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sábado, 29 de fevereiro de 2020

INFINITO DESEJO

                                                labios 

                                                        sedentos
                                                                     declamam
                                                                                   meu
                                                                                         infinito
                                                                                                   desejo

domingo, 23 de fevereiro de 2020

A MINHA VOZ, POR PAULO FREIRE

Em 1921, Pernambuco, nascia Paulo Freire, educador brasileiro, considerado um dos maiores pensadores da pedagogia mundial.    Por seu empenho em ensinar os mais pobres, tornou-se um modelo inspirador para gerações de professores, mundo afora.
Ele prega que a educação não seja neutra.   Ela pode ser um instrumento que permita a interação com a ideologia e manutenção do sistema vigente.  Numa outra perspectiva, pode ela tambem ser libertaria, na medida em que a sociedade, criticamente, atue com os dados da realidade, na tentativa de promover mudanças estruturais.  
Eu, Freire, coloco que há, claramente, uma tentativa de se calar a voz humana.  A escola sem partido é o derradeiro estímulo para que não haja produção do pensamento, principalmente entre a classe mais desfavorecida.   Ao pobres, a total ignorancia e, como resultado, sua capitulação àqueles que os mantêm reféns, por não lhes oferecerem alternativas.   Oprimidos se tornam amordaçados por opressores, num processo que nos levará a um retrocesso socio político sem precedentes.
Quiçá a reputação mundial que, modestamente, adquiri, possa exercer alguma forma de pressão para que possamos deter o obscurantismo que se abate sobre o Brasil, especialmente na área da educação.
Hoje, agradeço. A escola de samba Águias de Ouro, em São Paulo, venceu o carnaval, e me elegeu, honrosamente, como seu tema.  É nossa esperança de que o Brasil esteja mudando.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

AOS HOMENS QUE SANGRAM NOSSOS CORPOS FEMININOS

Mulher, criança, na poesia de um sonho, abafando seu grito
Calem-se vozes, e escutem seu lamento
É o destino não premeditado, das almas já cansadas
Dos corpos não respeitados, em sua virtude concebida.

Desesperemos, são nossos gritos acumulados pelos tempos
Vividos ao longo da historia, que nos atravessa
Como um punhal, que se corte a carne, ao seu destempero
Emudecendo nossos corpos, relutantes por viver.

Levantemos nosso brado, por sobre o sangue que jorre
Que se valha a pena, a cada corpo mutilado
Rasgarmos a morte por conivencia, na mão de algozes derradeiros
Derrotá-los, destruí-los, e libertarmos nossas vidas encarceradas.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

ENLOUQUECENDO POR UMA PAIXÃO - BVIW

A beleza é um atributo da alma, que por vezes se perpassa aos olhos do prometido.  Há os de que, dela, se imbuem, e a carregam vida afora.
Nasci em 1955, e vejo, à minha volta, tiros de canhão, flores, Beatles, filmes de Fellini, e hippies. 
Menina de olhos azuis dourados, esses são os anos setenta chegando, voe alto...
Quando François Truffaut, em 1975, me ofereceu o papel de Adele H, não hesitei.  Seria meu momento de derradeira entrega.   Adele H vive uma obsessiva paixão não correspondida por um oficial militar, o que vai lhe tomando todas as suas defesas, até sucumbí-la, por completo.   Ao aceitar contracenar, tinha vinte anos somente, porém lapidados com fôlego emocional.    Eu cresci, e Adele H se materializou.
A Historia de Adele H segue sendo meu trabalho mais referendado, e é lindo que tenha sido o retrato de minha mocidade.    Mas guardo, com carinho, tantas outras atuações, em que tive, por honra, o mérito de atuar.
Meu nome é Isabelle Adjani, francesa, de origem alemã e argelina, que não calou contra a discriminação feita a colonia, fazendo clara a minha voz.
Isabelle, e sua beleza etérea, inexorável.  Que só possa se encaixar em, nada menos, do que um filme de Truffaut, aos seus 20 anos de idade, enlouquecendo por uma paixão.
A lingua francesa nos facilita o sublime e concede o som.  Isabelle.