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sábado, 23 de outubro de 2021

INSPIRAÇÃO

Amanhã se alinha numa metafórica roupa

Esperando seu momento por ser vestida

Num corpo ainda nu, carregado por ansiedade

Sedento às respostas da vida em cotidiano.


Amanhã são as esperanças depositadas no maior

Palavras e gestos, incertezas que se somam

O melhor vinho é o tragado com a força dos sentidos

E a certeza do caminho dos dias acumulados.


Mas haverá ser sempre o amanhã aquele

Que predestina o bom, porque dele não mais se ausente

Seu leite e fel, alimento que forje sua subsistencia

E coragem de se saber o quanto valha viver.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

NO CAMINHO DOS DIAS

Hoje é Shabbat.  Acenderei velas, porque tenho uma linda árvore e esperanças.  Mundos de compaixão habitam meus pensamentos e esperam momentos certos para desabrochar.  Eu, me procurando um verdadeiro projeto de vida, o consolo pelo outro, a ponte com a dor.

Não sei se saberei viver a angustia dos dias, no prazer oco e sentido desregrado, os sentimentos já de tenra flor tão violados.  Sendo eu aquela que estenda a mão a todas as torturas, revestidas de cores diversas.  A ideologia é uma arma que subjuga a todos a que a ela se curvem.

Compaixão é o afeto, diluido nas crateras de um mundo movido a violencia e fast food, terminologias,  estereótipos e total ausencia de comprometimento.  Em se falando, nada possa ter mudado, as fronteiras somente se diluiram.

Meu compromisso é com a voz que não cala e sabe seu falar, ignorando o revanchismo dos gens que nada possam mudar.  Que olha o mundo através de lentes muito antigas, sabias, sem surpresas.  De quem não soube morrer.  

Para continuar existindo, há que valher a pena.  Não há célula de mim que se olvide dessa crença.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

ENCRUZILHADA

                                                                                 vida

                                                                             e

                                                                  morte 

                                                                         encontram-se

                                                                                                numa

                                                                               encruzilhada

                                                                             

      

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

NA SEQUENCIA DO CAMINHO

Leva-me vida, carrego minhas respostas no turbilhão dos caminhos

Em que se referenciaram meus momentos, a mim, que desconhecia

Não sabia o protagonismo, a virtude do elegido porque não pude

Fôra-me dada a dádiva do autoquerer e meus olhos se abririam.


Mas conheci as trevas da tempestade que agita a eterna noite

Sufoca os sonhos, e corta os pulsos imaginarios dos sangues

Deixando um rastro de eterno vazio na sequencia do caminho

Dos anos que se seguiram, como uma faca, a atravessar minha carne.


E, se aqui estou, não é por dúvida ou compaixão, vontade ou sorte

Simplesmente porque assim o deveria, já que não se fêz em mim capitular

Sem entender para onde as águas me levarão, não mais do que as perguntas

Sobre o vagar desse rio, que perfila o cotidiano de minhas memorias.



terça-feira, 19 de outubro de 2021

DÚVIDAS

                                                                            caminhos

                                                                                       dentro

                                                                                                 de

                                                                                       mim 

                                                                            pulsam 

                                                                   respostas

sábado, 16 de outubro de 2021

OUTONO

Existe um coração partido.  Em que não se combinam pedaços, cadencias, alegrias e tristezas.  Em momentos que não se mesclam e reminiscencias do que, outrora, poderia ser tão mais suave e confortador.
A vida segue o percurso de seu rio, águas que caminham em rumo à frente, desfilando a contagem dos dias, como eu, na minha estoria de agrurias, que nem o pranto poderia alcançar.
O céu vai tomando um vulto cinza e prenuncia a chegada das chuvas, com suas nuvens carregadas de tensão.  É a estação das temperaturas mais amenas e das águas que atingem o solo, timidamente fazendo recordar que o inverno apontará no horizonte.  As folhas, melancolicamente, despedem-se ao chão, e a vida se reveste do silencio criado pela luz que se ausente.
São tantas as dores, como se houvera um rio criado fosse sem nascente.  A vida acontecesse, a experiencia diluida, apenas a fazer crer, substrato que embasasse o momento presente.  Como as folhas que caem, não sucedendo ao Sol, que fulgurou por varios meses.
Azul, um rio, navegante, propulsor, atento às suas margens. Rodeado por verde.  Consciente à sua estoria.  Único, solitario, bondoso.  Íntegro.  Meu rio.


sexta-feira, 11 de junho de 2021

ALEGRE

O instante agora é de silencio, mesmo que haja sons

O murmurio do vento traz cantigas e perguntas

A noite inventa respostas para o brumo do céu

A vida passa, à espreita, como se já soubesse ser.


