei mais, e não o faria segundo as leis judaicas.   Tenho contado minha experiencia a muitas mulheres.   Somos muitas, infinitivamente mais fortes do que as prelações mal intencionadas de rabinos frustrados.  Filhos de mães, maridos de esposas, pais de filhas.  Nem por isso, sensiveis e corretos conosco, mulheres.  Ao contrario, verdadeiros algozes.

quinta-feira, 23 de março de 2017

SHABBAT ( A MIM )

Vai surgindo o  Sol, no seu horizonte.  Virá, mais tarde, um silencio de Shabbat, na vida que passou rapido.
Para dizer que estive aqui, e de que essas letras são tão reais, como seu sono, e a vontade de experimentar o dia.
Surjam raios, e estarei viva, como voces.
O descanso me espera, o confortador silencio da parada, mundo aberto a novas texturas, um fim de semana por vir.
Saboreio o tempo que me separa desse encontro, com as atividades lúdicas de que tanto gosto, e relembro de momentos, sem saber onde estava.
O sono tomando conta, e me sinto diferente, mais densa. Com a porção de minha vida em mãos, e um todo se fazendo presente. O sonhar em cima de minhas proprias realizações, sem a dimensão do belo, que fora de mim.
Venham raios, tragam a manhã e estarei aqui, vingando a proximidade com nossa ave mãe, e sonhando num contexto em que meu eu se faça forte, por tamanho possuir, Ana, juntas.
Aguardo-me no descanso que virá, sono reposto, dois dias de puro contentamento em só estar.
É Shabbat, e estou só.  Não como poderia, mas como o quisesse.  Junto a mim mesma, e basta.
Por ora, nas decisões de que sonho tomar, e a que rumo me atar, pondero. Porém me levando, também, ao desconhecido de minhas incógnitas, sempre presentes.
Dois dias em que me esperam cores, palavras, sentidos.  Em que serei descobrimento e fascinio.  Vontade e calma, pois Shabbat, permitindo o sendo apenas estar, e cultivar o nada, ou o mais fortuito.  Simplesmente se deixar levar.
No passeio que farei, e na languidez que, por certo, me alcançará.  Deixar-me tomar e sentir o frescor do que não cabe juizo, absolutaente livre na sua proposta.
Venha, Shabbat, e me envolva num manto de ternura.  Acaricie minha solidão com rosas.  Deixe-me vagar ao centro de mim mesma.
Ir-me ao longe, para acima das constelações de que meus olhos possam visualizar.  E, de la, olhar a Terra como uma estrela, que sauda a vida, e por ela se enterneça.

segunda-feira, 20 de março de 2017

OPÇÕES ( CHECANDO O PAINEL DE CONTROLE )

Três da manhã saúda a vida dos notívagos.
Baby, vem viver comigo, vem correr perigo.
Que outros chamam baby. Também em português, é bom demais, e só me faz chorar.
Não sei o porquê.  O pranto é a reposição das palavras, no vazio que não se fica.  Dele não quero nada.
A correr, dedilhar, como se a vida exibisse seu último sopro, ou fôsse uma crônica de aeroporto, sem paradeiro a abarcar.
Hoje já posso escrever ouvindo música.   Copacabana, essa semana o mar sou eu.  Belchior me roubando as palavras, somos um só.  Todos buscando o encontro que as paralelas não permitem..
Agora retorno ao meu eu só.  Já não me guio por nenhuma rota.  Vago no vazio, encontro palavras ao acaso, todas se fazendo sentido, em algum lugar do meu inconsciente.  O que importa é escrever, do que algo revelador virá depois.  Uma parte de mim mesma que não floresce a olhos vistos, mas tem sede no interior.  E se basta.
Perambulei, ousei dormir. O sono me levou de volta a vigilia, encontrar meu papel e fala.  Para vislumbrar o que há de novo, ou apenas reafirmar., dentro de mim, a carencia e saudade, algo que não me deixa o peito em paz.  Volta, retorna, está lá, e não me deixa.
Sofro, até que as lágrimas tenham um sabor mais doce, ou não, muito embora sua companhia me seja amiga.
Sabê-las em minha face, descendo delicadamente, caminhando com meus soluços, existindo sem perdão.
A vida é um transito efêmero entre vários aeroportos, cada um levando ao seu destino. Eu, ao decidir-me por uma passagem na hora, checando todas as opçôes possiveis, no painel à minha frente.  Alguns destinos conhecidos, outros completamente inóspitos.  Sei que voarei ao ja sabido, como também adentrarei ao mundo do não conhecimento.  Todas as opções são válidas, em se dependendo do momento.  Nao me importa, o meu é viver, saboreando a meiguice do velho, e me supreendendo frente ao desafio do novo.
Tudo absolutamente em cheque, moto pulsante.  Nenhum resquicio de amargura, ou ponta de saudade.  O momento, e so.  A coragem, inteira.
As lágrimas, depois.  Cheias e vibrantes, meigas e doces, lágrimas de fel e amor.
Simplesmente lagrimas.  Para não esquecer o que não morre.  Celebrar o eterno.  Viver ate não mais poder.
Adormecer num canto sem fim, por sob as estrelas.  Onde nada se apaga, tudo é eterno.

