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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

ASAS PARA A LIBERDADE

Felicidade.  A presença da ausencia da morte, tema de um livro, companheiro de minhas andanças.
Lembra-me independencia, numa frase emblemática.  Morte, o momento vazio onde não há mais o pensar.
Pequenos momentos, livres.  Do medo pelo existir, e por todo e qualquer julgamento moral, que cerceie as opções individuais.
Posto que é fato, livre de quaisquer expectativas, num espectro inteiro de satisfação para com o que se tenha.
Estou feliz, não mais o sou.  E minha visão da morte atormentada se torna palco de fundo de meus átimos de redenção, apenas.
Voar, simplesmente.  Saborear a sensação do encontro com as nuvens, e a visão de belas paisagens.  Encontrar o motivo que justifique o inesperado, modelado nas asas de um avião, que corte os ares.  Certeiro, veloz, digno de sua propria envergadura.
Por sobre mares e oceanos, terras desconhecidas, esse pássaro gigante, criação do homem a sua essencia, se desloca.  Somos mais do que existir, no momento em que criamos nossos proprios veiculos para a liberdade.
Sartre postulava que a existencia se dava à priori, resultando dai o homem angustiado, vitimizado pela sua propria crise.  Escolher rumos é tarefa árdua, não resultante em caminhos virtuosos, muitas vezes.  Mas, de como conflitada, e a única via que possa preencher as expectativas do ser.
Livres aqueles que se permitem adentrar ao mundo da não pré escolha definida, e tomada de riscos calculados.  O que ai está é para ser saboreado, nas suas dúvidas e contingencias.  Com as limitações de cada ser como individuo, muito embora um moto continuo para toda a humanidade.
Eis-me aqui, tomada de coragem, rosto ao vento, e uma passagem com destino.  Remoto, mas pulsante.  Livre, em acorrentada pelas minhas emoções.  Num diálogo continuo entre as minhas expectativas.
Sempre gostei de aeroportos, que simbolizem o efêmero do trânsito, para de onde se veio e vá. Com uma identidade definida pelo não paradeiro.  Com os quais ja convivi, em momentos de cansaço e perguntas, sempre a me dizer o incompleto. Como me tornei cronista de aeroporto, vale lhe atribuir uma nova missão.  Que seja linda, pois minha esperança é a mesma.  Viver o que há de bom, o quanto efêmero, pois assim se faz.  E com alegria, pelo prazer da escolha.
Ana, são tantas as vezes em que lhe encontro, e tantas palavras bonitas foram as que trocamos.  Não saberei porque tive uma chance, a você não dada. Em nossas conversas, agora, só sinto você, mesmo estando em não palavras, e nem mesmo sei que tipo de anseio elas me causam.  Por você, tambem decido ser livre, para que a vida me proporcione um verdadeiro sentido.  E continuarei acreditando no pressuposto de que os instantes de felicidade que encontrarei, a priori, não são tangiveis preconcebidamente e, sim, fruto do meu aprendizado para com o viver e seus dominios.
Voce é linda, sua luz o é.   Sua ida foi o instante derradeiro para eu me certificar da minha total fragilidade, enquanto ser humano.  Minha gratitude pelos inúmeros presentes com os quais tenho sida ofertada.  E só posso chorar, pela grandeza dessa conscientização, que vem de encontro à sua vida suprimida.
Não deveria ser assim, mas o é. Sem arrependimentos e explicações.  Felicidade ou morte, o livro à minha cabeceira.  Eu escolho voar.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

