Se justiça fosse feita, as pessoas poderiam pensar. A elas caberia o beneficio da dúvida.
Não existiriam grandes corporações, nem teríamos, eu e você, brigado.
Caso as forças fôssem as mesmas, a natureza não se revoltaria contra alguns, deixando outros incólumes. não saberia de seu câncer, porque voce estaria pura.
Justiça houvesse, e não haveria becos soltos, e a agonia de quem já acordou para um grito. Porque, no mundo dos homens, vale o arbitrio de quem já é predestinado.
A juventude conheceria seu ardor, a diferença sua singularidade, e o pobre não seria apenas mais um. Carentes de espirito são os que se sintam privilegiados, acossados do alto de suas certezas. Magnânimos, se ousam ao direito de cercear e prenderem sonhos.
Mas ao sonho nao existe dimensão. Ele não tem corpo, e por isso só está. Pode ser alimentado por acalentos de sangue, mas sobrevive e não morre. A presença física de torturadores não aniquila o pensamento, muito menos apaga as vozes do amanhã.
Seu cancer não valeu de nada, porque não obscurece seu espírito. A todas as crianças que não vão conhecer seu futuro, um pedido para que se pare. Escute-se o ruido da vida, que já caminha, imberbe, por entre as fronteiras do não conhecimento.
Mate-se um sonho, mas ele nao esmoecerá. Demorará anos, mas surgirá como um cálice, pronto e aberto a receber.
Aos que ouvirem vozes que não se sabem existentes, o não perdão. Aos usurpadores, caladores do senso comum e traidores da raça humana, o destino e o silencio de um jazigo. Onde todos se encontram, alguns em flores que não são minadas.
Que não se pratique a injustiça e o desamor. Que se conservem viventes os pedidos para que sejamos livres. Não há dúvida maior do que a de quem pensa que não a tenha.
Amanhã é um outro dia, e não será de alegria. Mas tampouco de tristeza, porque haverá a luta de quem dormiu, e chorou. Daquele que não respeita os senhores que adestram o gado, na furia de controlar suas ambições desmedidas.
Haverá um amanhã , para cada injustiça cometida e dor acumulada, porque a história a tudo vê e a nada se cala. Traça seus sinais, e não os esconde às novas gerações.
A cada golpe desferido, maior será a dor dos que o cometam, e também a alma dos que o vivam.
Lembrem-se das palavras, gestos, ternura e solidariedade. Abram seus olhos, e gritem forte um coro de união. Um país abalado em suas convicções, mendigando um pouco de igualdade.
Não o permitam que se vá. Respeitem o sonho de que um dia já se foi.
Em nome de uma parte presente em cada um de nós ou, ao menos, dos que saibam cultivá-la.
Choremos pelos nossos erros, mas conservemos nossa dignidade.
A cela de uma prisao e lúgubre, triste e abandonada. A ela bastariam seus algozes.
Deixo-o viver.
Simplesmente fabuloso... Amei... ❤
ResponderExcluirMuito obrigada, Beatriz. Vindo de voce, uma maestrisa das palavras.
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