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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

YOM KIPPUR ( DIA DO PERDÃO )

Yom Kippur, dia do calar, sussuramente me vejo.
Entrego-me ao perdão dos dias não contados, nas vicissitudes da vida.
Do que almejei, ou não, entre tantos caminhos, os que desembocam.  No terno a procura, indisfarçadamente minha essencia.
Num ano que se passou, lépido e, ao mesmo tempo, vagaroso.  Nas perguntas sem respostas que enfrentei, no meu caminho aos dias.
Vivi a retomada da escrita, meu bem materno, loco de construção, fé inabalada.
Voltei-me às circunstancias do que é fato, em sua inteira responsabilidade.  Não me calei, nem poderia.  Segue a vida em seu compasso, e me faço parte dela, que me venha em seu melhor.
Na busca de novas descobertas, poderia eu ser outra.  Cravo, em minhas imagens, a sombra de meu proprio destino.  Que seja límpido, na lembrança de um eu verdadeiro.
Tantos percalços quantas as alegrias, em tudo dependendo do prisma adotado.  A vida, por si sò, um ganho, nada a esconder, somente o desejo de que se estenda, o quanto possivel se melhor.
Calo, pois as palavram esgotam minha procura.  Pouco sei, nessa nau que me impele adiante.  Sou o produto de um passado obscuro, e um presente que sabe a vida.  Densa e tenue, calorosa e arredia, a encher-me os olhos com a ternura de uma menina, e a sapiencia de uma anciã.
Duvido dos momentos de volupia, inconstantes.  Anseio a busca por margens plácidas e devaneio, tão somente.  Sem a dor no desejo, e a ferida do inconsequente.
Sussuros de prazer me tomem.  Auroras do porvir me embeveçam.  Claridade e luz, onde so há sombras.  Um derradeiro encontro ao fatídico, que se sobrepõe à beira dos anos.
Exista o perdão para cada ato dissimulado e sofrimento causados.  Foram pela ignorancia de saber o meu ser.
Calem-se em mim as disputas por minha essencia, onde o belo, tantas vezes, se resguarde ao momento de entrega.
Vista-me a vida de cores, e me saboreie.  Entrego-me como quem ja não mais perdera.
Dê-me a serenidade das naus em sua calmaria, e das tempestades, em sua grandeza o término.
Mais um Yom Kippur, nas promessas sem nome, evangelhos da escrita, nas leituras dos oráculos bíblicos.
Sobrevivi, e me vesti de esperança pois, não outra, a opcão, em seguindo viva.
Abrace-me o correr dos dias em minha sorte, rosas que se abram a seu tempo.
Num doce murmurio, exalo o perfume de meus pecados, em me continuando inteira.  Parte que é vida, tão somente, ao perdão do que já se foi.
Mais um ano a se abrir, na morte que chega, e nos dias que se espraiam.
Vivi, em sendo feliz.  Chorei, em sentindo a falta.  Perdoo-me pelo não saber, função predestinada ao mundo dos homens.
Entrego-me ao vulto do silencio que há lá fora.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

UM CORPO DE MULHER ( DESEJO QUE NÃO CALA )

Foi quando me vi olhando para o perfil do corpo daquela mulher, que se movimentava à minha frente.
Saboreei suas curvas e cintura fina emoldurada por um training preto, que a vazão da performance não escondia.
E sorri, acompanhando as nuances de um corpo fresco, trajes negros, a se movimentar.
Sua escultura me serviu de deleite a prescrutar, em minha imaginação, quais olhos serviriam à majestade daquele corpo esguio.  E não lhes imaginei, até o momento em que os cruzei, ziguezazeando-nos pelos desfiladeiros de um supermercado.
Pego-me, ainda, relembrando minha busca por um corpo feminino, pernas, deslize no andar, e minha descoberta, ainda que tardia, do aflorescer de um desejo inconteste.
Clausulo em fantasia, abro-me à medida em que meus sentidos não traiam, e meus afetos sejam, apenas, o desfrutar do prazer, sem enganos.
Minhas definições esbarram no medo da entrega, não menos a caricia do que poderá o contumaz trazer.  Um receio doce, por vezes aflitivo, em me descobrir meio ao avassalador que virá, ou não, trazendo o terno enlevo dos afetos cometidos.
Não mais pretendo desvendar o óbvio, fruto do desejo.  Mulheres são fonte de prazer e, nisso, sendo seu preço.
Ela resvala, límpida, no seu andar descompromissado ao que a cerca.   Eu a devoro em suas curvas, sem um rosto que me defina, mais ou menos, a atração.
Olho um corpo que se me destaca, e ele me sussura prazer.  Dele exalo, e me completo, assim sendo, desejando, em todo, uma mulher.  Aberta a essa confissão, destino do que, talvez, me aguarde.
Entrego-me ao fortuito de minha descoberta, sem mais pensar, acatando-me à realidade do que me pulse, nova descoberta.
Na verdade que existe em mim, extraio um casulo de esperança.  Quem sabe conhecerei o amor, ou o deliciar de momentos de enlevo.
Perguntas sem respostas, num principio em que não ha cartas marcadas.  O proprio desenrolar da vida dando sequencia a estorias, talvez acabadas, ou não.  Força em que se acredita, e sabe o melhor.
Vou rumando em meus dias, cultivando a sapiencia da esperança.  Do cultivar, em sonhos que voem a terra plana, não distantes do seu prumo.
No equilibrio entre a volupia e o terno, na busca da serenidade, onde há paixão.  No desejo mudo, em vida.  Sabe-se lá a que caminhos me levarão.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

