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domingo, 30 de abril de 2017

IDA E VOLTA ( ESTROFES DE UM AMOR IMATURO )

Mais uma vez tenho o título, muito embora as palavras não engendradas.  E, dessa vez, voce não as lerá, presumivelmente.
Não nos atravessa um oceano de mares, tão somente o de emoções e realidade.  Mesmo assim, sonhei, me antagonizando as certezas de que a vida escolhe momentos, e não os substitui.  Sem a certeza de nada, que não fosse a ausencia de lhe reencontrar.  Num ato mínimo de coragem, e abertura ao novo.
E assim me olho em volta, e vejo malas a fazer, e a consistencia de um bilhete marcado.  Vou-me, tão quanto idas significam abandonos e locais de partida.
Como tantos sonhos efêmeros, esse é um retrato distoante.  Não olharei mais seu rosto, numa sensação longiqua de que tudo desaparece no horizonte, como seu sorriso, loucura, ou você dentro de mim.
Macio, o toque das recordações se assemelha a um pranto chorado leve, em que o valor da saudade é único, e muito mais veloz do que o tempo.  A significação da perda um maciço que se choca ao chão, adribuindo-lhe a sensação de morte, qual uma pequenina esperança de um contexto volátil. Tão quanto a breve união do meu corpo ao seu, do qual, meramente, conheco a geografia.
Tudo se perde numa espiral, e desce à terra, como o pó que se esvaiu.  Essa viagem significa morte, de vivos que não retornam mais em seu adeus, e eu, caminhando por sobre um jazigo tão indesejado, em minha memoria.
Mas você me acena, de muito longe, pedindo para que eu me vá, e não sofra.  Dificil, pois ainda sonho, no concreto das minhas aspirações, eu, tão menina, sonhadora, criança.
Para não mais ser, não ha culpados, nem, tão pouco, vítimas.
Resta-me arrumar as malas, e partir, como partido estêve meu coração, desde o momento em que lhe conheci.  Ou, pelo menos, nesse momento, em que enxergo a liberdade da solidão, sem medo.
De você, guardo um par de frases, lindas, emblemáticas, talvez dirigidas a mim, frutos de outro momento.  Em que voce era meu leitor diario, e eu me deleitava tanto ou mais, a me olvidar de mim mesma.
A mesma escrita que nos uniu, separou, porque eu não acreditava nas correntes das minhas linhas, e queria que esquecêssemos juntos as páginas que fizeram nossa estoria.  Para depois estar aqui, tão perto e longe, separada por um número telefônico, que não me ligou a você.
A proximidade torna a distancia ainda mais inverossimil.   E é assim que celebro a minha volta, sem esse contato que nem soube sonhar, como se fora diferente pelo breve caminho em que minha vida cruzou a sua.
A vida é dos que têm coragem.  Para viverem suas ilusões de peito aberto, e não mascararem a rotina dos fatos.  Dos que gritam contra a mediocridade, dentro de si mesmos, e não abrem mão de seus momentos de felicidade, tudo esmigalhadamente triturado, uma viagem só minha, com direito a passagem de ida e volta.
Vou-me, para onde meu lugar seja a incerteza do futuro, um pranto parado na garganta.  Sobra-lhe a vida a galgar por entre anos de juventude, do que realmente tenho ciumes.
Enterro, como farei, recordações do passado, sem perder o gosto pelo bom que ja se foi, e a dor do que houvera não sido, no não se permitir de cabeças veladas.
Faltou amor, paixão, o tudo. Faltei-me, sem mais, para nunca mais chorar.
Próxima partida.  Eu, que já me fui.

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