domingo, 19 de março de 2017

AMAR ( SOMENTE NO FORTUITO )

Não sei do sentimento que fica.  Nem se gostaria de matá-lo, ou se morra por si só.
Como um trecho de estrada que se bifurca, onde o presente se compõe de um quadro nítido de duas escolhas. Vá-se o de dentro, ou seguir em frente.
Esperança significa temor.  De que não aconteça.  Quando o passado já foi inviabilizado.  Porque a expectativa do futuro ?  Eros, o desejo ao não pertencido.  Só os momentos vividos são o resquicio de memoria, e o resto sonho, não mais.
Esperança que, em mim habita, limerencia.  Que uma frase se destine a mim e, mesmo o sendo, não signifique mais do que o não encontro.  Milhões de sílabas não ocupam o lugar do medo de amar.
E pode ser que eu não me ame o suficiente, em vivendo a fantasia do futuro idealizado.  Os encontros, na vida, são inéditos.  Meu encontro comigo mesma, não menos.
Porque tão dificil a entrega fortuita, que nao exige uma relação consumada, e sim uma verdadeira apreciação do efêmero ?  O medo de amar por um, dois dias, como se o tempo se entregasse ao seu pedido total.  Sem cobrancas, ciumes, apenas a entrega do si.
Tão fácil e fluido se encontrar um objeto de desejo e celebrar a entrega sem reticencias, pelo tempo que for.  Incontável, desde que seja bom.
Carencia de amar, e viver o que seja de dentro, na espera do sair em todas as formas.
Não pensar em fins que se acabem, e diferenças que não se completem.  O encontro é transgressor, e suplanta o plano das ideias e preconceitos.  Clama sua individualidade, e busca novos caminhos..  Elege o rumo liberto das perguntas sem respostas, e se basta aos seus sentidos.  Desafia a si mesmo, na busca do novo.
Das fórmulas gastas pelo uso da convivencia, me redimo.  Quero o momento átimo, que supere conflitos e indagações.  Seja, tão somente, sem as entrelinhas demarcadas pelo conhecer.  Inóspito, deliciosamente novo, na mágica de seu temporario.  Num corpo que deixará seu cheiro, do qual me olvidarei em recordações incertas, ou não.  Numa voz que não cansou a repetição.  Num sorriso que vibra na sua virgindade, eu, por tanto a descobrir.  Adoro o fortuito.
Amo a voce, diria.  Pelos três dias ou menos, tanto faz, sendo desnudos de qualquer ambição, apenas a nós mesmos.  Entregando-me inteira, sem limites outros que sua vontade em me ter.   Esquecendo-me de mim, na loucura.  Chorando depois, pela perda ganha, na saudade doce do que ficou.   Inteira, mais do que nunca.  Vida pulsante e coração aberto, e o medo longe como se eu pairasse, tão somente.
Valer.  Ser, estar.  Deixando-me amar, a quem me queira.