SIMPLESMENTE PÉTALAS

Vozes estranhas habitam as paredes da esquizofrenia.  Pensamentos que se mesclam, numa inteligencia subliminarmente declarada.  Um mundo em si só.
Depois encontrar uma criança, inocente em sua infancia.  Aluma.
Cansaço preenchido pela doce sensação de encontros inesperados, no céu que se abre, o qual chamo vida.
Que mais lhe quero ainda, quero mais.  O retornar ao sonho, ainda mais perto e melhor.  Fantasia de dois corpos, num momento muito amplo para curtir.  Só poesia.
No coração que bate a passos largos, antevendo um futuro de memoria, inóspito pelo seu não acontecer.  Presente na vontade, cheio de esperança.  Por isso, a temer.  Castelos de sonhos se desfazem ao sabor dos ventos.
Mas não há o que impeça o sonhar.  Nem as palavras sussuradas, nem a fantasia do enlevo, nem a quase sensação do seu corpo inteiro, me levando depois às lágrimas.  Pois chorar já se tornou um artífice, bom companheiro dos sentimentos expressos, numa torrente que limpa a alma, no seu momentâneo.
O presente é a questão.  Nele façamos nosso tempo, cada segundo a própria vida, parte de poesia, real imaginário.
Assim, me vi conversando com várias facetas de uma pessoa, e tudo não durou menos do que algumas dezenas de minutos, suficientes para ampliar o mundo da minha compreensão.  O estado de loucura pertence a um sitio básico, de probabilidades amplas e bem menos definidas.  Onde a dor parece não esbarrar em nenhuma contingencia sólida.  Ate mesmo invejável.
Eis-me outra vez,sentada, dedilhando meu roteiro, sob o fundo de um dia primaveril, que foi intenso, desde a saudade até meu grato contato com as crianças, que me renovam, de cada vez.   Aprender é um processo simbiótico que, se encarado como recebimento, é a mais pura fonte de satisfação. Elas sorriem, se desesperam, e vão, no seu manejar, adquirindo as proporções do que é o viver.  Todos, invariavelmente, na mesma roda do destino.
Um dia ainda mais importante.  Para mim, ele, você.  Surge uma pequena nuvem de esperança, não mais.
Toda, sem grandes pretensões, mas com muita vontade.  De que venham dias promissores e melhores.
O voltar para casa, e ouvir, sem trégua no tempo, as canções que fazem transbordar minha alegria e desejo.  Acordes do que me é lembrança, que criei no meu mundo em paralelo, e dos quais passam a fazer parte da minha tábula rasa.  Cantar, dançar, fluir, sorrir.
As flores continuam à minha frente.  Algumas pétalas já se vão, me lembrando sempre de que o maior compromisso é o viver.  Mas o belo existe também na tristeza desse cair, como no desabrochar.  Somente uma questão de se olhar ao processo como um todo, não mais.
Brindo as flores, e sua sapiência.  Aos sons, que me levam à inspiração, e se tornam companheiros no meu não esquecer.  Às crianças, que me acontecem a cada dia.
E a minha capacidade de amar, acima de tudo.  Encarando o medo e a solidão.  Fazendo um pacto de silencio genuíno com meus sentimentos.  Enfrentando a agruria da paixão não correspondida.   Deixando sem respostas o que não há de se indagar.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

BABY, BABY ( MEIAS À PARTE )

Quatro da manhã, na minha vida notívaga.  Silencio total, só me restam os teclados.
E eu vou viver a minha experiencia do ser, com ou sem loucura.
Amanhã é a cobrança, em mais algumas horas.  Nesse entremeio, sou livre para andar com meu roupão, não sentir frio, e escrever até que a morte me separe.
Um cigarro.  Dois belíssimos jarros de flores, brancas, roxas, vermelhas, me asseguram de que os momentos continuam, no só brincar da imaginação, sem medo.
Há alguns dias atrás, me vesti com o personagem da despedida.  Saia jeans, meias, um tamanco altíssimo, e esperei o telefone tocar.  E as horas foram passando,  o banco do meu carro e as esquinas da garagem do aeroporto desaparecendo.  Lembrei-me do cartaz que mencionava aquela frase correta, e fui me deixando ficar com meu tesão reprimido, ao som de Caetano.
Mas estava linda, só ternura em frente ao espelho, uma boca pintada e os cilios muito pretos, exatamente como eu gosto, sempre nas fotografias.
Despindo-me aos poucos, cantarolei o que ja não é mais parte fora de mim, e me senti tao desejada como antes.  Meu corpo estava febril de paixão, mas ainda sou uma menina, para a qual o tempo sorri, e a sensualidade só faz conta.   Nua a mim mesma, não menos bela, já que o nome carrego, e deva fazer jus.
Nas paredes do meu quarto, um rosto já não houvera, entre tantos.  Não suficiente o fosse para não entornar o meu melhor blue, regado a BB King e goles de vinho.  Para diminuir a dor, ou aumentar o prazer, tanto faz.  Todo blue tem a palavra baby, so this is it.   Baby, come here, let me just feel you.
Seguirei minha vida vivendo o drama, ou serei cool forever ?   Dificil dizer algo sobre minha alma inconstante. Não a tal ponto.  Sei o que quero, mas adoro a cumplicidade do jogo do amor.    E um vinho tomado a dois e sempre muito saboroso.
Pois, senão da espera, onde estará o aeroporto ?   Preso as minhas lembranças, esperando por mim, jeans e boca ao mel.  Futuro próximo, no mais provável.
Ao que se dirá, sabido já era.  No contexto, muito mais volatil.  Eu ainda sou uma surpresa das decisões de mim mesma, e brinco os jogos a que me aprouver.
Um detalhe.  Meu quarto não tem paredes e, minhas meias, nao soube tirar.  Precisei do auxilio do meu consciente não ebrio, mas faço da vida uma grande tela de aprendizados.  Em meu futuro, uma verdadeira escola de não mais marionetes.
 Guiada pelos meus dedos que nunca sabem o que os espera, fantasiando meu oncoming future, desfrutando a colacao da lingua inglesa.
Abre-se uma nova semana, cheia dos percalços do amanhã.  Eu, aqui, sublimando mais um texto, rainha da noite.  Roupão e desejo, flores à minha frente, numa eterna ansia de viver.
So long, daqui a pouco se abre o dia, e me lembrarei de que o sono nao vingou, mas dele me esqueci.
Deixo-me, apenas.  E somente mais um dia.  Tão grande quanto, ou banal.  Despirei minhas meias, para depois vesti-las, ou serei nua no todo, saboreando as fatias de cada felicidade.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