ABORTO

Abarque meu corpo, e se junte a células que se fixarão em meu útero.
Somos dois, até o momento de minha derradeira escolha.  Não é o momento nem, tampouco, a vontade.  Se, de mim, o não poder, optarei por minha chance.
Não significa o presente da dor, nem a dadiva dos escolhidos.  Simplesmente um destino que se cumpre, árido em sua proposição real, ainda que certo.
Sonhos não existirão, muito embora a essencia do ser me pulse, ainda que inteira.
Tomo, por mim, a decisão que não ferirá minha propria ética, nos contornos de minha vida que seguirá, na espera do átimo certo, em que me julgarei plena.
Meu corpo reclama a ausencia do que não será, pois se moldou às contingencias de um futuro incerto, predeterminado pelo pragmatismo do aqui e agora, que deva ser respeitado.
Sim, somos dois, pelo espaço de tempo que nos seja concedido.  Curto ou mais longo, numa simbiose que se misturará ao meu sangue, sobre o foice que arrabata a existencia contida.
A vida nos traz referencias lógicas, e clama a justiça da sobrevivencia.  Por ela, e não mais, somos o fato real, células vivas que se perpetuaram pelo tempo, não prontas à vida que virá.
Sinto a mim, por ter a possibilidade da opção.  Doida, ao se pensar no que não foi.  Espiritual e moralmente certa em sua não ambiguidade.  Forte e corajosa, sem olhar para trás.  Apenas bela, imersa em sua propria dor.
Caminhos são distintos, em rotas separadas.  Existem em seu momento de contemplação do real, e se fazem válidos à revelia de seu proprio impulso.  Nada há que criticá-los, esboço miúdo da vontade não perene do acontecido.
Assim somos, refletidamente, procurando respostas em vazios de tempos que já se sucederam.
O momento que existiu é vago em sua intensidade, não menos real ou condizente com o que há.
E, de novo, e meu corpo pulsando por dois, na trajetoria de um infinito que não acontecerá.  Na busca de uma resposta já dada a priori.  A vida é o que o corpo de uma mulher decidirá, não mais.  Por ela, e para ela, antes de tudo.
Somente vago, sabendo o preço da dor.  Que, seguramente, existiu, nas vontades não cumpridas das entranhas do meu ser.
Respeito o poder de minhas decisões sem, por isso, me isentar do desconforto de vozes que se calaram dentro de mim.
Pois, se não o fosse, estaria eu aqui a pensar, simplesmente, na ternura que envolva a supremacia da especie.  Contaminada pelas circunstancias, abalada em seus pressagios, carente das vidas que não obterão forma.
Não me penitencio, sem esquecer o obvio do que é sentir para não chorar.  Chorar, para continuar vivendo.  E viver, para propagar meu destino.
A vida, o acalanto dos que o merecem, muitas vezes furtivo, sem palavras.  Doce e esguio, como uma promessa a não se sentir, posto que não é vida.

domingo, 10 de setembro de 2017

SIGO INTEIRA

Procuro um lugar onde se esconda a ansiedade, em meu caminho tortuoso.
Vislumbro-o e a sede se faz completa, no terreno fértil em que minha vontade pulsa presente.
Mas não é única, talvez nem mesmo plausivel.  Meu medo chora, clamando pelo não trivial, em trilhas que sejam somente o destino.
Gostaria de bastar-me, sem dó ou piedade, numa certa bravura de contingencias não esquecidas, no limbo onde me equilibro, desejo próximo de todas e quaisquer aventuras.
O ideal surge como meta à priori, desvanecida pelas cores do cotidiano, que segue, ereto, não ao menos justo.
Pois, se de fato, me apraz,  seguiria eu os trilhos da bonança do estar em loco, ao mais sincero comigo mesma.  Mas o tempo resvala nas vicissitudes de uma espera que já não é mais o que sou.  Revelo-me com o medo de um futuro que me abarca, e dele não me sobre ainda que esperança do estar completa.  Flores que se despetelem pelo caminho, o importante é, um dia, terem estado presentes.  Para que, delas, não me olvide, e julgue o certo como predestinado.
Aumentam, dentro de mim, as forças do obvio que se obstina, quisera eu somente o lúdico, parassem os compassos do relogio que me atormenta.
Dê-me fé, da qual dela me nutro, e anseios, não menos justificáveis.  A água que envolva meu corpo, e o crédito de minha boca embargada.  Rezo por um sorriso, já não me importa daonde sua procedencia.
Deixe-me ficar ao esmo, olhando, por entre as frestas, a alegoria do ser.  Sentindo certa ternura, e embalando minhas virtudes.  Na segurança fragil de que as opções se completam, no desafio dos dias que correm.
Vá-se medo, posto que é finito.  Aguce a chama do pranto incontido pelo não saber.
Faça-se criança a cada desejo dado, e contemple-se o jardim de possibilidades infinitas.
Pois se, assim o sou, o Sol surja pelo cimo de um horizonte de montes calmos, e nem mesmo a memoria se faça complascente, embora finita.
Galgando vou, pelos degraus da incerteza, destino fertil a permear o compasso de meus sonhos.
Aqueça meu coração a alma dos divagadores, num murmurio cálido de paciencia que se baste.
Aos céus os montes, a mim a vida, que segue miúda, em toda a sua intransigencia e deleite.
A saudade do novo me compõe, e me penso inteira na contradição do que houver.
Angario forças, e não mais escuto meu lamento.  Sigo-me inteira, por decidir meu destino.