quinta-feira, 16 de março de 2017

EROS



Eu e a brisa, música de Tim Maia, inaugurando meu repertório musical no papel.
Sem mais, o amor de Platão e Eros, desejo.  Que termina quando há o encontro.
É utópico, não carnal, a seiva e a sublimação.
Quero sonhar por sobre o momento que aconteça, e não se intimide.  Persiga a procura do querer, me dando.  Desafie o medo da entrega.  Não exista na virtualidade do pensamento.
Esvaneça numa sombra, onde já não avisto meu nome.
Quero um amor de verdade, que me faça viver todos os sons, não só os de minhas lágrimas.  Que sejam pelo contentamento do partilhar, na comunhão de duas solidões e no misterio da descoberta.
Um amor feito de confiança na autoestima de cada um. Uma doação do amor por mim ao outro, como so se possa ser.
Onde a natureza masculina se complete à feminina, sem desafios outros que não o seu próprio bastar. 
Amor valente, de quem escolheu viver.  Puro, simplesmente o sendo.
Que traga vida, e não mate.  Regue, traga água, seja forte em sua alegria e dor, com todo o sabor da despedida que, um dia, acontecerá.
Eros, em seu infinito, eu sou o toque e as mãos.  Sou a carne que pulsa, e o coração que vagueia, me procurando em alguém.  Uma alma cálida, querendo alguns momentos felizes.  Que se façam sentir, e me deixem lembrancas.
No meu caminho à velhice, ainda sou capaz de sonhar.  Enternecidamente para o belo, me recusando a recolher, sobre o manto da aceitação, de que o esperado e a contagem ao meu leito de morte.
Num mundo tão competente para entristecer,  descansar meus olhos a um ombro que me abarque, sentindo um abraço que me rodeie, por algum tempo, para me fortalecer, tão somente.
Eu queria dar amor, nem ao menos pedir.  Como se, Ana, para continuar a viver.
Deixe-me lhe amar, frase poética tão triste, refletida nos meus olhos, sempre melancólicos.
Apesar de tudo, poesia.  Segue a vida.  Segue.



LERIAS ESSE PAÍS ( ANAGRAMA POR DESCOBRIR )

A vida é lilás, e minhas palavras voam ao mundo.
Que atestem minha loucura, coração, coragem.
E é para você, e para todo mundo que quer trazer, assim, a paz no coração.
Entrego-me, no que me seja lido.
Nas minhas saudades, na estrela que acompanho, e em todos meus sonhos de menina.
Não sei quem sou, e vivo à espreita de minhas descobertas.
Sinto o peso da irreflexão de meus sentimentos, mas assim, pois, sou.  Uma mutação que habite horas, e meu coração e novo, Beto Guedes o diz.  E acato.  Pois é um sentimento universal.
Amanha irei encontrar a proposta de convivio, protagonizada por judeus e palestinos sentados juntos, na emblemática praça onde a vida de Rabin foi ceifada.  O que esperar ?  Selfies ?   Debates  ?  Sem cinismo, aberta a propostas, nunca sou vanguarda.
Soo-me dura, não o querendo.  Respeito todas as proposições que se traduzam em busca por um convivio mais harmônico, e não serei céptica.  Pois é indole em mim acreditar, uma fé inata.
Crianças palestinas, não agonizem em seus sonhos.  Crianças israelenses, saibam que existem outras, e de que o mundo não é uma redoma.
Um pais que se autointitulou sionista, para abarcar judeus que, como todos os seres humanos, podem chegar ao ápice de inconsequencia em seus atos.  Onde uma mulher judia é obrigada a enfrentar a cerimonia de divorcio deliberadamente humilhante, que só a Judas se poderia desejar.  A quantidade de melanina ainda estipule a casta nobre na sociedade.
A tudo chamaremos Israel, porque judeus, convencidos ao nosso direito a termos um territorio.  Fosse ele laico, e se faria merecido.  Pois laicicidade não é privilegio de jogos de loteria, onde um só um ganhador arremata a casa.  É virtude dos que querem ser humanistas, não mais.
Vivo num estado judeu, por ter uma origem, concedida por nascimento.  Da qual preservo apenas uma memoria afetiva, em sendo.  Sou laica em minha essencia, e o que me trouxe a esse pais sao perguntas oriundas de uma busca totalmente existencial, em que o judaismo não prega qualquer tipo de referencia.
Mortes são as mesmas.   De um terrorista ou soldado, e sempre haverá uma mãe a chorar.
A escalada do revanchismo não deixa culpados ou inocentes, só vítimas.   E a terra pertence a todos, sem exceção, dela lhe vingando a agua.
Não acredito em um estado judeu, porque esse não lhe é o nome.  Apartheid.  Sem nenhuma condescendencia para com a historia, que se repete a cada transgressão cometida.
Minha experiencia em contato com os valores ideológicos, oriundos da ideologia de dominação da terra, me mostra rachaduras.  Na percepção aos direitos humanos, em sua totalidade.
Ao pensar que meu conforto em abraçar a religião judaica seja enfrentar uma cerimonia de divorcio, a qual a mim e qualquer mulher so trará constrangimento e sensação de abuso psicológico, me recuso a calar.
Meu mundo não é o estado judeu que não sabe ouvir minhas lágrimas e confortar minha dor.   Rabinos sefaradis que preguem a morte de askhenazis, como já ouvi de algumas bocas.  Ou o eterno martirio na cor negra marcada, que ainda busca sua ascensão, perdida no tempo.
Façamos desse pais um loco honesto.  Laico, em sua essencia.  Aberto a cores e credos.  Sensivel a todas as crianças.
Começarei a chamá-lo Israel.