MURMURIO DE BOA NOITE

Há um coro de silencio lá fora.
Resolvi viajar para a China, pois la sou amiga do rei, numa distancia bem longa, onde só eu seja apaixonada por minhas palavras.
Visitarei a Mongolia e as torres do sem fim, e as escadas de plantações  de arroz, nunca se sabe.
Descerei leste afora pelo Laos, completamente inóspito em minha imaginação.  E declamarei o coro de vozes, ao som das crianças do Vietnam.
Encontrarei uma ilha solitaria no Pacífico, e aproveitarei meus dias pensando em água, cocos, e além mar.
Sobrevoarei paisagens de que não conheço, na ansiedade de me sentir fora do planeta.  Ouvirei linguas estranhas, e enfrentarei desertos de calor e neves ousadas, entre rostos loiros e amarronzados, privilegio antropológico da raça humana.
Voltarei a um tempo muito antigo, com jaleco branco, circulando por entre as passagens de uma faculdade.  E não saberei a hora da aula de anatomia comparada, para fugir ao cheiro de formol do laboratorio.  Corpos humanos abertos para dissecação não são interessantes, apenas na memoria do relativo.
Percorrerei as idas e vindas do movimento estudantil, em toda sua ousadia e crença, mulheres e homens, carentes em sua permissividade.  Um ideal a acreditar pelas costas, e a vontade de ser feliz.
Encontrarei minha mãe, velhinha, do alto de sua senilidade, a me sondar os caminhos do coração, no eterno reflexo de nossas duas vidas.  Sorrirei, a quem se fez criança, outrora so uma mulher.
Ondas que batam na espuma branca da areia que dorme, eis me sem paradeiro, pois o mundo é grande, as letras inúmeras, e a emoção uma só.
Doce silencio de Shabbat lá fora, o frio que atravessa meu corpo, e que pede aconchego. O livro à mostra, para que eu me delicie, e as páginas viradas do lido que já se foi.
O barulho lá fora é sutil, como o é o do meu coração.   A escrita vem, presenteia, se cala, e eu sigo olhando o obvio, sem mais, tristeza.
Areia que bate, ondas ao mar, todos os cenarios, em suas inumeras paisagens.
Eu, mesma, lida por milhares, como se a aprovação fosse requisito para o ser.
Ainda há sorrisos, e mesmo gargalhadas.  Passagens, doces rios e cachoeiras.  Norte a Sul, nada mais do que uma imagem.  Para eu me sentir inteira, sem medo do belo.
A tela nua, à minha frente, me convida à pintura que vira, pois preciso de mais lilás à minha volta, com o preto dizendo sim.  Ou não.
Todas as formas que estimulem minha sublimação e a fuga do momento em que o mundo dos homens se faça real.
Poesia e cores, passeios sem arrependimento, e chegada a fartura dos morangos, campos com colhedores oriundos de paises pobres.  Para que nós, privilegiados, nos refastelemos.  Captarei, ao som de minhas imagens, para não me olvidar de que sou uma furtuita observadora do ser.
O tempo urge, parado, e faz nota com a solidão do não estar alegre, ou triste, mas só em vida.
E vou dizendo adeus, como um murmurio, sem notas ou cores, de volta ao sonho e ao branco, de que de tudo toma conta.   Amanheça o Sol, supere a noite, e me acorde abraçada, num doce enlevo de bom dia.  E ai sorrirei.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

