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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

AS LÁGRIMAS

A dor no peito lança chamas.  Eclode num pranto de uma recordação aguda, intensa, fotografia do passado.  Lamento que dura alguns minutos, não suficiente para estancar as raizes do sofrimento.  Como se pudéssemos removê-lo.  Ele é árvore fincada, que produziu frutos de amargor vida afora, com seus retratos do momento, outrora fosse hoje, inacreditavelmente concebido.
Porque choro ?  A inutilidade das relações desgastadas e mortas, completamente adoecidas.  A proximidade da loucura que me conduziu a um ato não menos, inacreditavelmente, despojado.  Há momentos em que decisões são tomadas sob o fio da navalha, parcos vestigios temos de nossas existencias.
Os prantos têm a propriedade de acariciar nosso coração e nos conceder um indulto. Resgatam-nos nossa fragilidade e pureza, e regam as flores carentes que se perderam, em nosso caminho.  Fazem companhia à nossa solidao, e se bastam.  Sao belos.
Almejaria eu chorar muito. Uma fonte de lágrimas, talvez muitas horas.  Expurgar as areias movediças que enterram sentimentos acumulados, e trazê-los à baila.  Deixar vívido o momento do corte feito à carne, eternamente vivido com magoa e surpresa dos sentidos, e com o remorso acumulado da consciecia pendente.
Os prantos são escassos.  A dor que se esvai, incontida em soluços, acontece parca, embora redentora.  Vem como um jorro de absolvição, e é bálsamo, sentido em meu corpo.  Ousaria eu querer mais, sempre.  Lágrimas, caindo, escorrendo, por mim.  Que não me deixassem.  
Eu seria livre com a tristeza das lágrimas.  Elas são parte do meu corpo.

 

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