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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

LEMBRANÇAS POR ENTRE AS COBERTAS DO INFORTUNIO

Na nau dos navegados, não existem cores
Os amores se confundem com os gritos de lascivia, e a árvore não brota seus ramos
Um semblante se emudece, e cala seu choro de menina
Num mundo que surja, sua pele não é tez, mas desafio de quem lhe renega a compaixão
Inunde-se um mar de tristezas, no seu choro calado, abafado pelo seu grito de terror
Mal sabe ela as dores que lhe virão, e as lágrimas do prenuncio ao destino.           

Tudo fará sentido, ou não, como um poliedro de várias faces
O já predestinado ao que haveria de ser
Entreguem-me mais linhas, não me cale a palavra, tanto me faltaram os sonhos
Arrancados, apunhalados e dilacerados por sobre as cobertas do infortunio
Sozinha, enxerguei Sois que não olvidaram meu futuro, que sei eu da verdade
Agitem-se mares, soprem-se ventos, a natureza não parou seus dias
Mas fui eu, crescendo, entregue à minha sorte, como um boneco, brincando-lhe ao sabor
Das intemperies e dos gozos, de meu ventre que me há dilacerado em vida
Dentro dela, seus passos soarão a morte das lembranças malditas enterradas
No desespero pela propria existencia, ainda que torpe, maltratada, assim divina.

Quando a palavra esgota o sentido, e as letras cansam os olhos, paro e contemplo a finitude
E o momento do desapego é de tristeza infinita, pois a realidade é a que se mostra
Como se nunca houvera sido outra, desde um minúsculo ponto daonde tudo começou
Ou, quem sabe, antes, entendendo a cobiça maldita, o amor renegado, e a vida que passa
Escorrida por entre dedos, caprichosamente, porque as verdades são relevantes
Desde que se a tomemos como tais, e delas bebamos seu gosto e fel.

Devolvo o lado do rosto que me foi batido, porque aprendi a desesperar em asas
O corpo da mulher que, outrora, se viu preso ao chão de algemas acumuladas
No Sol que, afora, se faz, imaginar seu grito de libertação e pintar os azuis em sua memoria
As nuvens que se passam, dormentes, em seu espirito, mostrando a dimensão do que o seja
Ou será, sem paradeiro, apenas fluindo, na sequencia dos dias, na ramagem das flores
No andar do tempo, que não esconde seus segundos, e por isso sempre certo está.

JA NÃO HEI DE JAMAIS BUSCAR

Quando o lancetar feito um punhal em brasa
E o coração das pessoas alcançar o alvo dos seus sonhos
Aquietar e deixar-se os pingos de chuva cair.

Os tormentos do outrora clamam as desilusões
Lindas auroras tecem madrugadas inacabadas que nem murmuram
Seus sentidos fenecem de carencias, por entre desalinhos.

Valem-me as flores, escuto seus silencios
Perfumes de outrora, ao estar na poesia, sem lembrar
No sonho, desejo, vontade do mais que ser no orvalho permitido.

Aqui, só, é um lugar, no que somente faço um jazigo de recordações
Infinitos propósitos de amarguras definidas, num descompasso
Me enlaço a anseios que já não hei de jamais buscar.