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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

IMPOTENCIA

Por entre as raizes, segue imberbe a impotencia.  De não podermos calar nossas vozes sendo, ao mesmo tempo, enforcados pelas cordas de um destino que insiste em nos subjugar.
Não nos calemos, arrefecendo no contraditorio mundo de mentiras e desigualdades.  O momento, preciso e certeiro, é de revelar toda nossa dor indignada.
É o pão do pobre e a fartura dos ricos, a sede de poder e exterminio.  São cérebros flutuantes num oceano de ganancia e injustiça, mentes dormentes para com a existencia de sua propria especie.
Crianças nos becos, tiros perdidos, e a favela que desce seu morro, num samba de horror.  São os milhares de assassinatos que pedem clemencia.  E minha solidão que chora desesperada, na impotencia de se saber pequena.
Ouçam-se as vozes, martirio do destino.  Enforquem-se os traidores lesa patrias dos sonhos.  Tudo será como uma nuvem, vista à distancia, a sobrevoar o planeta Terra.  No mais distante o errante navagante, quem jamais te esqueceria.
Desçam-me lágrimas, tão doidas como a insurreição de meus sentidos, não dormentes face a tanta crueldade.
Espalhem-se sementes, brotem flores do compromisso com o amanhã.
Povo desgastado, rota sem rumo, esperemos a insurreição.  Reinvidiquemos nossos direitos perdidos.  Choraremos a casta dos lamurios que se perderam, num tempo incontavel.  Somos apenas humanos.
E por tal, a identidade não se manifesta. A morte não é pano de fundo para com o livre pensamento.  A ganancia toma seu aspecto mais assustador e virulento, do qual tenhamos noção, em nossa sensibilidade.
Gritemos o coro da rebelião manifesta, e os pedidos de censura. Voltemo-nos às mesas servidas com pão, e regadas com agua limpa. Concedemo-nos o privilegio de construir um pais rico em cidadãos, não parte da usuaria do abjeto incompreensivel.
No alimento que falta, na saude que se nos esmigalha a olhos votos, e na vontade de não recusar os gritos incontidos, peço.  Levantem-se a moral e a dignidade aos olhos de, aquem, as mereça.
Num grito de dor, e a consciencia que derrama lágrimas.  Numa bala, um adolescente que jorra sangue.
Na minha vontade, o acordar do pesadelo em viver.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

VIDAS CEIFADAS ( REPUDIO À TOGA DOS GRANDES MALDITOS )

Inexplicavelmente me deparo com afetos reproduzidos à sequencia dos dias.
Pois se, do ventre de mulheres já rasgado, surja um alento de esperança, que sucumba à atrocidade de seu algoz.
Mortos fetos que se entregaram à ganancia de um desejo doentio de um artista vil, dominado pelas doenças de suas próprias entranhas.
A ele o merecido caminho do cárcere perpétuo, e escuridão de seus dias contados.
Surpresa estarrecida aos olhos dos que a ouvem, abre-se a luz do dia a mais um assassino.  Decreta-se a liberdade a quem matou sonhos, e sorriu o desafeto de seus proprios desejos.
Medonha a mão que ceifa a justiça, no seu eterno clamor por ganancia e impunidade.
A toga clama o direito dos opressores, e tece suas armas contra o bem maior, a criação.
Onipotente em sua crueldade, na figura de um magistrado, não menos criminoso do que um assassino que decorou velhas lições ministradas pelos maiores delirios contra a raça humana.
Conluio de poder, equação simplificada de métodos de barganha, onde a desonestidade é o polo maior, e a empatia a vida um velho jogo de cartas marcadas.
Toga conhecida por seus inúmeros e diversos arbitrios, eu a calo.  Pela sua pequeneza, e vontade de que seu argurio seja, infinitamente, mais doido.  Na esperança de que sua propria carne lhe devolva as chagas que só o arrependimento tardio possa proporcionar.
Do seu escarnio, extraio o opio da indiferença à sua postura magnânima, facetada na personalidade do abjeto e incompreensivel.
Criminoso em negro, desejo-lhe a sucessão de dias malditos.  Na falta de pão e leite em sua alma, e pelas vidas que seu espírito cúmplice ajudou a tirar.
Da justiça, revelo meu sonho.  Sua eterna absolvição a corte dos que o já o condenaram.
Chaga, espalhe seu câncer somente sobre seu corpo, reles, indolente, factivel de compreensão e respeito.
Expurgo-lhe do mundo dos homens, do qual houvera voce participado.  Morra sua alma, sem flores.  Calem-se suas células de horror.
Haverá o momento do ajuste de contas, doido e esperado, nao reles em sua concepção.
Para voce, já não mais vida, meu desapreco para com sua morte.  Minha indiferenca pela sua loucura.
Minha negação ao seu pertencimento ao mundo dos homens, escoria de carcaça viva.
Sorrio, no meu mundo onde as flores presenteiam as mulheres.  Novamente, clamo pela justiça que chegará, e tento acalmar meu coração em desalinho.
Você já morreu e, nem ao menos, lhe matei. Esvaiu-se em sua própria vida, à procura de um sentido.
Pelos úteros sangrados, à força de seu despotismo, às trevas lhe condeno, sem ida ou volta.
Minha escrita abafa, de um pouco, meu grito.  Mas não respondo por muitos gemidos que, ainda, ai estão.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

ABNEGAÇÃO ( DEDICADO AO REITOR CHANCELLIER )