DOCE CHUVA, PEDINDO AO FUNDO

Tão sedutor quanto o encaixe de dois corpos, o encontro de duas linguas, e o prazer do sexo.
Maravilhoso como ouvir tudo o que se queria falar, e mais.  Pedir, sussurrar as palavras certas.
Ficar inebriado, e esquecer o orgasmo que surge, de repente, surpreendendo a todos os sentidos.
Entregar o corpo a todas as caricias, sem nenhum trajeto.
Muito bom viver, em conhecendo a aventura do se permitir.  Naquele beijo que não pede, mas não quer terminar.  No toque em que se sente a força de dois braços, e a vontade da total entrega.
Pedir mais, e não parar.  Sempre, sem pensar.
Baby, take off your clothes, slowly, slowly.  Para você, meu melhor strip-tease, sem mais.
Muito quente aqui, mas eu já estou sem roupa.  Como meu pensamento que, nem ao menos, viaja.
Sentidos do meu corpo, eu vivo esse blues imaginario, e conservo so meu chapéu.
Começo pelos tamancos, tão altos, com os quais me sinto uma deusa. E ai pergunto, ou não, sua vontade.
Como não tenho ideia de como tirar minhas meias, voce pode me ajudar. E não me importo de que percorra minhas pernas com caricias, porque a estrada do desejo é longa.
Saia jeans, gosto de ser menina, muito fácil de ser tirada, assim, devagar, junto com os movimentos do meu corpo, só para lhe excitar.
Camiseta normal, mas faço dela um lenço, bem bonito, e flutuante, para poder instigar sua imaginação.  E, tiro, devagar, no frio que so vai virar desejo.
Paro. Esse momento é de uma pergunta no nosso olhar.   Pode não ser a mesma, mais vale o silencio da contemplação.
Virar de costas ou não, para tirar o soutien.  Sete semanas e meia de amor, com certeza paro por aqui.
Dispa-me você, para eu sentir menos frio e mais prazer.  Para eu ouvir, mais perto, as palavras sussuradas que sua boca me proporciona.  Para eu sentir seus braços, tomando meu corpo.   Esquecer, ou não, tanto faz.
À minha frente, flores, coloridas.
Ficando longe, o tempo se esvaiando, brincando de escorrer.  Peça-me para ficar presente, pois perdi meu paradeiro.  Nas mensagens não mandadas, de todos os textos lidos.  Só encontro as mesmas letras, e um futuro que não é presente, força ou nada.  Na solidez do silencio, meu chapéu que não conservo em minha nudez.
Tanto faz, no dominio do desejo, estou. Completamente ferida, com a chuva que recomeça, a se fazer companheira.
Escolho minha solidão.  Nela vivo, e perpetuo meus dias e anseios.
Nada há que os apague, pois continuo no rumo de minha busca.
E o fogo do paixão, que não mais me consome, acena um adeus, de despedida tão longe.
Caia chuva, e me transborde de delirio, ou simplesmente sinta meu corpo.  Minha alma ali já esta, e eu desabrocho do fundo do meu ser, sem que me leve à eternidade de todas as minhas perdas.
Esse batom em minha boca, tão roxo e vibrante, me traz à tona o pulsar de mim e e, até mesmo, um acalento.  Meu momento de mulher, tao mais segura e plena, pronta para a vida.
Num canto, somente.  Sem nenhuma melodia que eu sabia, todas parte de mim.
Sigo meu rumo, com amor pelo meu destino, e a vitoria das minhas derrotas.  Sou eu, simplesmente.
A chuva bate seus pingos, e eu continuo a escrita.  Nos comunicamos pelo obvio, e penso nas distancias, na dor, e no livre em ser.
Nas respostas que não terei.  Será assim.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

AGORA UM TROVÃO ( ROMPENDO O TIC TAC )

