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terça-feira, 22 de setembro de 2020

AINDA ASSIM SOU ALGUÉM ( PARA FERNANDO PESSOA )

Um eco surdo retomba em meu peito e retorna como uma onda

Sons que se criam, destemidamente, fortes, potentes, e se esvaem

Como num suceder de tambores, tão e mais potentes

Desafiando o Sol, o canto tímido dos pássaros cá afugentados,  

Sabendo sua melodia, sem mais.  Sentar-me desse lado

Vivendo essa dicotomia, da cidade, o asfato grosso e imperdoável

Palpável na sua incongruencia, alheio à solitude dos cantos

Preso à pressa, atirado no lodo, desvirtuado de valor

Os pássaros ensaiam qualquer melodia, permutando sua existencia

Lânguida e sem temores, viva e cheia.  Correta, haveria de ser

Nela me preencho, pois meu instante de dúvidas pertence à sua música

Do que me sobrou, um suspiro do que ao exista nome, o singelo

Mais do que a natureza, um encontro vivo, sem pensar

Apenas sentir, sem medo, ou desafios, ou querer, sendo eu mesma.

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