O destino dos homens é coroado de surpresas

Deleites e amarguras se derramam pelos caminhos

Frutificando as gramas de nossas incertezas 

Coroando de júbilo nossa derradeira expedição.


Palavras simples, no entorno de quem se descobre

Forte, como a terra molhada que espera o broto

Alegre, como a chuva que cai, escolhendo sua benção

Inteira, como quem nunca deixou seu paradeiro.







domingo, 14 de fevereiro de 2021

RENASCER

As linhas do papel são as mesmas, mas as perspectivas da vida se entrelaçam.

Os sentimentos se perpassam, líquidos, como se fôssem fluidos correntes ao sabor do vento.

A sanidade perjura súplica de não perdões, ou arrependimentos.  Sabe-se lá, o remorso é companheiro.

Indefinidamente, o destino cumpriu seus contornos.  E eu começo a enlouquecer.  Nada mais me resta do que o estralhaçamento de uma personalidade estrangulada pelo oficio dos dias,  e ocaso dos sonhos.

Na aposta da vida, fui perdedora. O jogo dos Olimpos não me alcançou, muito embora eu tenha abraçado a morte de uma amiga, em minha saudade, e essa ausencia tenha me preenchido caminho afora.

O trajeto de um solitário é longo, cheio de arbustos, mas é só seu.  Somente ele poderá contar sua historia, feita de fel e lágrimas pelo caminho.

E porque não sorrir, se a maior parte dele já foi percorrida.  Porque chega a noite e, com ela, as estrelas e o misterio, e depois o dia e o Sol, e já é suficiente.  Passo e fico como o Universo.

Mas eu deveria encontrar muitas lágrimas.  De todas as perdas, nao só minhas, mas de todo o ser.  E seria insuficiente.  Chorar, me banhar num leito de um pranto só meu, que não resistisse aos meus tormentos, e propiciasse sombra às minhas amarguras.

As pessoas fora de mim não mais me atingem, longe estão, como a morte, vale esse momento.  Que é tão minúsculo, transforme-se em pranto, salgado, que eu o sinta doce, como um abraço que me propicie, na mais profunda dor que não escolhi.  É verdade que as dores estão imersas num cubículo que insiste em se abrir e fechar, como um brinquedo, do qual somos reféns.

A vida é minha própria religião e escudo.  Dela faço seta, atiro ao horizonte, enxergo um pássaro ao longe, e morro a cada dia, não sem antes renascer.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A DOCE ESTORIA DE ROSA BELA

Conta a lenda de que nasceu, numa zona muita agreste, uma rosa muito bela.  Desabrochou e nem mesmo entendeu como vingou vida afora, tal a sorte de dificuldades impostas pelo caminho. Frio, água, calor excessivo, homens lhe pisando foram algumas delas, para se ter conta.
Rosa Bela entendeu, desde cedo, que sua beleza agradava aos olhos humanos mais sensiveis que não eram capazes de pisoteá-la.  Esses se enterneciam com sua cor e perfume.  Os humanos eram diferentes.  
Num dia azul de primavera, uma fada lhe apareceu aos olhos e perguntou um desejo.  Rosa Bela queria ser levada para um lugar em que estivesse segura.
-Rosa Bela, eu não posso mudar os seres humanos, mas vou levá-la para a casa de pessoas sensiveis que lhe cuidarão.
Ela gostou muito da idéia, a principio.  Mas, dai a poucas horas, ela foi arrancada do solo, e colocada num vaso com terra.  E olhava, de um lado para o outro buscando a imensidão da natureza e o céu que sempre conheceu.  Com as agrurias, é verdade, mas parte de sua identidade.
Rosa Bela decidiu-se por chamar natureza ao vaso de terra onde se encontrava, pequeno e miudo, e dedicá-lo afeição por tê-la salvo, já que era regado com palavras de carinho todos os dias.  E foi numa manhã, ao acordar, que viu algo inóspito.  Dela saia algo como um broto que, a principio, não entendeu.  
Um filho, amigo, a redenção. A doce estoria de Rosa Bela.