Lá fora, o barulho da chuva.
Tic tac tic tac faz o silencio.
Mas chove lá fora.
E o silencio tic tac dorme como um gigante, na espera.
Percorro com medo minhas letras. De gritar, já passou.  Agora é só o tic tac do silencio, nada a ouvir, pingos de chuva, na minha solidão.
Se estivesse num campo, bradaria.  Mas estou aqui, sentada à minha cama, escrevendo, e o que pulsa é esse relogio atormentado.
Nenhum barulho, ou som que venha, na monotonia dos dias comuns, que se anunciam.
No meu coração, que não ousa mais um suspiro.  Tic tac, nem ao menos de verdade, ao meu lado.
Viver a vida, em se equilibrando num fio.  Erguendo-se, caindo, doce esperança da ilusao.
Ouvir uma voz, para quebrar o compasso avassalador dos tic tacs do momento.  Que não passam e se renovam.  Hoje o choro não é mais vida.
Um pequeno sopro, ou algo tão grande.  Uma voz, para quebrar a escuridão de um momento, de um quarto que não tem frestas.
Tic tic tac, para variar.  Tac tac tic, para ser pernóstico.  A ordem dos sons não muda as badaladas de um relogio que caminha para a frente, impulsionado pela vontade de uma decisão.
O relogio que está ao meu lado parou.  Acordou mudo às dez para a meia noite, e assim deixei que ficasse, para descansar em sua pretensa imortalidade.
Tic tac e são os rostos vivos que somem, na página do tempo que se vira.  Aqueles, cujas fotografias tomam o lugar do coração, na lembrança.
Mas hoje sou por alguma lei da física, bastante conhecida.  De que os corpos caiam por causa da gravidade, de que não sei absolutamente o que é relativo.  Da atração entre eles, quem sabe no quesito eletromagnetismo.  Eu adorava a disciplina antes do vestibular, muito embora pouco se tenha dada sua aplicação.  Na verdade, em pensando, também seja muito util.
Chuva caia, pingos de relogio.  Relogios de gravidade.  Tempos que voem.  Saudades que passem rapido, ternura que não se morra.
Tic tac de novo, como se fosse um som que não parasse de bater à consciencia.   Estou passando, voando ao meu eu, lá longe, não se vendo mais meu rosto.  Não chore, porque o amor é feito de perdão, como a mais profunda das noites.
E as palavras não ditas não sepultam o desejo de não serem vividas.  Apenas se esqueceram, embora tivessem brincado tanto.
Por isso o badalar dos relogios da vida parece ser sabio, em sua monotonia.  Não o que o faço parar, a nós que estamos à mercê dele.
Como um quebra cabeças gigante, parte por parte, ninguém é tão inconstante.  Apenas eu e você.  Mas isso já é passado.
E sua voz ?  Como será ?  Quais os timbres do alcance de sua paisagem ?
Eu adoraria estar voando agora.  Atravessando o Atlântico ou, quem sabe, indo para Estocolmo.  Bem mais de volta aos trópicos.  A viagem é linda, para quem se senta, e vai.
Mas há asas para quem fica.
Um badalar que diz dor, amanhã, silencio.  Doido e muito solitario.
Passo e fico, como o universo.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

DESPEDIDA ( EM SÓ CARINHO )

