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sábado, 24 de agosto de 2019

FLUTUAR NO ETÉREO

Andando por um fio, onde meu equilibro é caminho para a frente, porque não há outro rumo.  Não posso parar, pois meu peso significa a renuncia.
Imagino meus pés titubeando, e meu corpo se contorcendo, eu, de branco, cabelos a esvoaçar.  Sentimentos à prova, no caminho posto ao contato com a solidão.
Meandro suave, fio tênue, proposta em vida, meu desejo é seguir, e aqui me faço andando, sou eu à frente.
Daonde se vai, não há perguntas, pois o curso da vida e caudaloso, muito embora pareça um pequeno filete de agua, por isso mesmo tao dificil a ser transponivel.
Tanto se me faz a metáfora.  Nao ouço vozes. Vou-me.  Basto-me, porque possa ser esse meu derradeiro desafio e expressão de minha força.
Todos os medos presentes.  De todas as memorias que insistam em não me abandonar, e os crédulos que acompanharam minha existencia.  Poderia eu caminhar nua, despir-me de todo, num anseio pela redencão total.  Macular minhas unhas, raspar meus cabelos que, tão levemente, se curvam ao Sol.
De nada pesam.  Deixe-mo-los voar, parte de mim. 
Somente ao branco, alvejado de poesia, conteste de solidão, entrego hoje meu marco, fazendo um aceno doce ao amigo.
Quem sabe nos encontraremos num outro porto, quem sabe mesmo hoje.  Tudo depende da cadencia do meus passos, e da saudade dos ventos.  Eu sou uma mera protagonista.
O dia urge la fora seu silencio, e eu o completo dentro de mim.
Sejamos paz, ainda que por um momento.
Doce delirio das naus, que apontaram para o mundo dos homens, fizeram suas curvas, e continuaram mar adentro, buscando novos azuis. 
Vida que chegue e traga, num compasso um destino incerto, permeado pelo branco, sem mais nada que o defina.  Flutuar no etéreo.

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