Seguidores

sábado, 4 de novembro de 2017

PROJETO EM VIDA

Tateando sobre as lembranças, me sigo acordada aos momentos em que vi.
Verbos do sentimento, o gostar não é espaço fluido, mas resultante de um passado que se foi, em minutos não contados.  Esvazia-se no ardor de átimos surpreendidos, e ousa se perguntar o futuro.
De quem possa, a quem sirva a certeza.  Nada do que acontece nos predestina à continuidade.  Somos finitos, em ação e pensamento.
Aproxima-se uma data, tão somente, festejo de um acaso, rápido, não menos cristalino.  Um ano se passando, veloz ou lento, no que se foi.
Filme à parte, lhe diria adeus no momento certo, acabado o enlevo, na volta à realidade.  E, assim sendo, não consumiria a paixão do desencontro, eco sem respostas de meu proprio transtorno.  Tão mais facil seria simplesmente me desligar, no cultivo ao desapego, e enfrentar, lindamente, a magia do desenlace, tão forte e sentida como dois corpos que se tocaram.
Vivendo sigo a contar os minutos do relogio que me separa da eternidade, agora já com menos medo.  Dos minutos que não acontecerão sobre as rugas de meu rosto, sofrido e adolescente.  Na presença tenue de uma esperança constatada, apenas na fertilidade do que chamo vida.
Cultivando a paixão do que é belo, me curvo ao silencio das emoções perdidas, e do choro incontido, que regou lágrimas de carencia.  Fruto total, o verde da grama e forte aos meus pés.
Um rio que segue, menos caudaloso, mas completo em sua essencia, agua que banha, e sentimentos que não se perdem.
Galgando não chego aonde poderia, porque as estradas continuam em suas vertentes, desafiando minha lógica e querer.  A escrita, mais esparsa, ainda acena seus braços às minhas contingencias, e me sinto louvada.
Tal fora eu, nesses momentos em que as palavras traduzem muito mais do que meros afetos.  Jogam uma luz de sapiencia na vontade de meu viver, e me revelam segredos escondidos no mais fundo de meu ser.  Entao me dispo e encontro, a mim que não conheço, somente nesses vãos redutos de troca com meu interior.
Torne-me plena a mim mesma, porto seguro.  Venham as lembranças como cálices, onde estarei aberta.  Revelem-se, em mim, segredos do que eu não sabia, talvez por minha propria pequenez.
Continuarei junto a uma procura infinda de desafios, muitos deles intermináveis, para que me sinta o aqui e agora.
Respire, dentro em mim, o direito à fuga do tempo e espaço, para que me sinta livre.  Sem medos do que virá, apenas pulsando.
Menos só do que estivesse, separada não menos do que meu projeto, em vida.