Olha la o avião.
Vai cruzar os mares, e desfrutar fronteiras.  Talvez passará pelo Nilo, ou Alpes, inesqueciveis na sua beleza.  Mais valem as do coração.
Daquelas que não se separam, nem em um grito de morte, mesmo estando juntas.
E, dentro dele, a vida que pulsa, e as estorias que se deixam ou levam.
Eu fiquei.  Mas sem medo das distancias, que viajam junto com elas. Que nada as tirará do meu consciente, ou o dentro de mim.
O futuro espera com seus sonhos, disfarçados em realidade, num pedido de apego.  Numa crença a salvação, e o destino dos que o pecam.  Nao suplica doce ao dominio da paixão.
Viaje, esteja sempre, você e sua luz.
Que o mundo dos homens não é capaz de apagar, e nem teria o porquê.  Suas incertezas fazem parte, e seu amor desabrocha, numa sequencia que lhe faz inteiro, menino, homem, digno de viver.  Nos saltos que a vida dá, e no sentimento presente em cada um de nós.
Viva seus erros, que serão muitos.  Para isso você nasceu.  Para ser livre.  E cultivar sua dor, que faz parte.  Ela é de todos nós, marcada em ferro e brasa, nem por isso menos linda, na ansia do viver.
Sorria esse sorriso que marcará minha lembrança, sendo mais do que parte de historia.  Minha descoberta e delirio.  Meu você dentro de mim.  Sem nenhuma amarra que lhe peça mais do que, simplesmente, ser o que se pode.   Vale a recordação de um momento que nao tem nome.  Sem espera ou paradeiro.  Cores distintas, aos olhos de cada um, por isso tão belo.
Motivo de muitas linhas e inspirações roubadas.  Paixão do infortunio, de onde não vem as certezas.
E um avião é lindo, desbravando o espaço, coerentemente sincronizado com seu momento de chegada.  Beije o solo do meu querido Brasil por mim, amor infinito.  Onde tanto está por vir e, não à toa, o porvir.
Uma grande ilusão encontrada num vôo, que fecha duas realidades, num momento tão átimo.  Favelas do Rio, Carnaval, Barra da Tijuca, Recreio, Copacabana, até os arcos da Lapa, dos quais so me lembro em fotografia.  O bonde de Santa Tereza, e aquele hostel, que tem tantas filiais, e de que meremamente não sei aonde me hospedo, já que Copacabana, de que o mar leva o labirinto bem mais para longe.  Assim a serra que liberta, e faz tudo tomar perspectiva.  Carlos Drummond ainda deva estar sentado em sua eternidade, de vez em quando alguem brincando com sua casmurrice.
Tudo para seus olhos, vale a saudade do que for, e seja seu.  Dos seus sonhos e perguntas, sem que hajam respostas.  De absolutamente todas as confluencias do seu ser, ou não.
Só poderia dizer agora que lhe amo, e isso é bastante.  Essa confissão no papel que, absolutamente, não exige nada, e do qual possa me orgulhar.  Pois não tenho a prisão da fantasia do encontro, muito menos se ele faça parte dentro de mim.  E de que sua consternação não muda a bússola dos fatos, eu, em mim, inteira.  Com a sempre escrita ao meu lado, verdadeiro presente.
Meu amor, não deixa de ser um jogo de contas de vidro.  Multifacetado, ângulos que brilham, outros opacos, um cristal.  A propria sombra da força e da delicadeza.  Todo para você, como uma rosa.
Que sua viagem traga a doçura do que haja de melhor em você, e do que o mundo dos homens tenha lhe ensinado.  Haverá um ombro que lhe aconchegue, e a doce constatação do passar dos seus dias, em sua grandeza.
As ondas do mar vão e vem, e se esgotam num nunca se acabe.  Também são boas conselheiras.  Essa redoma de vidro é uma ilusão da força do seu destino, e só lhe propõe soltar as amarras dos grilhões de você mesmo.
Viva suas contradições até o fim, dentro da sua beleza.  Ela é tão grande, que não cabe em minhas palavras.
E, da sua ternura, só agradeço.  Como a tudo que você me fez sentir.
Um beijo de despedida, ou quem sabe um alô.  Ou nada.  Não importa tudo, ou importa tanto.  Sempre só me deixara com um pedaço, que é esse que nos cabe viver.  Sem receios, até o mais fundo do comprometimento, só com o coração de que se tenha em cada um. O proprio, seu, de que ninguém, nem nada tirará.
Voe bem alto, sem sentir suas asas.  Se eu puder ser uma recordação, não se guarde.  Ela também é um sinal de esperança.
Adeus, até logo.  Não sabemos nem da dimensão de nossa propria existencia, enquanto homens.  Por isso, as amarras uma utopia, na vida que e, somente, liberdade.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

ADORO SER SUA

No palco, dois atores.  Cenario nu, com apenas uma cama de casal ao centro.  Grande, confortavel, propria para todos os tipos de enlaces.
Ao fundo, o som de uma música.  Frenéticas.
muito louco dentro de mim.
Personagens, eu, voce, o medo, e o desejo.  Não me toque, me deixe adivinhar.  Eu sei, era exatamente o que eu queria.  Agora, por entre as minhas coxas, meu doce poema erótico feito em prosa.   Deixe-me gozar sem parar, e talvez eu me esqueça.
Voce não pede, apenas obedece, e assim se faz o mundo.  Dentro, muito dentro, e só coração.
Mas a plateia espera, e o dia já se faz claro. Onde foram parar os raios de Sol ?  No céu de meu gozo em sua boca, só para voce não me esquecer.  As palavras acendem um fogo que não se cansa de queimar, para você todas as dedicatorias.
Ame-me como puder, mas me deixe louca.  Por que, só assim, vou me esquecer do tudo que ja não é, e me entregar inteira.  Olhando as nuvens do colorido que é querer e saber mais.   Pensando na cor dos seus olhos, e no seu corpo que anseio inteiro.
Fim do primeiro ato.
Voltamos, eu e você, um abraço, beijo, outro, e me sinto tão mais nua, como se já não houvera sido.  Puro erotismo.  Penetre-me bem devagar e me deixe ficar em cima sempre, mais, toda, desejo. Não quero parar de cavalgar, porque o sonho é muito bom.   Seu corpo suado de prazer é o meu, assim juntos, eu só sei o que é a volupia do seu membro dentro de mim.  Para isso espero, e para isso sou.  E já não me importa mais nada.
Sem a certeza, nem meio ou fim, quero voce.  Sem a palavra medo, que passa e brinca, pois meu momento é de risada.  Eventual circunstancia do ser, me deixe ser só inteira.  E você a meu lado, sempre dentro, para me dar esse momento.
Deixe-me beijá-lo, inteiro, como recompensa.  Sussurrar que lhe quero e ficar a seus pés.  E só me entregar, sem queda.  Desde que vocé me faça feliz por ser meu, nesse átimo, nessa loucura que é sentir.
Morder seu pescoço e deixar uma cicatriz como testemunha, em comunhão com meus mamilos que pedem seu afago, tudo muito rápido, nada muito lento, eu sou toda poesia.  Muito louco dentro de mim, muito louca dentro de mim.
Deixe-me sentir seu membro em minha boca, ttão devagar quanto um gozo que galope léguas, e se faz sentir. Que me dê o prazer do estar em você, agora.  Adoro ser sua.
Adoro ser sua.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

