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segunda-feira, 1 de maio de 2017

PRANTO SUFOCADO

Indo embora, sobrem lágrimas.  Tão longas quanto meu sofrimento, ou pequenas para enfrentar a dor.
Deixem meu murmurio súbito enfrentar seu leito de morte, o gosto amargo do pranto, pela injustiça cometida contra os homens.  Sem chorar, o perdão é por mais uma lágrima deslavada, e seu murmurio incerto, num rosto que desaprendeu a chorar.
Tente, ao menos, num derradeiro instante de ternura, o quarto escuro, na penumbra do desconhecido, o amor que se foi ao longe, a insensatez dos que cobram o racional.  Nada a esperar, que não seja o murmurio das ondas, na empatia que só a natureza consentirá.
Sentindo seu cheiro, pensando em você e em todos os espelhos do mundo, refletidos em mim, sou fantoche.  Ando à espreita, procurando o nada que se faça conteúdo, o incerto que percorrerá minha vida até meu leito de morte, por cima uma aura que fira a brisa miuda dos momentos de emoções.
Viajo nos sonhos que tem encontro às lagrimas, e as pulso dentro de mim, na certeza e na coragem, e no pedido para ser.  Libertem-me, deixem-me chorar, pois não há pulso mais forte do que a não entrega dos sentimentos.
Nave mãe, perdoe-me se subestimo minha forca, mas só posso fazer guardar as lembranças em algum canto de memoria, para nunca mais voltar.
Resta-me farta ao saber, eu, que desapareço faço no horizonte, para voltar depois de jogadas as cinzas ao chão.  Um dia voariam, por sobre a espiral de um tempo que já corre, pedindo minha existencia viva.
Fica em seu sentido, deite-se sobre a eternidade, o momento é outro que não pedir adeus.
E a ternura, incomodada pelas mãos do destino, e um choro calado, esmiuçado pela covardia em não se expor, símbolo proprio do medo a solidão, átimo em si, só de grandeza.
Quero encerrar, sem o conseguir, travestindo a magoa, superando o desapontamento, vestindo a utopia de um azul indefinido.  Para nunca mais voltar, a todos os rostos que signifiquem realidade.
Um choro que não está, desaparecido nas entranhas do meu eu.  Faça-se vivo, forte essencia, e me torne sentidos.
Pranto deslavado, sufoque minha garganta oprimida, e serei apenas eu.
Sem não mais ter, sofrimento acabado do fim.  Adeus.

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