Pequenina era para entender o que se dava à sua volta, mas intuia seu futuro.
Aquele homem a levaria de sua casa. Bordados no vestido branco artesãs teciam, e atitudes de reverencia lhe ensinavam. À ela, uma menina, flor que se olvidava, dia após dia, do seu sorriso de criança.
Prometida estava ela ao casamento, escutou-lhe a palavra, reta final do seu destino marcado.
Aquele cantinho da casa ouviu, mais uma vez, o lamento, e dele ela obteve a palavra final.
Naquela noite, enquanto todos velavam o sono, ela tomou as roupas do irmão, vestiu-as, e ganhou a rua. Correu, até que a liberdade desfalecesse seus sentidos, em meio a noite que dormia. Acordou, e procurou abrigo, iniciando os capítulos de sua vida derradeira.
Acabou por se encontrar em um povoado, daonde se fêz pedinte, aprendiz e sobrevivente.
Foram-se os anos passando, e um bom homem, para quem trabalhava, a acolheu em sua casa, como a filha que, outrora, lhe haviam negado ser.
Sua identidade, ela nunca revelou. Ninguém soube de que se tratava de uma moça, pois ela conservara a aparencia que a fizera resistir às intempéries.
Pensava ela de que a vida não lhe havia dado escolhas. No dia em que em se casou com a liberdade, somente o seu coração saberia de que ela era uma mulher.
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