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segunda-feira, 25 de maio de 2020

SOLIDÃO

Tudo passa, é ventania e sopro, menos as letras que se fundem, tomam corpo e se assentam, nas linhas de um papel.  Os sentimentos se debatem e sobrepõem, compondo um poliedro de mosaicos, refletindo suas faces embaçadas pela sanidade.
A vida se impera, e não larga, nos sentidos que insistem em pulsar em desespero, na derrota ou sobrevivencia, sofrer que exale o sangue que ainda não jorrou, pois sucumbir ao desejo do corte na carne é a experiencia da dor, que se entregue como mantra do ser vivo.
Pois soube, um dia, plantar uma rosa, não saberia eu dizer com que mãos de que áridas terras de desamores tocados, meu corpo jovem estilhaçado por tanta dor, como se, depois disso, me fosse dada a benção de amar.
Destino articuloso, prometendo-me as palavras, ao salvar a loucura, trazendo-me as letras, abrandou a solidão e reconfortou um pouco meus espíritos em fogo, deixando o pranto infinito, mas solidario, e a tristeza que não cabe em nenhum escrito de linha, que todas serão.
Só se abranda o coração quando se lhe toca a dor como ancoradouro, que ali fica, respirando a manhã, comungada ao horizonte, fazendo-se vida e vazio.
E de todas as dores, a maior é a do infinito, do que já partiu ou morreu, que desceu à terra, e nem mesmo a incompreensão humana pode atingir.
Uma dor tão grande que pertença tão somente a essas letras e a esse momento, pois ninguém as merece.
O caminhar de um solitario faz-se devagar, e tem a si como companhia.
Do nascimento à morte, é o seu aprendizado, e seu último legado.




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