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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

DOCE ACENO DE DESPEDIDA ( AOS TRENÓS DO NATAL )

Por onde prescruto, uma incrivel sensação de vazio.
Meu corpo reage imóvel a qualquer tato, e meu coração esta sombrio.  Acabaram-se as palavras, que levaram, com elas, a esperança.
Não sei o que me aguarda, nado ao leu. Sobrevôo as passagens de rios, passo e fico, como o universo. Do qual você fêz parte, insistentemente o porquê.
Momento de dor nao menos do que uma paixão nao correspondida.  A todos que me leiam, não venci, porque só sei estar sozinha.
O misterio íntimo das coisas é elas não terem misterio nenhum.  Alberto Caieiro, em seu Guardador de Rebanhos.  Em sendo Deus as árvores, os rios e as flores, se apresente a mim como tal.  Pois a vida um sucedaneo de desencontros, que eu aprenda a minha derradeira verdade, sem o sofrimento que Pessoa não enxerga, no seu mais puro existencialismo.
Que por um momento efêmero, desejei.  Com todas as minhas forças, e sem subterfugios.  E sofri a dor da magoa e perda.  Das palavras que feriram, e do punhal que cravei.  Dos sentidos não vividos, cumplicidade esgotada, sem arrefecer.  Até me bastar pelo sacrificio da não duvida.  Não há como descrever o sentido de um fim que se orienta para a morte, destino de todos, mais proximo de alguns, pelo menos em tese.
Foi cumprida uma sentença em uníssono como o viavel, expectante da banalidade do que é o ordinario habitual.  Sem maiores amizades, trocas e enlevos, e o resultado é medo.
De seguir ou ficar, por onde me encontre, as barreiras da solidão me sufocam e fazem tremer. Meus sonhos de garota se diluem frente à realidade que bate à porta, e cobra o viço do meu corpo, a sede do meu desejo, e o conforto da minha ternura.
Não posso ser o que não sou, menos talvez transgressora.  Porque não a mim a mesma fatia da felicidade, mas sim um relogio que clama o silencio de meus dias.  Eu, inerte, contemplando o amanhã árido de sonhos não vividos.
Porque a presença da não coragem nas minhas escolhas ?
Não encontro palavras, porque só as tenho no papel.  Junto a um gigante que, como um Deus dorme, assim termina Pessoa.  Perto do seu candieiro que se apaga, e as janelas cerradas. Muita paz para entender o obvio.  Devemos nos bastar a nós mesmos.  Os sonhos são criacões dos sentidos que, por sua vez, misterio algum carregam.
Ainda assim, quero chorar sobre o ocaso, embora minhas lagrimas estejam secas.  Voltar a acreditar no sorriso de uma lembranca, talvez.  Poder me permitir sonhar, o que nao aconteca.
Caminho para a morte, extremamente viva, que me chama.  O tempo vai avancando seus tentaculos pelas sobras do meu ser, a quem chamo vida.  E e inexoravelmente pontual e fatidico, sem me deixar opcoes.  Nao me perguntara a que vim mas, simplesmente, erguera um foice na hora marcada, e deixarei o mundo dos homens, tao somente eu quando o adentrei.
Brinquei com um sonho de inverno, no presente que ganharia de Natal.  Nao o vi a minha janela nem, tampouco, me esqueci. Cultivei-o, dentro de mim, como uma boneca que busca seu nome, na ingenuidade de uma menina que nao fiz crescer.  Agora vejo-o, ja ao longe, partindo e, nem menos, tenho forcas para lhe acenar uma despedida.
Acabou-se o Natal, os trenos e a neve.  No hemisferio sul, e verao, e tudo acontece.  O mundo parece gigantesco, quando a geografia e medida a palmos.  E as vozes, que nao calam, ha muito abdicaram de seu direito de viver.

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