DOCE ACENO DE DESPEDIDA ( AOS TRENÓS DO NATAL )

Por onde prescruto, uma incrivel sensação de vazio.
Meu corpo reage imóvel a qualquer tato, e meu coração esta sombrio.  Acabaram-se as palavras, que levaram, com elas, a esperança.
Não sei o que me aguarda, nado ao leu. Sobrevôo as passagens de rios, passo e fico, como o universo. Do qual você fêz parte, insistentemente o porquê.
Momento de dor nao menos do que uma paixão nao correspondida.  A todos que me leiam, não venci, porque só sei estar sozinha.
O misterio íntimo das coisas é elas não terem misterio nenhum.  Alberto Caieiro, em seu Guardador de Rebanhos.  Em sendo Deus as árvores, os rios e as flores, se apresente a mim como tal.  Pois a vida um sucedaneo de desencontros, que eu aprenda a minha derradeira verdade, sem o sofrimento que Pessoa não enxerga, no seu mais puro existencialismo.
Que por um momento efêmero, desejei.  Com todas as minhas forças, e sem subterfugios.  E sofri a dor da magoa e perda.  Das palavras que feriram, e do punhal que cravei.  Dos sentidos não vividos, cumplicidade esgotada, sem arrefecer.  Até me bastar pelo sacrificio da não duvida.  Não há como descrever o sentido de um fim que se orienta para a morte, destino de todos, mais proximo de alguns, pelo menos em tese.
Foi cumprida uma sentença em uníssono como o viavel, expectante da banalidade do que é o ordinario habitual.  Sem maiores amizades, trocas e enlevos, e o resultado é medo.
De seguir ou ficar, por onde me encontre, as barreiras da solidão me sufocam e fazem tremer. Meus sonhos de garota se diluem frente à realidade que bate à porta, e cobra o viço do meu corpo, a sede do meu desejo, e o conforto da minha ternura.
Não posso ser o que não sou, menos talvez transgressora.  Porque não a mim a mesma fatia da felicidade, mas sim um relogio que clama o silencio de meus dias.  Eu, inerte, contemplando o amanhã árido de sonhos não vividos.
Porque a presença da não coragem nas minhas escolhas ?
Não encontro palavras, porque só as tenho no papel.  Junto a um gigante que, como um Deus dorme, assim termina Pessoa.  Perto do seu candieiro que se apaga, e as janelas cerradas. Muita paz para entender o obvio.  Devemos nos bastar a nós mesmos.  Os sonhos são criacões dos sentidos que, por sua vez, misterio algum carregam.
Ainda assim, quero chorar sobre o ocaso, embora minhas lagrimas estejam secas.  Voltar a acreditar no sorriso de uma lembranca, talvez.  Poder me permitir sonhar, o que nao aconteca.
Caminho para a morte, extremamente viva, que me chama.  O tempo vai avancando seus tentaculos pelas sobras do meu ser, a quem chamo vida.  E e inexoravelmente pontual e fatidico, sem me deixar opcoes.  Nao me perguntara a que vim mas, simplesmente, erguera um foice na hora marcada, e deixarei o mundo dos homens, tao somente eu quando o adentrei.
Brinquei com um sonho de inverno, no presente que ganharia de Natal.  Nao o vi a minha janela nem, tampouco, me esqueci. Cultivei-o, dentro de mim, como uma boneca que busca seu nome, na ingenuidade de uma menina que nao fiz crescer.  Agora vejo-o, ja ao longe, partindo e, nem menos, tenho forcas para lhe acenar uma despedida.
Acabou-se o Natal, os trenos e a neve.  No hemisferio sul, e verao, e tudo acontece.  O mundo parece gigantesco, quando a geografia e medida a palmos.  E as vozes, que nao calam, ha muito abdicaram de seu direito de viver.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

