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domingo, 14 de julho de 2019

ENVEREDAR

Se eu soubesse de antemao, acho que nao tentaria.  Mas como sabe-lo ?  Nao e so a curiosidade, mas a vontade de viver plenamente, brincar consigo mesmo.  Se sei  o que escrevo ?  Como o poderia, se nao conheco as palavras do que estou sentindo.  Penso que sei,  mas de cada vez que me deparo com as possibilidades, me vem a incerteza, ja que não me percebo a dimensao do que tenha como futuro.  E ele feito de palavras, palpavel, e pronto para se sonha-lo ?  Ou um desafio a que se deva enfrentar com a cautela dos sentimentos contidos ?
O que traz a felicidade?  E o sorriso, o rosto, as palavras nao ditas.
Diria Fernando Pessoa o famoso preambulo de que as coisas sao o sentido íntimo das coisas.  Doce ilusao, não nos solucionou nenhuma equaçao, posto se nao nos mostrou, o poeta.  Sentimentos, bens materiais, a natureza?  E o que é intimo?  Palpavel, fundo, dormente?  Passo, e fico, como o universo, mas nao gostaria de estar so, nesse  caminho.  Esse rio, dentro de mim, segue contemplando a vida,  mas quer ser acarinhado.  Olha a dor, a esperança, e nao para, como se seu destino fosse sempre a eternidade.  Dos homens, das coisas emblematicas, simples e sem causa.
A solidao?  A do mundo dos homens, que nao atenua o prazer, tantas vezes se impoe gritando, cobrando presença.  Ela que chega, se acolhe e brinca, tortura, corrompe e deixa vestigios.  Nao sei mais da solidao do que ela de si mesma, com todos os nomes de que se revestiu, ao correr dos anos, em que vou tracando meu destino.
Nao tenho a pretensão de saber nada, apenas de contemplar.  Como ja foi dito, a aventura de uma existencia, que um dia terá fim.  Simples assim, morto por antecendia, nao por expectativa.  Mas simplesmente morto a cada dia, sutilmente percebido e tocado pelos meus sentidos.