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quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

DAS MORTES QUE, POR VENTURA, CAUSEI

Não existe pecado para a dor acumulada
Somente a palavra torpe de usura do rico
Cabe, na estrada, a oferta ao pão do miserável faminto
Que, a ele, os olhos da luxuria não contemplaram.

Segue o homem, animal, em suas estranhas, enlouquecido
Atiçando o porvir, derramando os sangues da inocencia
Explorando as carencias, matando os desejos
Rejeitando as sinas dos desafortunados, no ocaso dos sonhos.

Eu resisto, a natureza me contempla, e agoniza um murmurio
E a dor lancitante, cravada a ferro por sob minha alma exposta
Querendo sair, em seu poder fortuito, dentro do dia que amanhece
Das noites que já foram escuras, e das mortes que, por ventura, causei.

Vou-me, do sonho, estremeço os gemidos e, deles, extraio a sorte
Dos agonizados, o subterfugio do viver, nada mais do que um sopro
Dos rendidos, a propria sina da morte, expressa pelas bocas relutantes
A vida se sobra, soma, extingue, e nada mais restará do que o seu lamento.

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