sexta-feira, 3 de março de 2017

REDENÇÃO ( DESTINO PRÓXIMO AO PLANETA TERRA )

Ao som de Sa, Rodrix e Guarabira, reinicio meus trabalhos.  Não sem antes manifestar minha indignaçãao.
O mundo é sórdido, mas a vida é bonita.  O alcance das difamações imenso, e a procura da verdade não uma só.  Existem muitos sentimentos em jogo, e o não vislumbre de um ideal.  A identidade do ser humano se perdeu em blasfemias proferidas, e dedos apontados.  O odio se juntou ao ceticismo e busca por ignorancia.  A alienação, um atributo necessario para a continuidade da especie.  Caos instalado, porvir de tantas ditaduras.  Um preço ignobil a ser pago.  O não perdão.
As redeas da ganancia humana e falta de inteligencia atravessam, mais uma vez, os caminhos da historia.  Assistimos a tudo perplexos, conscientes de nossa ação objetiva.  Ainda assim efêmera em sua gratitude, incerta em seus dias de bonança.
Homem, especie maldita a que pertenço, por onde jorrarás seus caminhos de sangue e acolhida ao não virtuoso?
Terra, planeta ínfimo, vista de cima, oceano em azul, atmosfera cálida, sereno da paz.  Pois  que as lentes se aproximem em aumento, veremos sujos os becos, e assassinatos gratuitos.  Criancas miseraveis mendigando por pão, ao mesmo tempo dançando uma melodia, sem parar.
Eu me verei crescendo entre as paredes de um bairro que ofereceu resistencia à tortura, e rosto de varios que não sucumbiram às tentações do destino.
Planeta maldito, onde a mesma árvore que dá sombra e frutos é sacrificada em prol de interesses escusos. Os que não fazem coro são perseguidos, e tem sua vida ceifada, como a veia da borracha, que escorre à luz da seringueira.  Indios, que clamam sua voz bradada no mato, sem coro que a repercuta aos homens da cidade.
Planeta ousado, que finge não ouvir o lamento dos holocaustos que aconteceram e dos genocidios que ainda estarão por vir.  Que aposta na insensatez da palavra humana, junto a sua usuria, recheada por preconceitos.
Destino humano pertencer a mesma especie.  Mesquinha, exterminadora, sem respeito para com o individuo per si.  Novelos de passado conduzindo a mesma resposta.   Ela, em toda a natureza, a que não vingou o contato de sua propria prole e o respeito inerente ao seu desenvolvimento, por entre o curso da longevidade por que passou..
Somos astutamente egoistas e antropocêntricos.  Maniqueistas em prol de interesses, e profundamente racionais face ao sofrimento alheio.  Bandeiras de mediocridade são levantadas mundo afora, apenas para atestar o quão decrépita é nossa autonfiança em fazermos o bem.
Seres limitados, desprovidos de cor propria, intangiveis na perpetuação de crenças dogmáticas, preconceitos irrefletidos e religiões calculistas.  Nós, humanos, expressão da mediocridade que invadiu o cosmo.
Apesar de tudo, a esperança habita em mim.  De que caminhemos para um processo de aprimoramento.  Que inclua mutações e novos conceitos cognitivos.  Reavalie as relações e considere, de forma impar, todas as formas de poder e opressão que assolam nossas cabeças atordoadas.
Pois se que, de outra forma, não há destino.  E, em assim o sendo, caminharemos, como um todo, à procura da morte.
Planeta Terra.  Não é justa a não vida onde há oceanos e rios, verde, sombra e pastagens.  O belo, tão somente a sua criação.  Calem-se a ouvir seus sentidos.
Mundo dos homens, adormeça, e acorde num sonho.  E tudo, como mágica, comecara no amanhã.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