Sinais se aproximam da consolidação da ditadura.  Estão nos ventres malditos, dos que não expurgam o pus do odio.
Pela lembrança de corpos que ardam em chamas, nosso grito é maior.  Não sufocado nas entranhas de nosso espírito, galgando forte, por entre a força da impotencia não contida.
Levantem-se, homens, e saudem o retrocesso ao poder, migalhas atiradas pela tirania dos fracos.  Aqueles que se venderam a um passado de contas justas com os espíritos do mal.
Não calaremos nossa voz forte.  Se a vida carece de um bêbado que se entorpeça num momento de desvario, nosso sangue se equilibrará as mazelas do que não foi dito.
Cantem, sempre e mais, para que não nos esqueçamos da vida que não passou, em seu desalinho com o presente.
Sentenciem-se mortes, e nossa força será maior.  Em empunhar as armas que derrubem o poder, flagelo dos que só sabem oprimir.
Juntemo-nos todos num coro de coragem, metaforizando a luta diaria do que é a miseria, que se abate sobre os corpos.  Negados o leite, subvertamos a consciencia do oprimido.
Um corpo jaz após sua queda. Conta-nos a estoria de uma vida que se foi, velada.  Um destino ceifado a foice por ávaros.  Pronto a abrir mão de seus momentos futuros, a existencia não vale o sofrimento.
Mas, em não me morrendo, celebro meu hino.  E é o show de todo artista que deve continuar.  Pois se, tanto da morte em vida, a lição e a mesma.  Justiça e dignidade, a todos, sem exceção.
Embora palavras e seu sentido utópico, a esperança é verdadeira.  Vá-se o mundo dos homens, pelo qual tenho uma esperança, minimizada pela força do sabor de meus dias reais.
Apoiem-se em mim, crianças, e sigamos num mundo lúdico, cantigas e orações.  Esqueçamo-nos do não vivido, num momento de deliciosa ternura.  Valores e prepotencias, juizos e escarnio, a nos não impostos.
Dias de alvorecer, sem pena.  Relvas que frutifiquem.  Distancias mais próximas a corações anuviados.
À voce que dedicou a sua vida a sua propria estoria, obrigada por sua abnegação.  Que as sombras do futuro ardam em nossa memoria.

sábado, 2 de dezembro de 2017

FIM NÃO MENOS COMEÇO ( ENCERRA- SE 2017 )

Tateando as vozes do escuro, se preciso fosse, somente uma respostra encontraria.
Não sei do que sou eu, sem meus fantasmas e fantasias, e lúdicos sonhos do que o, supostamente, não o é.
Remetendo-me a figuras, seu rosto me aparece, em perguntas.  Pelo simples desejo do não apego, opto em olvída-las.  Na sensação de um tempo que se passou, dividindo-se nas metáforas da existencia.
Ano que naufraga, caudoloso em seu rio, do qual extraio as reminiscencias do ardor vivido, e da realidade desencontrada.
Símbolos de fuga, não mesmo dentro de mim mesma, correndo pelos espaços da procura de um abrigo entre as sombras das dúvidas que virão, e meu eterno porvir, pelos acalantos que ja não mais existiram.
Fecho-me ao meu redor, e indago da vida somente o posto, sem desalinho.  À mercê de um futuro que grita, em lágrimas que não me consumam.  Deixem-me viver os momentos como se fôssem derradeiros, ainda que predestinados.  Subir aos montes, e de lá ver uma grande paisagem que se oferte, segura e calma, sem ecos de resposta.
Apenas viver, no somente o óbvio, sem grandes sementes de tristeza, ou ventos fortes de alegria.  Numa nau balenceada à procura do horizonte, sem apego aos humanos, ou a nada que se me desfaça.
Como mulher, mãe e ser humano, única, presente nas viagens inconscientes, nas quais à deriva não ouse abarcar.  Tendo sido, e sempre possa, um poema de menina.  Para cantar o belo, que insista em se disfarçar em breve lamento, ja não sem medo.
Mais um ano que se termine, em sendo inteira, bússola que desafie minha razão de ser.  Estendam-se as mãos de fora do pensamento e da utopia realizada, e continuarei meus passos, vagos, por ora, ou certos na sua posse.
Finde-se ano, e louvarei a mão do destino a me trazer força em construir meu arado.  Saudarei aos velhos anciãos, ja dormindo em suas covas, e nao me esquecerei do trajeto intransponivel que me levará à morte.
Assim, e sendo, nada mais faço a contemplar minhas palavras doces, das quais extraio um infindável senso estético, que me perpassa.
Do muito que olvidei, me calo.  Das tristezas acometidas e o peso da existencia, me faço leve e fluida, como uma pluma que se desloque, indefinidamente por seu redor.
Morri nas vezes em que nasci, mas ainda escrevo e perjuro lágrimas.  Foram-se muitos, e o mundo se acovardou.  Eu sobrevivi ao opio de uma geração estarrecida, mas cheia de sonhos.  Ao mal que a mão do homem projeta em seu semelhante.  Aos cursos infindos de maldade e destruição.
Dancei uma valsa, e bebi o fel dos velhos.  Apostei na corrida dos tempos, que reproduzem minutos, velozes.
Estarrecida, contemplo a vida que segue.  Farta em minha mesa, não a sendo mundo afora. Feliz pelas flores que vejo, à minha frente.  Sempre em contradição com meus sentidos que mentem, e a covardia do valor em ser humano.
Devo concluir, assim  como se encerre esse mais ano, sem derramar palavras de alento pelo papel.  Clamando amor e justiça, eu, que sei tao pouco.
A ouvir as vozes do silencio, a mim e, tão somente, me bastar.