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segunda-feira, 23 de julho de 2018

SUOR

O suor escorre pelo meu corpo, sem controle.  Um atestado aos meus nervos  à 
flor da pele.
Tento controlar meus pensamentos, e manter-me inteira. Uma haste a não se quebrar, balançando contra o vento.
As perspectivas chegam a me apavorar, quando penso no futuro.  Busco, desesperadamente, uma metáfora que não desague em um lugar vazio, e que dê espacço a fantasia  Num lugar regado por um rio plácido, margens sem turbulências, eu, somente, a mirar o inevitável curso dos dias não perdidos.
Mais suor, como se não bastasse, água que se despreenda de mim.  Que evoque meus pensamentos subterrâneos, e os desgarre em forma de dor que me impulsione, o quanto dependa de mim.
Uma revelação me atinge, e me dá esperança, e talvez me faça, ainda que um pouco, dona de mim.  Sou ainda corpo, ainda que não menos susceptivel, mas dona de mim mesma.
As vicissitudes da vida são tantas, e eu lhes gostaria de não ser pequena.  Busco respostas, tateio caminhos, procuro esperanças.  Algumas serão vãs, e me conduzirão ao eterno caminho da expectativa não comedida, de que nada me vale, na avaliação incorreta do momento presente e do material humano.
Deve-se nada a ninguêm, principio básico.  Sim, aos filhos, nossa continuidade, propagação continua de um espectro genéti  co.  Neles concentramos nossas forças e alegrias, tormentos e reciprocidades.  De resto, não conheço o verbo, e nem sei se o espero.  As relações humanas são complexas e resumidas, carregadas de suas proprias convenções e erros.  Por vezes, acertos casuais.  Casualmente, linhas de raciocinio confluentes.  Inevitavelmente inequívocas, sem que eu não deixe de alimentar um resquicio de esperança por me nutrir delas, pelo menos a certo nivel.
Desconheço o futuro que me aguarde e, que me traz, mais do que nunca, o desvencilhar ao apego do que me fiz fiel e necessária, por puro egosmo, e a cujas asas protegi.  Onde luto, hoje, para que, elas, tímidas, voem, porque acredito, ao fundo de minhas contradições, de que não exista caminho outro de que não a busca pela liberdade, seja ela expressa nas cores em que forem e sentimentos que se impuserem. Existe o reconhecimento, tão como a morte, e a visão de paredes vazias e dias solitarios, agora em se mais, absolutamente calados, sem retorno, com minha total aceitação.  Não poderia ser diferente, havendo mesmo um choro guardado, que se despede em um ato longo de um fim de espetáculo, que durou o ensejo de sua vida pulsando.
Sobra-me o trabalhar e uma casa, nem tão somente minha, crianças, intimidade, projetos, falas, dinâmica, e o vazio do meu eu, a qual se abre um novo pano. Qual será meu novo papel, quanto dele sobreviverei, e se minha tristeza dará cabo de suplantar as promessas dos desafios dos dias que virão, inexoravelmente.
O olhar do futuro me estende a mão com timidez, houvera ela a mesma com que convivi toda a minha vida.  Não assertiva ou forte, hesitante, marcada por dores, mas não resignada a se entregar.  Ainda com a perseveranca dos que, aqui, chegaram.
Enxergarei conquistas ?  Haverá alguém com quem pensarei dividí-las, ou navegarei pelo curso da solidão reconhecida ?
Ao todo que não conheço, um brinde e muitas lágrimas.  Alegria e pavor.  Paralisia e vitalidade.  Resta-me saber o que restou de mim.   




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