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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

SILENCIO

Exploda-te em meu corpo em pedacos, peço-te

Arranca-me das entranhas o sentimento retido

A ansia acumulada, a frustração reprimida

O gozo contido, a lágrima que não brotou

A fala que não soube dizer porque as palavras

Não se bastaram, alcançaram seu propósito

Arranca-te a vida que habita meu ser

E se transforma em dor a cada eco

Aos murmurios do Sol que bate

Nos prenuncios de uma nova estação que chega

Em rompantes do fulgor de um novo tempo

Que me atravessa, consome e pede

Para ficar em mim, que da vida ensaio

Os sopros de virtude, no meu corpo cansado

Na minha alma que chora, num reduto 

Longíquo, na minha procura, que se faça silencio.


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