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terça-feira, 28 de abril de 2020

ESCREVER

Escrever é olhar pela janela, e ver a árvore sorrindo, alvoroçando seus galhos, ao final da tarde.
Deixar-se levar por um mundo sem contestação, onde palavas não encontrem o incerto, mas apenas apenas a luz que vai despedindo mais um dia.
Sao as mãos que teclem, na procura de um sentido, sabendo a finitude, nas mesmas sucessões de perguntas, que não terão respostas.
Dedilhem-se compassos de momentos perdidos, esperanças machucadas, mares revoltos, e a árvore aqui ca estara.  Por vezes perene, outras revolta.
Escrever é o navegar em uma nau por oceanos, rios, brandos ou impetuosos, vindos de soslaio, ou que já nos estavam à espera.  Desvandando mundos, desbravando terras, encontrando, em nossa solidão, um loco de empatia .
Onde as palavras se fazem sentido, reverberando dentro de nossa alma. 
Depois delas, novamente se faz silencio.

domingo, 26 de abril de 2020

UM PÁSSARO NA IMENSIDÃO DOS CÉUS

Quero ser um pássaro livre, e voar nos céus onde o oxigênio seja rarefeito.  Alto, muito longe do mundo dos homens, onde minhas asas comportem a eternidade, e meu alçar seja um círculo de sonhos perpetuados.
Quero me preocupar apenas com meus momentos de parada, em algum rochedo, aqui e ali, um descanso inevitável, um aprumo ao visualizar a paisagem, o azul do céu, cálido, ao oferecer o presente da imensidão sem fim.
Quero procurar minha companheira no momento certo, sem riscos e dores, pois o principio da espécie é feito de matéria e submissão mas, sobretudo, da força dos não resignados.
Voando, desvendarei terras, alcançarei mares, e gozarei da solidão dos que perpetuam a vida dos inocentes e não crédulos, porque o mundo é feito de angústias travadas dentro de nós mesmos, pássaros que somos, gaiolas em nossas existencias.
Abençoado o sonho das correntes que me desamarrem, e levem às alturas, onde emerjo em ritos de passagem, dançando por sobre vôos, entre as nuvens que me façam companhia.
Voe, dentro de mim, galgue as alturas, onde os céus são infinitos e não caibam as solidões de nenhum tempo, sem passado ou futuro, a se pensar ou sentir.
Firme-se num ponto distante, sólido e visível, que ainda me dê a esperança de que haja vida na imensidão de um oceano de azul, profundo e vasto, completamente adorado pelos meus sentidos.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

PRECE DIVINA PELA SAÚDE

Num pedido mudo, um grito calado na garganta

Meu corpo, não me abandone, e deixe de mim

Habite o sangue que jorrou minhas veias.


Numa prece aos céus, nos sorrisos das minhas dores

O cansaço dos meus sacrificios e da minha vontade

Dos tempos sejam recompensados pela ternura do Infinito.


Que a prece divina alcance meu ser, e se apiede

E me dê a saúde dos fortes, na tez da compaixão, com suavidade

E que eu saiba extrair dessa lição o proveito do saber e humildade.


terça-feira, 14 de abril de 2020

ENCONTRO NO PARQUE DE DIVERSÕES

Eram dias felizes.
Gustavo, meu pai, costumava chegar cedo do trabalho.  Trazia consigo a vitalidade para brincar, duas barras de chocolate, e seus cabelos louros que se esvoaçariam ao vento.
Entrava em casa com ar de cumplicidade, e eu já sabia, de antemão, que viria o nosso momento no parque.
Era só o tempo de pegar o cantil, entrelaçarmos nossas mãos, e caminharmos por três quadras, e lá estava ele.  O meu parquinho de diversões.  Colorido, pequeno, balança, escorregador, um mundo, só meu e de Gustavo, meu pai.
Primeiro, a balança, o voar ao vento, empurre com mais força, eu pedia, e ríamos juntos, até que meu pai se decidiu a me ensinar a arte do balanço.   Dobre suas pernas para trás, fortemente, filha, até o ponto mais alto da balança e, lá de cima, as libere.  Meu corpo assistia, despojado, ao vento que se renovava a cada vez que eu ia e vinha, maravilhada pela descoberta de um novo capítulo de mim mesma.
Houve outro legado que separou nossas vidas.  Quando meu pai deixou de ser aquele que, meramente, empurrava minhas costas, passando a me olhar nos olhos, à minha frente, já sacramentaria meus primeiros passos de autoindependencia, por ele transmitidos.
A gangorra era um mimo.  Gustavo adorava o suspense de parar, embaixo ou em cima, tanto se lhe aprouvesse.  Eu adorava os momentos da volta à emoção, e os valorizava ainda mais.
Fazíamos associações com palavras, brincávamos com o silencio, e desfrutávamos a alegria de sermos pai e filha.
A volta ao lar era feita com a certeza do encontro dos sentimentos vividos, e a esperança pulsante dos dias futuros.

quarta-feira, 1 de abril de 2020

SOMENTE OS DIAS DIRÃO ( BENDITA A POESIA )

Bendita a poesia, núcleo em si, beleza ainda pura
Saio ao Sol, ainda posso, raios me inundam
Deles nem aos menos sei, mas me confronto
Sem saber o nome de meus conflitos.

De que importem paradeiros, são apenas referencias
Estamos cercados pelos mesmos dilemas, ácidos
Penetrando em nossas peles, desafiando nossas almas
E as claridades do Sol, que abunde nosso espírito tácito.

Preciso das flores e de uma embriaguez terna, um lindo vermelho
Ou um rosa cálido, e águas para regar, pássaros que voem
Para me lembrar de que a rotina do que sempre existiu
Ainda some uma gota na memoria lúdica dos dias.

Avancem, perpetuem-se, e corram vida afora.
Imutável, na minha resignação estarei, vendo o mundo derradeiro
Da concordia universal ou do não unificado, que de nada valha
As duas faces da mesma moeda só refletem o vazio do caos.

E o infinito toma parte, tece fibra, e se transforma
Somente os dias dirão, das letras que se compõem
As palavras que as tenham, sem ou com linha, e respeito
Virtude, inquietude do destino, traçando a vida ao seu redor.