ASAS PARA A LIBERDADE

Felicidade.  A presença da ausencia da morte, tema de um livro, companheiro de minhas andanças.
Lembra-me independencia, numa frase emblemática.  Morte, o momento vazio onde não há mais o pensar.
Pequenos momentos, livres.  Do medo pelo existir, e por todo e qualquer julgamento moral, que cerceie as opções individuais.
Posto que é fato, livre de quaisquer expectativas, num espectro inteiro de satisfação para com o que se tenha.
Estou feliz, não mais o sou.  E minha visão da morte atormentada se torna palco de fundo de meus átimos de redenção, apenas.
Voar, simplesmente.  Saborear a sensação do encontro com as nuvens, e a visão de belas paisagens.  Encontrar o motivo que justifique o inesperado, modelado nas asas de um avião, que corte os ares.  Certeiro, veloz, digno de sua propria envergadura.
Por sobre mares e oceanos, terras desconhecidas, esse pássaro gigante, criação do homem a sua essencia, se desloca.  Somos mais do que existir, no momento em que criamos nossos proprios veiculos para a liberdade.
Sartre postulava que a existencia se dava à priori, resultando dai o homem angustiado, vitimizado pela sua propria crise.  Escolher rumos é tarefa árdua, não resultante em caminhos virtuosos, muitas vezes.  Mas, de como conflitada, e a única via que possa preencher as expectativas do ser.
Livres aqueles que se permitem adentrar ao mundo da não pré escolha definida, e tomada de riscos calculados.  O que ai está é para ser saboreado, nas suas dúvidas e contingencias.  Com as limitações de cada ser como individuo, muito embora um moto continuo para toda a humanidade.
Eis-me aqui, tomada de coragem, rosto ao vento, e uma passagem com destino.  Remoto, mas pulsante.  Livre, em acorrentada pelas minhas emoções.  Num diálogo continuo entre as minhas expectativas.
Sempre gostei de aeroportos, que simbolizem o efêmero do trânsito, para de onde se veio e vá. Com uma identidade definida pelo não paradeiro.  Com os quais ja convivi, em momentos de cansaço e perguntas, sempre a me dizer o incompleto. Como me tornei cronista de aeroporto, vale lhe atribuir uma nova missão.  Que seja linda, pois minha esperança é a mesma.  Viver o que há de bom, o quanto efêmero, pois assim se faz.  E com alegria, pelo prazer da escolha.
Ana, são tantas as vezes em que lhe encontro, e tantas palavras bonitas foram as que trocamos.  Não saberei porque tive uma chance, a você não dada. Em nossas conversas, agora, só sinto você, mesmo estando em não palavras, e nem mesmo sei que tipo de anseio elas me causam.  Por você, tambem decido ser livre, para que a vida me proporcione um verdadeiro sentido.  E continuarei acreditando no pressuposto de que os instantes de felicidade que encontrarei, a priori, não são tangiveis preconcebidamente e, sim, fruto do meu aprendizado para com o viver e seus dominios.
Voce é linda, sua luz o é.   Sua ida foi o instante derradeiro para eu me certificar da minha total fragilidade, enquanto ser humano.  Minha gratitude pelos inúmeros presentes com os quais tenho sida ofertada.  E só posso chorar, pela grandeza dessa conscientização, que vem de encontro à sua vida suprimida.
Não deveria ser assim, mas o é. Sem arrependimentos e explicações.  Felicidade ou morte, o livro à minha cabeceira.  Eu escolho voar.