Tateando as vozes do escuro, se preciso fosse, somente uma respostra encontraria.
Não sei do que sou eu, sem meus fantasmas e fantasias, e lúdicos sonhos do que o, supostamente, não o é.
Remetendo-me a figuras, seu rosto me aparece, em perguntas. Pelo simples desejo do não apego, opto em olvída-las. Na sensação de um tempo que se passou, dividindo-se nas metáforas da existencia.
Ano que naufraga, caudoloso em seu rio, do qual extraio as reminiscencias do ardor vivido, e da realidade desencontrada.
Símbolos de fuga, não mesmo dentro de mim mesma, correndo pelos espaços da procura de um abrigo entre as sombras das dúvidas que virão, e meu eterno porvir, pelos acalantos que ja não mais existiram.
Fecho-me ao meu redor, e indago da vida somente o posto, sem desalinho. À mercê de um futuro que grita, em lágrimas que não me consumam. Deixem-me viver os momentos como se fôssem derradeiros, ainda que predestinados. Subir aos montes, e de lá ver uma grande paisagem que se oferte, segura e calma, sem ecos de resposta.
Apenas viver, no somente o óbvio, sem grandes sementes de tristeza, ou ventos fortes de alegria. Numa nau balenceada à procura do horizonte, sem apego aos humanos, ou a nada que se me desfaça.
Como mulher, mãe e ser humano, única, presente nas viagens inconscientes, nas quais à deriva não ouse abarcar. Tendo sido, e sempre possa, um poema de menina. Para cantar o belo, que insista em se disfarçar em breve lamento, ja não sem medo.
Mais um ano que se termine, em sendo inteira, bússola que desafie minha razão de ser. Estendam-se as mãos de fora do pensamento e da utopia realizada, e continuarei meus passos, vagos, por ora, ou certos na sua posse.
Finde-se ano, e louvarei a mão do destino a me trazer força em construir meu arado. Saudarei aos velhos anciãos, ja dormindo em suas covas, e nao me esquecerei do trajeto intransponivel que me levará à morte.
Assim, e sendo, nada mais faço a contemplar minhas palavras doces, das quais extraio um infindável senso estético, que me perpassa.
Do muito que olvidei, me calo. Das tristezas acometidas e o peso da existencia, me faço leve e fluida, como uma pluma que se desloque, indefinidamente por seu redor.
Morri nas vezes em que nasci, mas ainda escrevo e perjuro lágrimas. Foram-se muitos, e o mundo se acovardou. Eu sobrevivi ao opio de uma geração estarrecida, mas cheia de sonhos. Ao mal que a mão do homem projeta em seu semelhante. Aos cursos infindos de maldade e destruição.
Dancei uma valsa, e bebi o fel dos velhos. Apostei na corrida dos tempos, que reproduzem minutos, velozes.
Estarrecida, contemplo a vida que segue. Farta em minha mesa, não a sendo mundo afora. Feliz pelas flores que vejo, à minha frente. Sempre em contradição com meus sentidos que mentem, e a covardia do valor em ser humano.
Devo concluir, assim como se encerre esse mais ano, sem derramar palavras de alento pelo papel. Clamando amor e justiça, eu, que sei tao pouco.
A ouvir as vozes do silencio, a mim e, tão somente, me bastar.
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