UM RIO EM MINH MEMORIA ( VOCÊ PASSOU )

Se por um segundo, eu o faria se eternizar. Clovis de Barros, sim.  Por muitos mais.
A felicidade compreende essa nocao de momentos que nao se queiram acabar, em muitas vezes dependentes da vontade do outro.
O merito esta em se conserva-la pura, nao contaminada pelas expectativas do que vira depois.  Ela se torna parte de um processo hipomanico, regido pelas forcas do nao saber e anti conformismo.
Que sei eu da felicidade e seus instantes monogamicos de recompensa .  Dentro das minhas carencias e visao nao objetiva do mundo.
Apenas sou, e espero a continuidade de momentos bons que se sucederao, doce alegoria do incognito. Lamentavelmente, o desejo e um poco sem fundo, dificil de ser alimentado, irrazoavel na sua textura. O medo de amar e o de ser justo, na entrega e na onipresenca, simplesmente letargicos produtos do presente.
Pois se em olhando a flor me sinto justa, e dela faco minha adoracao, o mesmo ja nao se da com relacao ao mundo dos homens.  Minha idolatria nao encontra eco de respostas, ate o fatidico momento do desencontro, em que qualquer palavra se torne dissonante, e o arrependimento mais valido do que seu fortuito.  Errei me entregando, como se ja houvera a nao resposta.
Nos momentos em que ja se sabia de antemao o infortunio, e so por isso a presenca era mais dubia, e a certeza um verdadeiro fantoche.  Em que, e talvez por isso, o ganho fosse substancialmente maior e desafiador.   A quebra do conformismo, da lisura das formas, e o encontro do nao articulado a priori.
Como seria algo nao moldado de inicio, fruto de duas vivencias e coracoes distintos.  Numa relacao de ganho de potencia, nao discriminadora em seu proprio ser.  De ajuda e recompensa mutua, simplesmente um homem e uma mulher, sem termos.  Edificante em sua propria natureza e bastar. Nitida, aprazivel, e limpa.  Fruto de um verdadeiro prazer sem medos.
Nao ha respostas, senao o proprio contorno da vida.  Que exige forca e confianca em sua total liberdade.  Carencia e sofreguidao expostos, sem nenhum aspecto de materia ao caminho. Simplesmente ser.
Ainda tenho resquicios na memoria de meu ser.  Mesclam-se as inevitaveis batidas do relogio que os levam para a frente, apagando as sensacoes.  Camuflando as interrogacoes do que, um dia, foi so desejo.  Ensinando que a melhor arte e a de nao nos expormos, para que nao, dela, advenha sofrimento.
Volto a questionar meus pedidos, que deixaram de se tornar suplicas.  Olhar para mim ou nao e funcao de seu proprio reconhecimento como ser humano e homem.  Eu, simplesmente, estava parada a margem de um rio, olhando voce, que passava sem se dar conta de minha presenca, na nossa eterna falta de compasso, duas velocidades desiguais.  Dois argumentos panteistas que se chocaram. Mesmo ao belo, um so destino.
O que farei com a nossa vida genial, como perguntara Ana Carolina.  Nada, pois se me e o que resta a fazer.  Articular um paradeiro na lembranca, onde imagens e sensacoes se sobreponham, deixando um pequeno legado.  O momento em que voce passou, e nossos olhares se encontraram, rio correndo, e eu, a margem.
E que seja assim.  Nao me desfiz dessa fotografia, e saberei guarda-la, ao meu prazer.  Uma imagem nao perdida na memoria, rabiscada pela caligrafia atormentada dos momentos que se seguiram, passionais, em sua maioria.  Verdadeiros no seu nao realizado, talvez com vontade, ao menos, de lutar.
Que me pesem aos ombros os infortunios do nao conformismo.
De tentar enxergar o belo sem fronteiras ou formulas.  Cuidando ou nao de mim, um preco.
Acreditando nas possibilidades da vida, como um todo.  Talvez sempre.  Nao ha motivos para o retroceder.
Onde estarao suas perguntas, nao saberia dizer.  Num lugar onde voce exija o que de mais verdadeiro puder encontrar, se houverem forcas.  Onde a conquista sera somente o seu proprio direito ao querer.
Lugar em que arrependimentos se calem, na vivencia da saudade, o maior presente.
Num rio sem paradeiro e, por isso, livre em suas respostas.