INCESSANTEMENTE

Sento-me com as vozes dos meus sonhos.  Escuto, ao longe, os pedidos para que se dêem as mãos, e os olhos sejam vistos.  Numa claridade breve, cristalina, azul doce, força do céu.

Que me permita tocar os pés à terra sem me distanciar de um vôo plácido, onde poemas sobrevoem por sobre águas perenes, depois dos turbilhões que se agitam como vagas.

Tocar uma harpa dedilhada pelos dissabores convertidos em mel, que desce, ao sabor do vento, sem respostas.

Sentir meus cabelos loiros, e de tudo que há em mim pulsando na clemencia de existir e ser.  Incessantemente poder me permitir ser.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

LEMBRANÇAS POR ENTRE AS COBERTAS DO INFORTUNIO

Na nau dos navegados, não existem cores
Os amores se confundem com os gritos de lascivia, e a árvore não brota seus ramos
Um semblante se emudece, e cala seu choro de menina
Num mundo que surja, sua pele não é tez, mas desafio de quem lhe renega a compaixão
Inunde-se um mar de tristezas, no seu choro calado, abafado pelo seu grito de terror
Mal sabe ela as dores que lhe virão, e as lágrimas do prenuncio ao destino.           

Tudo fará sentido, ou não, como um poliedro de várias faces
O já predestinado ao que haveria de ser
Entreguem-me mais linhas, não me cale a palavra, tanto me faltaram os sonhos
Arrancados, apunhalados e dilacerados por sobre as cobertas do infortunio
Sozinha, enxerguei Sois que não olvidaram meu futuro, que sei eu da verdade
Agitem-se mares, soprem-se ventos, a natureza não parou seus dias
Mas fui eu, crescendo, entregue à minha sorte, como um boneco, brincando-lhe ao sabor
Das intemperies e dos gozos, de meu ventre que me há dilacerado em vida
Dentro dela, seus passos soarão a morte das lembranças malditas enterradas
No desespero pela propria existencia, ainda que torpe, maltratada, assim divina.

Quando a palavra esgota o sentido, e as letras cansam os olhos, paro e contemplo a finitude
E o momento do desapego é de tristeza infinita, pois a realidade é a que se mostra
Como se nunca houvera sido outra, desde um minúsculo ponto daonde tudo começou
Ou, quem sabe, antes, entendendo a cobiça maldita, o amor renegado, e a vida que passa
Escorrida por entre dedos, caprichosamente, porque as verdades são relevantes
Desde que se a tomemos como tais, e delas bebamos seu gosto e fel.

Devolvo o lado do rosto que me foi batido, porque aprendi a desesperar em asas
O corpo da mulher que, outrora, se viu preso ao chão de algemas acumuladas
No Sol que, afora, se faz, imaginar seu grito de libertação e pintar os azuis em sua memoria
As nuvens que se passam, dormentes, em seu espirito, mostrando a dimensão do que o seja
Ou será, sem paradeiro, apenas fluindo, na sequencia dos dias, na ramagem das flores
No andar do tempo, que não esconde seus segundos, e por isso sempre certo está.

JA NÃO HEI DE JAMAIS BUSCAR

Quando o lancetar feito um punhal em brasa
E o coração das pessoas alcançar o alvo dos seus sonhos
Aquietar e deixar-se os pingos de chuva cair.

Os tormentos do outrora clamam as desilusões
Lindas auroras tecem madrugadas inacabadas que nem murmuram
Seus sentidos fenecem de carencias, por entre desalinhos.

Valem-me as flores, escuto seus silencios
Perfumes de outrora, ao estar na poesia, sem lembrar
No sonho, desejo, vontade do mais que ser no orvalho permitido.

Aqui, só, é um lugar, no que somente faço um jazigo de recordações
Infinitos propósitos de amarguras definidas, num descompasso
Me enlaço a anseios que já não hei de jamais buscar.